Posse de bola – vencer na estatística ou vencer o jogo?por Universidade do Futebol |
É isso mesmo, não é ilusão de ótica o gráfico representado no cabeçalho da coluna; ter a bola a todo o momento no jogo é garantia de vitória?
Várias discussões acercam dessa problemática, que tais números ou convicções, não são capazes de provar o que é eficiente ou não frente a uma partida de futebol. Na verdade o que vamos fazer nessa coluna de hoje é refletir e não trazer verdades absolutas em questão. Primeiro vamos analisar alguns números isolados em relação a algumas das competições pelo mundo:
Analisando os números, percebe-se o “menosprezo” da posse de bola, em virtude aos resultados obtidos por Leicester em 2016 e Corinthians em 2017. Mas isso, remete a um menor desempenho técnico em campo? Essa é uma das nossas reflexões; vamos ver outros números:
Você deve estar se perguntando, por que o autor deste artigo quer confundir minha cabeça, colocando dados ambivalentes em relação à posse de bola? A seguinte análise que deve ser feita é a seguinte: qual é a lógica do jogo?
A resposta a essa pergunta pode parecer simples, mas ela nos instiga a perceber muitos outros fatores envolvidos. A resposta é: fazer mais gols que o adversário. Essa é a lógica de qualquer jogo em que se há um alvo para atacar e para defender: basquete, handebol, pólo aquático, etc. Superado a questão de fazer mais gols que o adversário, a lógica do jogo nos traz outra reflexão: como quero chegar ao gol do adversário? Se com posse ou sem posse de bola, você chegar ao gol do adversário, obviamente cumpriu seu objetivo em relação à lógica. Agora voltando ao enunciado da coluna, posso afirmar que o FC Barcelona, tinha apenas a posse de bola, como ferramenta principal? O objetivo era a bola chegar nos pés do jogador que mais cumpriu a lógica naquela equipe em ocasião: Lionel Messi! Isso mesmo! Percebe-se que a maioria das ações executadas pela “Lenda” de 2015, eram execuções que buscavam passes verticais, dribles em direção ao gol e tabelas que sempre terminavam em finalização.
Sob esta análise em relação ao Messi, podemos identificar uma saída da nossa problemática em relação à posse de bola; quem vence jogos não é a posse de bola em si, mas sim a execução em algum momento do jogo em cumprimento à lógica do jogo, “plim”! Agora sim está ficando claro!
Tanto nos exemplos de Leicester e Corinthians, como no exemplo do Barcelona, ambos em algum momento da partida cumpriram a lógica do jogo. Tanto que se percebermos em uma das figuras do exemplo do FC Barcelona, no jogo contra o Celtic por mais que a posse de bola foi o destaque principal, podemos ver que houve 23 finalizações, sendo que 14 foram em gol, ou seja, cumpriram a lógica do jogo e bem. Agora que vem o “pulo do gato”, que é a próxima reflexão: o quanto de tempo (chronos), a posse de bola pode me atrasar a buscar a lógica do jogo por mais vezes em um jogo? Aí é o X da questão!
A estratégia que cada equipe vai adotar para cumprir a lógica do jogo é algo muito particular e faz parte do modelo de jogo singular deste time. Jogar com lançamentos, no contra ataque ou com posse de bola, isso não interfere ao cumprimento da lógica em algum momento do jogo, até porque ninguém joga um jogo somente para empatar, em algum momento em que o adversário vacilar, a equipe vai atacar para fazer o gol. Mas não fugindo do raciocínio, não fica muito óbvio que buscar o gol por mais vezes em um jogo, aumentam as chances da equipe sair vencedora? Talvez a inversão na estatística fosse à troca entre percentual de posse de bola X número de finalizações em gol (que também não é garantia de vitória).
Sendo assim, a percepção subjetiva nos traz outro tipo de reflexão: será que a bola parada colocada na área, não faz a equipe buscar o gol de maneira mais rápida? O mesmo com cobranças de lateral dentro da área? Tiro de meta longo? Essas são maneiras reducionistas de buscar o gol de maneira mais rápida; como a pressão no campo adversário, transições ofensivas rápidas, enfim, o que se entende são componentes “facilitadores” ao cumprimento mais rápido da lógica do jogo. Se isso é garantia de vitória? Nem sempre! O futebol é um jogo de erros ofensivos e acertos ofensivos, erros defensivos e acertos defensivos e quem errar menos maximiza as chances de sair com a vitória, quem fizer mais gols que o adversário, obviamente ganha o jogo! Essa é a lógica, queridos leitores!
*Anderson Gongora – Treinador de futebol que trabalhou nas equipes do Paulínia FC, Desportivo Brasil, Coritiba FC e Capivariano FC. Atualmente, treinador do Projeto de Intercâmbio para os EUA - HWT.
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Benê Lima