por Ivan Bezerra - Repórter
Da
esquerda para a direita, Pinheiro, Jurani Parente, Agra e Girão ( Foto: JL Rosa
)
Nem
mesmo a visão humanista do presidente do Fortaleza, Eduardo Girão, nem o tom
saudosista - quando o assunto é álcool e esporte - do vice-presidente do Ceará,
Raimundo Pinheiro, encontraram um ponto de convergência no tocante à liberação
de venda de bebidas alcoólicas nos estádios.
As
duas agremiações se entenderam em vários pontos do Seminário "Jogando pela
Paz no Futebol", realizado ontem à tarde no auditório da Secretaria de
Esportes do Estado, que foi promovido pelo Movimento pela Vida e não Violência
(Movida) e Estação da Luz, mas liberação da venda de bebidas alcoólicas nos
estádios ficou de fora do consenso. Já tramita na Assembleia Legislativa um
projeto de lei de autoria do deputado Gony Arruda (PSD), que regulamenta o
comércio e consumo de bebidas alcoólicas nas praças esportivas.
Pontos
divergentes
O
presidente do Fortaleza, Eduardo Girão, é contra, enquanto que o Ceará é a
favor do projeto. Eduardo Girão emitiu sua opinião sobre o tema. Pinheiro
buscou a linha de pensamento de que, o torcedor que é do bem, bebe socialmente
no estádio.
Por
sua vez, não apenas pela bagagem cultural que o acompanha, mas por se apegar a
estatísticas e dados mais científicos, Eduardo Girão considera que se a lei for
aprovada, será um retrocesso na caminhada rumo à paz nos estádios.
O
presidente do Icasa, Valdenor Agra Filho, que compunha a mesa, não se mostrou
contrário à venda de bebida, que na sua visão, iria tolher a liberdade de quem
toma o seu aperitivo sem incomodar a ninguém. Já o representante do
Ferroviário, João Batista, que inclusive é alguém que superou o alcoolismo,
disse não poder concordar com a possível liberação de bebidas.
Raimundo
Pinheiro, do Ceará, analisa outros aspectos do problema: "Não tenho
conhecimento de qualquer problema de violência dentro dos estádios cearenses,
motivados pela venda de bebidas alcoólicas dentro das arenas. Mas, o que temos
é uma Lei municipal que proíbe venda de bebidas alcoólicas na distância de 100
metros do estádio, que não é cumprida. Então, se a venda for regrada e com
horário, não tem problema nenhum", disse Pinheiro.
A
opinião de Eduardo Girão também se fundamentou na palestra do sociólogo carioca,
Maurício Murad, uma das maiores autoridades mundiais em matéria de violência
nos estádios, que falou pela manhã. Murad recomendou cautela no aspecto da
bebida, que ele considera ser um dos componentes da violência nos estádios,
inclusive, citando estatísticas e dadas oficiais.
Opinião
"Nosso
pensamento é divergente do Ceará. Já discutimos esse assunto internamente no
Fortaleza, mas nosso regime é presidencialista, embora haja divergências. O
Fortaleza é contra a venda de bebidas nos estádios por uma questão científica e
de experiências. Tivemos aqui o professor Maurício que veio falar sobre isso e
as pesquisas são muito claras. Nós estamos num momento delicado no país, de
violência urbana. E o futebol, como bem colocou o Pinheiro, é a cereja do bolo,
é o grande patrimônio cultural do povo brasileiro. E a paixão é nacional. É
emoção acima de tudo, então, não tem absolutamente nada contra bebidas
alcoólicas, mas acredito que potencializa a violência, sim. Porque, com a bola
rolando dentro de campo exacerba o nível de emoção e algumas pessoas vão
ficando mais tranquilas, o porcentual maior fica agressivo", opinou
Eduardo Girão. Para o dirigente do Fortaleza, poder-se-ia vender nos estádios,
a cerveja sem álcool, por exemplo, como acontece em diversos outros países, sem
prejuízo da moderação nas torcidas.
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Benê Lima