por Universidade do Futebol / Paulo Franco |
O futebol constitui-se num veículo para uma série de representações da sociedade brasileira, permitindo a expressão e vivência de problemas nacionais. Ele transcende sua qualidade esportiva, criando relações sociais e identidades, bem como representa um forte universo simbólico. Identificar os caminhos pelos quais o futebol constrói essas identidades, especificamente através das nossas crianças é o objetivo deste artigo.
Segundo alguns historiadores, o futebol pode ter sido originado no Japão, através do Kemari, um jogo de bola que se disputava ali no século V antes de Cristo. Logo, no século V, havia o cálcio italiano, um jogo muito parecido ao futebol que se jogava nas praças públicas italianas. Os romanos jogavam com a bola, a esferomaquia, palavra que deu origem à bola. No Caribe também jogavam um jogo parecido ao futebol chamado batú. No entanto, o nascimento do futebol, como o conhecemos hoje, pode datar-se de 26 de outubro de 1863, dia em que começaram a definir as bases do futebol que conhecemos. E constituiu-se a Associação de Futebol, entidade que rege o futebol inglês até a atualidade.
O futebol é uma linguagem universal de milhões de crianças no mundo, , independentemente de onde sejam, o idioma que falem, ou a religião que sigam. O jogo não é um privilégio, mas um direito fundamental das crianças, de acordo com a Convenção dos Direitos da Criança. O futebol desempenha um importante papel na preservação desse direito infantil. O denominador comum é a bola, com a qual eles brincam numa quadra, no campo, nas ruas, em acampamentos, estacionamentos, ou até mesmo (para o desespero de muitas mães) na sala de casa.
Na etapa de crescimento, as crianças desenvolvem condições ideais para treinar a habilidade. A partir dos 5 anos de idade, a maioria das crianças está preparada para dar seus primeiros passos no futebol. Adaptam-se aos movimentos e podem apresentar melhor coordenação. Bem controlado e com uma adequada preparação, este esporte pode contribuir com grandes benefícios:
- Aumenta a potência muscular das pernas.
- Melhora a capacidade cardiovascular.
- Estimula a velocidade de reação, a coordenação motora, e a visão periférica.
- Contribui com aumento da densidade óssea femural.
- Aumenta a potência do salto.
- Aumento dos níveis de testosterona, o que fará com que se forme mais tecido muscular.
- Oxigena o sangue.
Além dos benefícios citados acima, o futebol sociabiliza as crianças, e lhes insere no importantíssimo processo de trabalho em equipe. O esporte melhora sua relação com os demais, e lhes dão mais segurança em si mesmos.
Mas para de fato o futebol passar para nossas crianças tantos benefícios como os pontuados acima, ele deve ser ministrado por profissionais capacitados da área. Segundo João Batista Freire (2006), “escola não é rua e nunca será demais repetir isto. Professores são profissionais especialistas em ensinar e devem se orientar por ideias, teorias, princípios”, levando em consideração os conhecimentos trazidos pelos alunos. É preciso ensinar futebol bem a todos. Todo processo pedagógico exige paciência, e no ensino do futebol não seria diferente, mas se ensinarmos com paixão e disponibilidade, os alunos mostrarão habilidades para jogar futebol, mesmo que elas inicialmente estejam “introvertidas” no aluno.
O Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância), reconhece que o futebol é um instrumento educativo valioso que pode ajudar as crianças a superarem traumas e frustrações. Crianças maiores podem recuperar a infância perdida através do futebol. O Unicef utiliza o futebol de muitas formas e em muitos países, para educar as crianças em suas relações com os demais, diverti-los, a protegê-los da violência, dos abusos, e de outros males. E, para esse desenvolvimento é necessário um profissional capacitado na área e disposto a oferecer seu melhor.
Esse profissional também promoverá atividades onde os alunos aprendam a conviver em grupo, construir normas, discutí-las, concordar e/ou discordar, fazendo com que dessa forma haja uma rica contribuição para seu desenvolvimento como cidadão. Como exemplo, ao discutir sobre os acontecimentos da aula, colocando-o em situações desafiadoras, estimulando-o a criar suas próprias soluções para situações-problemas e falar sobre elas, levando-o a compreender suas ações, esse profissional está contribuindo para o desenvolvimento da inteligência do aluno, não pensando apenas como atleta, mas em sua condição humana, principalmente sua condição infantil.
Ensinar o aluno a se apaixonar pelo esporte, ensinar o futebol com diversão, com paixão, dando liberdade, pois antes de qualquer ensinamento, a criança precisa aprender a gostar do que faz. É fácil entender que o aluno costuma gostar mais daquilo que lhe é prazeroso do que aquilo que lhe causa sofrimento. Sendo assim, certamente veremos futuros craques, que jogam o que conhecemos como futebol arte, apaixonados pelo esporte.
O objetivo deste artigo é alertar aos companheiros de profissão que, saber ensinar as crianças de uma maneira simples e de fácil entendimento, para que elas gostem do esporte e tenham prazer em praticá-lo, desenvolvendo suas habilidades com qualidade e competência, é a principal ferramenta que temos nas mãos para um futuro melhor do nosso país e do mundo. Transformar essa criança num futuro cidadão é uma das mais difíceis e desgastantes tarefas humanas – nós profissionais da área sabemos bem disso - mas não há nada mais gratificante em saber que você está formando para o mundo não somente um atleta, mas sim um cidadão que terá nas mãos o poder de transformar nossa sociedade em um lugar digno para as próximas gerações de apaixonados, não somente pelo futebol mas pela vida!
Bibliografia
FREIRE, J. B. Pedagogia do futebol. Ed. 2ª Campinas, SP: Autores Associados, 2006.
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Benê Lima