Sinopse

"Neste espaço encontra-se reunida uma coletânea dos melhores textos, imagens e gráficos sobre o futebol, criteriosamente selecionados e com o objetivo de contribuir para a informação, pesquisa, conhecimento e divulgação deste esporte, considerando seu aspecto multidisciplinar. A escolha do conteúdo, bem como o aspecto de intertextualidade e/ou dialogismo - em suas diversas abordagens - que possa ser observado, são de responsabilidade do comentarista e analista esportivo Benê Lima."

segunda-feira, julho 11, 2011

Arenas brasileiras: um desafio para seus gestores

Planejar e executar a comunicação com a torcida é um grande desafio para os administradores das futuras arenas
Matheus Braga

Maquete da nova Arena Castelão, em Fortaleza

Nos últimos meses, temos visto muitas notícias sobre os estádios que serão utilizados na Copa do Mundo de 2014, no Brasil. As notícias, em sua grande maioria, tratam sobre a construção dos estádios. Licitação, atraso nas entregas, valores acima do estipulado pela comissão brasileira em 2007 (quando ganhou o direito de ser sede), são os principais assuntos que vemos reproduzidos na mídia.

Mas, por ora, não vemos os jornalistas, torcedores, dirigentes de clubes, governo e administradores das arenas, preocupados com uma situação: a comunicação com o torcedor.

Especificaremos mais. No Brasil, nenhum estádio está apto para ser sede da Copa, por isso, os que serão, passam por reforma. Os outros continuarão antigos e com os problemas já conhecidos pelos torcedores brasileiros. Mas então, como será essa "transição de ambiente" entre um estádio antigo e o outro novo? O que quer dizer "transição de ambiente"?

Vamos exemplificar usando o Pacaembu e a Arena Palestra Italia. Imagine um torcedor que em certo domingo vai ao tradicional estádio municipal, que possui alguns banheiros químicos pela falta de sanitários comuns disponíveis, nenhuma higiene, torcedores urinando no chão em dias de clássico, nenhuma orientação dentro do seu espaço, nenhum lugar disponível para se alimentar, sem cadeiras visivelmente demarcadas, e no outro domingo esse mesmo torcedor vai a um estádio novo, com vários banheiros disponíveis e novos, opções para comer, cadeiras novas, tendo o direito de sentar no lugar comprado, etc.

Há uma grande diferença de ambiente. Utilizamos a Arena Palestra Italia como exemplo, pois está sendo construída com investimento privado, logo, a WTorre*, construtora do estádio, irá administrá-lo e desejará obter receita oriunda do mesmo. Dessa forma, é necessário se preocupar com esse "choque de ambiente". Mas estão se preocupando? Quais são as ações que estão tomando hoje para que o torcedor saiba qual será a diferença entre os estádios?

Vale lembrar que a grande maioria dos torcedores não sabe como é um estádio de primeiro mundo, moderno. Os gestores devem planejar uma comunicação com os torcedores o quanto antes, se possível. Sabemos o quão difícil é mudar a cultura dos povos. No Brasil, não temos o costume de sentar no lugar demarcado no ingresso, por exemplo, até porque é algo novo para nós, mas com a Copa, isso será obrigatório durante os jogos.

Os torcedores brasileiros não estão acostumados com isso. Não podemos deixar essa responsabilidade apenas nas mãos dos orientadores dentro do estádio nos dias de jogos. A comunicação deve partir dos organizadores, administradores dos estádios, pois utilizaremos os estádios após a Copa.

As pessoas tomam atitudes diferentes em lugares diferentes. Temos exemplos externos ao futebol. O Metrô de São Paulo é bem mais limpo e conservado do que os trens da CPTM. As administrações são diferentes, mas os serviços prestados são os mesmos. Atualmente, o Metrô faz uma comunicação com os seus usuários, tentando conscientizá-los de que a higiene e a conservação dos trens também dependem dos mesmos, com cartazes dentro dos vagões e com o condutor do trem falando ao microfone. É uma ação que visa uma melhora e que só saberemos o resultado depois de um tempo. Mas a tentativa é extremamente válida.

No futebol, caso não seja feita nenhuma ação de instrução pré-Copa com os brasileiros, como será o pós-Copa? Voltaremos a utilizar os estádios como utilizávamos antes? Depois de um ou dois anos, com banheiros sujos e pixados? Os estádios novos ficarão velhos em quanto tempo? E o legado que o governo brasileiro tanto menciona que teremos por sediar a Copa do Mundo?

A internet está cada vez mais presente em nosso cotidiano. Poderíamos usá-la fazendo vídeos comunicativos, mostrando como serão as Arenas, quais suas possíveis particularidades, entre outras coisas.

É com isso que precisamos nos preocupar. É muito difícil mudar uma cultura, ainda mais em pouco tempo. Por isso, governo e administradores dos estádios privados precisam agir o quanto antes, para que possamos não apenas realizarmos um grande evento, como é a Copa do Mundo de futebol, mas também deixar um legado verdadeiro e positivo para nosso país e para a modalidade brasileira.

*Tentamos contato com o WTorre para consultar se planeja alguma ação de comunicação, porém, não tivemos resposta.

Contato: http://www.twitter.com/@_mbraga

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Benê Lima