Opinião
DESGOVERNO EM PORANGABUÇU
Uma coisa é termos consciência da responsabilidade sobre a opinião que ajudamos a formar; outra é sermos irresponsável, a ponto de silenciarmos ante os desmandos administrativos dos dirigentes de clubes
Temos sido sistematicamente confrontados, no campo ideológico, pela idéia de que devemos manter uma postura de total subserviência para com as atitudes dos dirigentes de clubes locais, sob o pretexto de não afugentá-los do meio esportivo. Neste sentido, até são construídas situações ditas reais, em que no passado cartolas deixaram o futebol e que por isso a história dos clubes envolvidos passou a ser contada diferentemente, para pior.
Com base na tese maquiavélica da imputação de culpa a si próprio (ou autoculpa), quer-se a proteção contra as críticas e/ou denúncias, pela sugestão do medo em nossos espíritos, desse modo dando livramento ao cometimento de equívocos e erros, por parte de quem deveria zelar pela lisura, pela transparência e pela competência na gestão dos nossos clubes de futebol.
No que pese todo o respeito e consideração pelos parceiros, patrocinadores e dirigentes de clubes, em especial pelos dirigentes locais, nem nossos clubes nem nós podemos nos tornar reféns de seus co-mantenedores. Se, de um lado devemos nortear nossas críticas pela verdade, pela responsabilidade e pela isenção, de outra, ser inteiramente éticos como cronistas, a ponto de mantermos uma mais absoluta independência na nossa expressão, bem como lutarmos pela livre expressão e pelos diretos dos cidadãos constituem dever irrecorrível de nossa profissão.
Feitas as devidas observações, fica menos complicado falarmos dos mais recentes acontecimentos ocorridos em Porangabuçu. Afinal, é sempre muito difícil para o crítico tecer comentários que, no mais das vezes, são carreados para o clube, como outra forma maldosa de desviar a atenção dos torcedores para o analista inculpe (sem culpa), ao invés de para o dirigente réu, faltoso e, às vezes, delinqüente.
No caso que envolveu os quatro jogadores do Ceará Sporting Club (Mazinho Lima, Sérgio Manoel, Tiago Almeida e Vavá) e o Presidente da Executiva do clube, Eugênio Rabelo, prefiro que as próprias atitudes contraditórias do Presidente, falem por si só. Afinal, para Eugênio não houve como sair sem chamusca do referido episódio. Se os jogadores também foram submetidos a um processo de desgaste – e na verdade o foram -, coube ao Presidente, além do desgaste, o estigma da pusilanimidade, algo que não condiz com a condição sobranceira que deve ostentar o Alvinegro de Porangabuçu.
O mais negativo em tudo isso é sabermos que não há lições desse tipo que sirvam de verdadeiro aprendizado ao dirigente alvinegro. Ao contrário, sua especialidade é renitir nos mesmos erros, como que a afrontar nosso bom-senso, nossa generosidade e nossa inteligência.
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EFEMÉRIDES
Horizonte não passa em ‘provão’
Preferi antecipar que o Fortaleza se prestaria para testar o Horizonte, antedizendo também que a equipe do técnico Argeu dos Santos não passaria no teste. Tal antevisão proveio daquilo que sabíamos que o time do vizinho município não tinha: capacidade ociosa para crescimento – diferentemente de Fortaleza e do próprio Ceará. Veio o jogo e com ele confirmada nossa previsão: Horizonte caiu de quatro! E o que é pior: jogando muito, muito pouco!
O ‘ônus’ da prova cabe ao Horizonte
Para quem duvida que uma vitória (ou uma derrota) episódica não se presta para uma avaliação mais profunda, e que a produção de uma equipe é o meio mais confiável para apreciação de suas potencialidades, fica o exemplo do Horizonte. Muito mais que uma vitória, o time de Argeu dos Santos amealhou resultados que o colocou em posição privilegiada, sem jamais nos ter (a mim, pelo menos) passado a convicção de que sua posição na tábua de classificação correspondia ao real valor de seus concorrentes. Isso não significa dizer que o time metropolitano não tenha seus méritos. Claro que os tem. Contudo, convive com limitações inescurecíveis (não tem outro termo).
Horizonte em foco
A surpreendente campanha do Horizonte Futebol Clube merece de nós um pouco mais de atenção. No entanto, se a imagem de um líder circunstancial não resiste à análise mais criteriosa, que culpa temos nós? Se a comissão técnica do Tricolor do Pici tivesse percebido (se é que não percebeu mesmo) o ‘mapa da mina’, a coisa poderia ter sido pior para a equipe debutante. O setor esquerdo defensivo horizontino é, por característica inata de um de seus componentes (Dodi), e por ‘regime de engorda’ de outro (Breno), lento e sem cintura. E disto, pouco se aproveitou o time de Silas Pereira.
Indesejável 4º colocado
Quer-nos parecer que enquanto o Fortaleza torcia para enfrentar o Horizonte na semifinal, o Ceará, estrategicamente, fugia do confronto com o time do Pici. O time de Porangabuçu acabou tendo que se contentar com a alternativa B (enfrentar o Icasa) para não ter que encarar a C (enfrentar o Fortaleza), já que a A (enfrentar o Horizonte) coube ao Fortaleza. Desse modo, os dirigentes tricolores preferiram negociar parte da cota do clube, para beneficiá-lo tecnicamente. Enquanto o Icasa esperneia, resta lembrar que há uma versão mais recente do Regulamento deste Campeonato que, em seu Artigo 26, Parágrafo Único, incluiu-se, implicitamente, a possibilidade da legalização de acordo entre as partes, lá se fixando, inclusive, o percentual básico para qualquer negociação.
