Sinopse

"Neste espaço encontra-se reunida uma coletânea dos melhores textos, imagens e gráficos sobre o futebol, criteriosamente selecionados e com o objetivo de contribuir para a informação, pesquisa, conhecimento e divulgação deste esporte, considerando seu aspecto multidisciplinar. A escolha do conteúdo, bem como o aspecto de intertextualidade e/ou dialogismo - em suas diversas abordagens - que possa ser observado, são de responsabilidade do comentarista e analista esportivo Benê Lima."

sábado, fevereiro 09, 2008

Destaques do Benê Lima

Surpresa e nó tático

Assumo publicamente minha subestimação ao time do Horizonte e a seu treinador, Argeu dos Santos. No que pese ter a meu lado a atenuante que me fora dada pela própria equipe do vizinho município, naquela derrota fragorosa para o Fortaleza, por 4 a 0, fato é que desdenhei das potencialidades daquela equipe, assim como do fato de seu treinador conseguir converter mais uma iminente derrota numa vitória consagradora.

Também não acreditava que esse mesmo Fortaleza pudesse ensimesmar-se a tal ponto que a paralisia dele tomasse conta. Pois foi nesse ambiente do ‘pouco provável’ que as coisas aconteceram, embora nem mesmo o imponderável tenha precisado marcar presença, menos ainda o ‘sobrenatural de almeida’. Tudo transcorreu no campo de jogo e no ‘campo do hodierno’ – do real, do atual.

O técnico Argeu dos Santos sacou de seu repertório aparentemente modesto um verdadeiro arsenal, minando todo o terreno por onde seu poderoso adversário tencionava atacar. Refreou as subidas do lateral/ala-esquerdo tricolor Márcio Azevedo, adiantando o posicionamento do seu lateral/ala-direito Izaquiel; deu maior mobilidade à sua zaga, com Puxa, Gilmak e Eusébio; fixou Dino como um 1º volante que variava como 3º zagueiro, e ainda cobria os avanços de Izaquiel; fez de Júnior Cearense, além de homem de marcação, um segundo volante de distribuição de jogadas e lançamentos; adiantou o meia Piva para que o mesmo estivesse mais próximo ao gol adversário, apresentando-se como 3º atacante; coube ao outro meia, Paulinho, uma maior constância no papel de iniciador das jogadas ofensivas; aos atacantes Léo Jaime e Stênio caberia – como coube – a tarefa de jogarem mais abertos, para que uma fenda central surgisse na defesa tricolor.

Preso por essa teia de armadilhas lançadas por Argeu, coube ao técnico tricolor, Silas Pereira, aguardar o intervalo do jogo para tentar mudar o panorama da partida. Fez o óbvio: sacou sua aposta errada - o atacante Carlos Alberto – e em seu lugar colocou Lúcio, que passou a fazer a função de Paulo Isidoro, deslocando-se este para o posto de Carlos Alberto, mas com características distintas. A outra substituição do intervalo foi a saída do zagueiro Juninho para a entrada de outro zagueiro, o Anderson. O time leonino até que melhorou, mas Rogerinho, seu principal ponto pró de desequilíbrio, não repetia suas boas atuações. E para romper a consistência defensiva do Horizonte, algo mais se fazia necessário, como por exemplo, o talento.

Enquanto isso, a mais que briosa equipe horizontina já passava a desfrutar das facilidades de um time entregue à sua própria sorte, como era o Fortaleza. Desorganizado e apostando na individualidade, o Leão do Pici ainda esboçou uma reação no placar, em jogada de fundo de Paulo Isidoro, para a complementação de Lúcio no interior da área.

Aí veio o tiro de misericórdia, pelos pés da brilhante atuação de Paulinho, que aproveitou o oportunismo de Léo Jaime, e este se valeu da péssima jornada do zagueiro tricolor Preto, que mais uma vez foi envolvido pelos avantes horizontinos. Os 3 a 1 ficaram até baratos, para o passeio de ‘David sobre Golias’.

Parabéns a Horizonte e Icasa, por transferirem um pouco mais de emoção ao desenxabido campeonato cearense de 2008, nessa semifinal de 1º turno.


Aplicação e dignidade dos contendores

Da partida muito bem disputada entre o Ceará e o Icasa, não há registro cômico ou de tragédia intracampo para narrar e/ou comentar. As duas equipes se empenharam ao extremo, indo à exaustão.

Dois tempos distintos, em que no 1º deles coube o predomínio das ações ofensivas por parte do Alvinegro de Porangabuçu, enquanto no 2º tempo assistimos uma maior desenvoltura tática do Verdão do Cariri.

É forçoso enxergarmos que o Icasa tem descoberto a medida da compatibilidade entre seu tamanho dentro de campo e o de sua diretoria fora de campo. Já o Ceará, tem sido maior dentro de campo do que fora dele, embora o torcedor alvinegro mereça time melhor e uma diretoria muito maior e muito, muito melhor do que essa que aí está.

Não diria que Icasa e Ceará estão em posições opostas, porque estaria sendo injusto com os que fazem o Verdão. No entanto, o Alvinegro, em estrutura, era para estar acima do patamar icasiano. E mesmo que isso não fosse objetivamente necessário, já o seria apenas para não submeter os torcedores alvinegros à ‘humilhação’ de ver a direção do Icasa, oferecer aos seus atletas melhores condições estruturais e de logística do que o Ceará oferece aos seus.

Assim, quem mais precisa de resultados – o Ceará - segue de ônibus para a distante Juazeiro do Norte, enquanto quem menos precisa – o Icasa – traslada-se pela via aérea. E, convenhamos, este é um detalhe que, se preservado, tem um indiscutível peso pró Icasa. E pensar que, quem precisa ganhar é o Ceará...

Mas, fica a expectativa de sabermos se a ‘festa do interior’ chegará à final do certame, em seu 1º turno. Quem dará abrigo à Taça Estado do Ceará? Zebra, meia-zebra, lógica ou meia-lógica? (...)

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Benê Lima