Sinopse

"Neste espaço encontra-se reunida uma coletânea dos melhores textos, imagens e gráficos sobre o futebol, criteriosamente selecionados e com o objetivo de contribuir para a informação, pesquisa, conhecimento e divulgação deste esporte, considerando seu aspecto multidisciplinar. A escolha do conteúdo, bem como o aspecto de intertextualidade e/ou dialogismo - em suas diversas abordagens - que possa ser observado, são de responsabilidade do comentarista e analista esportivo Benê Lima."

quinta-feira, julho 11, 2013

Lições da filosofia para o futebol

Toda e qualquer equipe, no futebol ou em qualquer mercado profissional, necessita de atitudes que construam relacionamentos eficazes

Gustavo D’Avila / Universidade do Futebol

A qualidade dos relacionamentos humanos é muito importante para a manutenção de equipes de alta performance, concorda? Ao acompanhar o futebol já pudemos observar equipes de grandes talentos individuais, mas com relacionamentos extremamente desgastados e sabotadores. Entendendo isso como verdade, podemos aqui nos apoiar um pouco na filosofia para promovermos a excelência nos relacionamentos interpessoais nas equipes esportivas.

Mas, como seria isso? O que a filosofia pode ensinar ao futebol e a outras modalidades esportivas?! Bem, vamos aqui falar um pouco sobre Sócrates e seu triplo filtro.

Para entendermos esta ferramenta, voltemos na Grécia Antiga e vamos apreciar a passagem abaixo.

Um dia, um conhecido do grande filósofo aproximou-se dele e disse:
- Sócrates, sabe o que eu acabei de ouvir acerca daquele teu amigo? 
Então, Sócrates respondeu:
- Espere um momento. Antes que me digas alguma coisa, gostaria de te fazer um teste. Chama-se o "Teste do Filtro Triplo".
- O que e isso, Sócrates?
- Antes que me fales do meu amigo, talvez fosse uma boa ideia parar um momento e filtrar muito bem aquilo que vais dizer. A isso chamo de Filtro Triplo. 
E continuou: 
- O primeiro filtro é a VERDADE. Tens a certeza absoluta de que aquilo que me vais dizer é perfeitamente verdadeiro? O homem, vacilante, respondeu:
- Não, o que acontece é que eu ouvi dizer que...
E Sócrates disparou:
- Bem, se é assim, não sabes se é VERDADE. Passemos então ao segundo filtro, que é a BONDADE. Responda-me agora: o que me vais dizer sobre o meu amigo é algo bom?
- Não, muito pelo contrário...
- Então, queres dizer-me algo mau sobre ele e, ainda por cima, nem sabes se é ou não verdadeiro. Mas, bem, pode ser que ainda passes pelo terceiro filtro, que é a UTILIDADE. Por isso, me esclareça: o que me vais dizer sobre o meu amigo será útil para mim?
- Não, acho que não...
E assim Sócrates concluiu: 
- Bem, se o que me dirás não é nem bom, nem útil e muito menos verdadeiro, para que dizer-me?

Esta passagem nos remete a uma reflexão sobre como a maledicência dentro das equipes que almejam a alta performance pode sabotar todo o trabalho desenvolvido com o grupo. O ser humano é facilmente envolvido por questões que gerem boatos, disse-me-disse, situações de inveja e a mais conhecida fofoca.

Tudo muito atual nos dias de hoje e muito potente para destruir qualquer estratégia de comprometimento e trabalho em equipe.

Por isso, a utilização do triplo filtro de Sócrates pode ser uma ótima ferramenta para criar novos hábitos nas pessoas visando a excelência dos relacionamentos.

Então vamos saber como se utiliza o filtro?

Podemos utilizar o ensinamento de Sócrates para filtrar o que as pessoas queiram nos dizer ou o que queremos dizer aos outros. 
Sempre que formos dizer alguma coisa sobre alguém é bastante interessante verificar se o que queremos dizer é VERDADE. Até que ponto a informação é verdadeira e não simplesmente cogitações ou meras suposições que possam estar circulando.

Se chegarmos à conclusão que não há certeza absoluta sobre a verdade do que queremos dizer é melhor se calar, tampouco há necessidade de continuar com os demais filtros. Mas ao considerarmos o filtro da verdade válido, nesse caso, aplicaremos o segundo filtro recomendado por Sócrates, o da bondade.

A BONDADE deve beneficiar aquele que é objeto da informação. Quando há bondade a informação destaca aspectos positivos que favorecem. Caso a informação passe pelo crivo da verdade, passe também pelo crivo da bondade, restará verificar se passa pelo terceiro filtro, o da utilidade.

Se tivermos certeza que o que oferecemos como uma informação tenha UTILIDADE e que a pessoa até agradeça, falemos. Mas devemos calar quando a informação não reunir nenhuma utilidade, será apenas uma grande perda de tempo.

As oportunidades que temos para conversar com as pessoas são momentos preciosos e nada como melhor preenchermos esses momentos com atitudes construtivas, positivas e que gerem sempre contribuições de valor.

Toda e qualquer equipe, no futebol ou em qualquer outro mercado profissional necessitam de atitudes que construam relacionamentos eficazes, por isso é muito importante compreendermos as informações que transmitimos para as pessoas com quem convivemos. Devemos estar atentos se o que informamos expande os laços de amizade e faz nossa convivência em grupo produtiva e com propósito de beneficiar não só aqueles que pertencem ao círculo de convívio, mas também outros que tenham conhecimento do que divulgamos.

Estes ensinamentos de Sócrates podem aprimorar nossas relações de convívio com familiares, parceiros no ambiente de trabalho e outras pessoas nas mais diferentes situações de vida pessoal e profissional.

Mas, atenção: o aprendizado que cada um de nós busca, para o nosso próprio desenvolvimento, está na maior contribuição desse ensinamento que diz respeito àquilo que pretendemos falar aos outros. Isto porque sobre esta ação temos o total controle e não devemos esperar que a outra parte inicie a utilização do triplo filtro, vamos ser mais protagonistas das mudanças do que espectadores.

E você amigo leitor, que tal experimentar o ensinamento filosófico de Sócrates e promover a excelência nos seus relacionamentos?

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Benê Lima