Entendimento x performance
Campeonato mais esquisito esse! Vou contrariar os números e dizer que fico com minha compreensão do que pode e deve ser ponderado, para assim tentar justificar minha aposta em Ceará e em Fortaleza como finalistas do 1º turno. A não ser que possam contar com a colaboração de ambos, Horizonte e Icasa dificilmente passarão por Tricolor e Alvinegro. E, se icasianos e horizontinos não jogarem mais do que sabem, certamente terão que se contentar com o terem percorrido apenas dois terços do caminho. Claro que essa apreciação tem peso dobrado para a equipe do Horizonte, que ainda está formando sua identidade como clube. O Icasa já tem a sua identidade, sua casa montada, a terceira maior torcida presente do Estado e um perfil delineado, razões substanciais que o fazem adulto e emancipado.
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BREVES E SEMIBREVES ®
Em alta. Ainda bem que há também fatos interessantes – por que construtivos - para relato. O auxiliar técnico do Tricolor de Aço, Paulo Pereira, irmão de Silas, passou-nos boa impressão. Pude acompanhar algumas de suas observações passadas a seu irmão, todas muito pertinentes.
Subindo. O técnico do Tricolor de Aço, Silas Pereira, fez um compreensível desabafo após a categórica vitória de sua equipe diante do Horizonte, por 4 a 0. Sem se mostrar presunçoso, ele aproveitou o ambiente propício para explicar algumas coisas óbvias que a paixão na qual os torcedores estão envoltos não os deixa ver.
Exclusivo-1. O que ninguém disse. A atuação do zagueiro Juninho mereceu e sofreu reparo da dupla técnico/auxiliar técnico do Fortaleza, no intervalo da partida. Na 2ª etapa Juninho voltou melhor, embora tivesse cedido seu posto ao estreante Anderson Luís.
Exclusivo-2. O auxiliar técnico Paulo Pereira queria, corretamente, que Erandir virasse o jogo da esquerda para a direita, com Michel e Rogerinho. Por ali – dizemos nós - bem caberia um quadrado com Michel, Rogério, Rogerinho e Taílson.
Exclusivo-3. Pela ótica de Paulo Pereira, Rogerinho deveria ter deixado o jogo mais cedo. Não pelo aspecto técnico, e sim para que seu tornozelo fosse poupado. Mas Silas o manteve até 34 min do 2º tempo, fazendo entrar outro estreante, o atacante Carlos Alberto, que deixou com categoria a sua marca.
Exclusivo-4. No setor de cadeiras do PV, o torcedor cheio de empáfia dirige-se ao auxiliar técnico tricolor, exigindo que a equipe parasse de fazer gols “para não ter enfrentar o Icasa”, com o que não concordou Paulo Pereira, dando-lhe o silêncio e certo ar de reprovação como resposta. A seguir, Carlos redargüiu em tom de desabafo: “Uma vitória folgada nos dá moral para o cruzamento”. Bingo!
Privativo-1. Se até aqui nenhum motim estourou no elenco do Fortaleza, é de fato verdadeiro o que me disseram: a Santana Têxtil (leia-se Raimundo Delfino Filho) tem segurado a encrespada onda que é a conta ‘Salários’ do clube do Pici. Dizem que por lá, a farra inflacionária come solta.
Privativo-2. Diz-se que até o Sub-18 consumiu algumas porções de reais da ‘realeza tricolor’, sem sequer ornar em suas camisas a marca Santana Têxtil, comportamento que, pela ingratidão que revela, não pode deixar satisfeito nem mesmo ao maior dos mecenas.
Banho de reportagem. Neste espaço só nos reportamos a trabalhos que, a nosso juízo, tenham sobreexcedido a média. Por isso faço menção ao grande trabalho jornalístico realizado pela Rádio Cidade AM860 (fonte originária), tendo à frente Flávio Moreira, quando da rodada final da Fase Classificatória do Campeonato Cearense. Moreira, no melhor sentido da expressão, é uma ‘velha raposa’, que sabe como poucos tirar proveito das ‘vantagens’ por omissão que os concorrentes lhe permitem.
Boa influência. Com um bom ‘puxador’ do tipo Flávio Moreira, fica mais fácil empolgar a turma da reportagem. Océlio Pereira, de tantos carnavais, não se fez de rogado e integrou a comissão de frente. Bateu bola com Edílson José que já negociava com o Prefeito de Horizonte – mandatário de fato do clube – os dois jogos das semifinais para a capital. De lambuja, Pereira ainda colocou o outro Pereira – o Silas – no ar. E dá-lhe entrevista, e tome poeira na concorrência. Que culpa tenho eu?
Uma volta de vantagem. Foi a vez do sorteio da arbitragem para os dois confrontos iniciais da próxima fase do Cearensão. Aí Alano Maia entra em cena para o ato final. Equipe integrada, conferindo e repercutindo as notícias recém anunciadas. É show de reportagem; é gol (...) de quem sabe fazer gols. E eu, continuo aprendendo!
Escala. O árbitro para o confronto entre Fortaleza e Horizonte, no PV, na próxima quinta, 7, será Manoel Moita. Já para Ceará e Icasa, no Castelão, no mesmo dia e hora, o árbitro será Wladyerisson Oliveira.
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”Ninguém acredita em um mentiroso, mesmo quando ele diz a verdade.” (Cícero)
Benê Lima
benecomentarista@yahoo.com.br
85 8898-5106, o telefone da comunicação
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