Segundo a PF, o grupo inseriu dados de atletas "fantasmas" nos sistemas da pasta com o objetivo de desviar dinheiro do programa.
"Ao todo, a fraude desviou R$ 885 mil à época, o que hoje seria mais de R$ 1 milhão", afirmou o delegado da Polícia Federal João Thiago. O esquema teria ocorrido em 2012.
A PF informou que, no período de um ano, a suposta quadrilha conseguiu criar 25 atletas fantasmas, inclusive de alto rendimento e nível olímpico.
O dinheiro das bolsas direcionado para esses cadastrados falsos foram parar em seis contas cujos donos foram alvos da operação desta sexta.
Após o dinheiro chegar a essas contas, ele era pulverizado em outras contas e empresas que ajudaram a ocultar o patrimônio, de acordo com os investigadores.
A PF afirmou que um dos líderes do esquema foi um funcionário terceirizado do Ministério do Esporte que fazia a inserção de dados de atletas fantasmas. Logo após as fraudes, ele se tornou um dos sócios do bar Versão Brasileira, em Brasília.
"Suspeitamos que os recursos tenham sido utilizados para compor a parte societária dele no bar", afirmou o delegado.
A suspeita dos investigadores é que ele se tornou sócio do empreendimento para lavar o dinheiro.
Um pedido de condução coercitiva também foi emitido para o gestor do programa que era um servidor de carreira. No entanto, ele não foi localizado.
Seis mandados de busca e apreensão e seis de condução coercitiva foram cumpridos em Brasília. Eles foram expedidos pela 10ª Vara da Justiça Federal no Distrito Federal.
O nome da operação se deve ao fato de que o líder e alguns membros da suposta quadrilha são brasileiros nascidos em Cuba. Um deles é José Hector Blanco Zorrilla, ex-servidor terceirizado.
Outros titulares de contas bancárias que receberam dinheiro originalmente destinado aos beneficiários do Bolsa Atleta foram: Edigema Garrido Zorrilla (irmã de José Hector), Bruno de Miranda Ribeiro Brito Lins, Paula Assis de Miranda Ribeiro, Silvia Teixeira Almeida e Vanilson Marinho de Farias. O valor exato desviado foi de R$ 885 mil, em valores da época.
Os depósitos foram feitos entre março e setembro de 2012. José Hector pediu para deixar a pasta em 2013, antes do início da apuração dos desvios.
A investigação começou após a realização de uma auditoria interna no Ministério do Esporte que constatou que pessoas estavam que não tinham feito o requerimento devido eram beneficiárias do programa Bolsa Atleta.
"Em 2012, a coordenação do Bolsa Atleta à época identificou possível fraude no programa e instaurou uma apuração interna. Após a conclusão do processo administrativo, a denúncia foi encaminhada à Polícia Federal e resultou na operação 'Havana', deflagrada nesta sexta-feira (18/08)", afirmou a pasta, por meio de nota.
Em seguida, ela defendeu a realização do programa, que existe desde 2005 e neste ínterim já apoiou 20,7 mil competidores. Ao longo desse tempo, o ministério já despendeu R$ 890 milhões no projeto –as bolsas são para cinco categorias: Base e Estudantil (R$ 370), Nacional (R$ 925), Internacional (R$ 1.850) e Olímpica/Paraolímpica (R$ 3.100). A pasta também tem o programa Bolsa Pódio, com pagamentos de até R$ 15 mil.
"O Ministério do Esporte reitera a importância do programa Bolsa Atleta, que desde 2005 apoiou 23 mil atletas, com resultados expressivos como os obtidos nos Jogos Rio 2016, quando 77% da delegação olímpica e 90,9% da paralímpica eram integradas por bolsistas. Dezoito das 19 medalhas olímpicas e todas as 72 paralímpicas foram conquistadas por atletas bolsistas."
Editoria de Arte/Folhapress | ||
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Benê Lima