Sinopse

"Neste espaço encontra-se reunida uma coletânea dos melhores textos, imagens e gráficos sobre o futebol, criteriosamente selecionados e com o objetivo de contribuir para a informação, pesquisa, conhecimento e divulgação deste esporte, considerando seu aspecto multidisciplinar. A escolha do conteúdo, bem como o aspecto de intertextualidade e/ou dialogismo - em suas diversas abordagens - que possa ser observado, são de responsabilidade do comentarista e analista esportivo Benê Lima."

segunda-feira, julho 09, 2012

Fábula exuberante

Clubes brasileiros devem trabalhar como formigas, e não como cigarras: algo ordenado, para não ser fugaz
Rodrigo Barp / Universidade do Futebol

O futebol brasileiro viveu, nesta semana, dias de euforia.

Seedorf contratado pelo Botafogo e com recepção apoteótica. Absolutamente digna para um jogador do seu quilate, com currículo que inclui Ajax, Milan, Real Madrid e seleção da Holanda, enfileirando títulos de toda natureza.

Não menos importante, mas mais modesta a cerimônia, foi a chegada de Diego Forlán ao Internacional. Também um jogador de classe mundial, o melhor da Copa 2010, com DNA do futebol herdado do seu pai e com experiência de sobra em grandes clubes e competições. O uruguaio se soma à República Argentina formada no clube por D’Alessandro, Dátolo, Guiñazu e Bolatti.

São grandes vetores do desenvolvimento da indústria do futebol no país. Em particular, porque os dois são ícones globais, além de serem importantes sob o ponto de vista técnico e das estratégias de marketing.

Marketing que, aliás, vai ser o mais importante aliado para bancar os altos salários das estrelas.

A grande movimentação financeira em torno destas contratações vai, obrigatoriamente, qualificar a gestão global do clube – e que passa pelo departamento de marketing – pois o dinheiro que, durante muito tempo foi malversado e corrompido nestas instituições, agora cobra a conta.

Paradoxalmente, com mais dinheiro.

Dinheiro destinado às contratações, que necessita de dinheiro dos patrocinadores e parceiros comerciais, que também vem da assiduidade do relacionamento dos torcedores convertidos em sócios e seus planos anuais, bem como da venda das camisas oficiais com o nome dos novos ídolos nas costas.

Que são vendidas on-line ou nas redes de lojas franqueadas, bem administradas por grupos empresariais que sabem cuidar de toda cadeia logística para que os produtos licenciados cheguem, e bem, ao consumidor.

É uma fantástica oportunidade para se tomar como ponto da virada em direção a um cenário de clubes bem geridos, com processos e boas práticas institucionalizados e independentes do grupo político do momento.

Que servem como legado para os anos que se somam.

Esse ciclo também depende da existência de bons profissionais em cada segmento do clube, pois as ações de marketing são cada vez mais integradas com departamento de futebol, do relacionamento com sócios, dentre outros.

Um belo exemplo de interação entre os elos da cadeia da indústria do futebol globalizado é o do AC Milan, que agradece aos 10 milhões de fãs no Facebook, envolve todo o elenco e valoriza o fornecedor Adidas e o patrocinador Fly Emirates:
 


 

Trabalhar ordenadamente para que não seja algo fugaz.

Para que a exuberância possa persistir por muito tempo no clube.

Trabalho de formiga, não de cigarra, como ensinava Esopo:

“Tendo a cigarra cantado durante o verão,

Apavorou-se com o frio do inverno

Sem mosca ou verme para se alimentar,

Com fome, foi ver a formiga, sua vizinha,

pedindo-lhe alguns grãos para agüentar

Até vir uma época mais quentinha!

- ‘Eu lhe pagarei’, disse ela,

- ‘Antes do verão, palavra de animal,

Os juros e também o capital.’

A formiga não gosta de emprestar,

É esse um de seus defeitos.

‘O que você fazia no calor de outrora?’

Perguntou-lhe ela com certa esperteza.

- ‘Noite e dia, eu cantava no meu posto,

Sem querer dar-lhe desgosto.’

- ‘Você cantava? Que beleza!

Pois, então, dance agora!’.

 
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Benê Lima