Sinopse

"Neste espaço encontra-se reunida uma coletânea dos melhores textos, imagens e gráficos sobre o futebol, criteriosamente selecionados e com o objetivo de contribuir para a informação, pesquisa, conhecimento e divulgação deste esporte, considerando seu aspecto multidisciplinar. A escolha do conteúdo, bem como o aspecto de intertextualidade e/ou dialogismo - em suas diversas abordagens - que possa ser observado, são de responsabilidade do comentarista e analista esportivo Benê Lima."

segunda-feira, julho 08, 2013

O papo cabeça da mídia esportiva

Para conhecer o esporte e aprender a trabalhar com ele, a profissão tem de conhecer as suas origens sociais, principalmente

Fernanda de Lima

A psicologia esportiva tende a ser uma das soluções para a nova geração de esporte que exige ao máximo seus atletas. Atletas bem preparados física e emocionalmente comprovadamente rendem mais.

Com a "cabeça em dia", os seres humanos são capazes de se doarem por suas atividades e em prol de um bem maior. A psicologia no esporte não abrange apenas os atletas atuantes em competições, vai muito além.

Para conhecer o esporte e aprender a trabalhar com ele, a profissão tem de conhecer as suas origens sociais, principalmente. Tratar do comportamento humano para conseguir o seu melhor desempenho, esse é o intuito principal. O esporte, a paixão e a psicologia se completam.

A psicologia e os princípios no esporte

A psicologia é uma das áreas biológicas em maior ascensão nos últimos anos. Cuidar da mente hoje parece tão importante quanto do corpo. Indo mais além, podemos afirmar que o corpo não reage se a mente não estiver em ordem. Ao pé da letra o termo psicologia significa "estudo do comportamento humano e os processos mentais”. O comportamento humano varia de acordo com cada indivíduo e a psicologia não pretende a unificação e sim a melhor maneira de lidar com cada um deles.

O psicanalista Sigmund Freud defendia a tese de que para não ficar doente da mente os sentimentos deveriam ser colocados para fora. Para Freud, mais do que o estudo do comportamento, a psicologia era o estudo dos sentimentos humanos. Sentimentos que ora reprimidos desencadeavam mudanças aí sim no comportamento e, o consequente, insucesso seja na vida pessoal e/ou profissional.

"Não se cogita a repressão total das tendências agressivas do homem: o que podemos tentar é canalizar essas tendências para outra atividade que não seja a guerra." (pensamento do filósofo e psicanalista Sigmund Freud).

O sucesso nasce de dentro para fora. A teoria certamente gera debates. Entretanto, ao observarmos os maiores feitos da humanidade ou para sermos mais específicos se olharmos os nossos mais importantes passos pessoais, constataremos que a parte psicológica foi uma grande aliada em nossas realizações. E se fizermos o inverso, ou seja, analisarmos os nossos principais deslizes, provavelmente notaremos que algo andava errado em nossas mentes.

A precursora paixão

A psicologia no esporte é desencadeada, principalmente, pela paixão que é inerente ao mundo esportivo em todas as suas vertentes.

A paixão no esporte está associada a satisfação pessoal dos indivíduos. A vitória do nosso ídolo, da nossa equipe é transferida ao nossos instintos como a nossa própria vitória. A minha equipe vence, eu venço. A vitória passa a ser nossa, o ídolo, a equipe vence não somente por si, mas para todos que dela fazem parte. A maior motivação do esporte é a paixão.

Quando nos referimos à psicologia esportiva não estamos falando apenas de exercícios físicos, mas principalmente do tratamento exigido para a melhor performance dentro de cada modalidade. A melhor performance faz a conexão de um bom condicionamento físico e mental. Qualquer setor da vida que envolve a paixão requer apoio psicológico incondicional. No esporte, a paixão transpira por todos os lados e de inúmeras maneiras. Atletas são exigidos a todo segundo. Exigências por parte de comandantes, dirigentes, empresários, familiares, torcedores e, claro, de si próprios.

No campo esportivo, principalmente, essa paixão se reflete na cobertura da mídia. Os torcedores são os principais “pauteiros” da imprensa e, em razão deles, a imprensa esportiva é considerada uma das mais emotivas, em especial, no Brasil. 

O grande destaque dado ao esporte causa alta competitividade em duas vertentes importantes: nos atletas que disputam as competições e na imprensa.

Ao mesmo tempo que a imprensa esportiva trabalha com a emoção, ela como ninguém deve trabalhar com a imparcialidade, caso não queira perder seu público fiel.

Competitividade na vida, no esporte, na imprensa. O público associa, ainda que involuntariamente, esses três aspectos. A vitória na vida profissional, a satisfação na vida pessoal; o bom desempenho em sua modalidade, ser campeão, o número 1. No final, as consequências que se esperam são as mesmas: o elogio, o reconhecimento. E de quem parte essa ação tão esperada? Na vida pessoal: do chefe, da companhia, do parceiro escolhido; no esporte: dos torcedores, do clube, da imprensa.

A discreta psicologia

Com o avanço das técnicas de gestão de negócios, surgem mais e mais cursos e especializações na área desportiva. Os investimos tornam-se corriqueiros em profissionais que dominam cada segmento da área esportiva. Segundo o site de marketing esportivo, Arena Sports, em 2007, a indústria esportiva movimentou o equivalente a 3,3% do PIB brasileiro, uma renda de aproximadamente R$ 31 bilhões ao ano.

As áreas de "senso comum" são as que mais crescem e temos como principal exemplo o próprio marketing esportivo. Nos últimos anos, o marketing voltado para o esporte obteve um crescimento de 12,34%, sendo assim um dos negócios mais rentáveis para o esporte.

Dentro da gestão esportiva o que fica exposto à mídia e à todos que acompanham o esporte são, em sua maioria, as grandes ações de marketing, o talento de um atleta, o destaque de uma equipe e as transações milionárias. À margem conseguimos identificar as ações interiores, sem o mesmo alarde, mas que podem produzir o mesmo efeito ou até superá-los no sucesso de um negócio. É à margem e discretamente que atua a psicologia do esporte e, ainda assim, quem disse que não pode ser um negócio rentável?

A psicologia esportiva ainda é muito recente, em especial, aqui no Brasil. Um dos primeiros relatos da prática datam de 1958, com o psicólogo João Carvalhaes.

Carvalhaes foi convocado para integrar a comissão da Confederação Brasileira de Futebol, que participaria da Copa do Mundo na Suécia. Lá realizou diversos exames nos jogadores e passou os resultados para o na época chefe da Delegação Brasileira de Futebol, Paulo Machado de Carvalho. O psicólogo havia realizado os chamados exames psicotécnicos, que abordam dados psicológicos de modo sistemático, por meio de métodos e técnicas voltados para a resolução do problema ou identificação das diferenças particulares.

O que isso rendeu para a seleção brasileira? Simplesmente o título da competição mundial de 1958. Obviamente, o psicólogo não foi o inteiro responsável pela vitória brasileira, mas despertou o interesse de inúmeros estudiosos do futebol.

Consagrados jornais da época deram destaque em suas manchetes ao trabalho de João Carvalhaes.

Principais manchetes após o título de 1958:

• "Psicotécnica nos Esportes" (O Estado de São Paulo);

• "Não há jururus na seleção... Carvalhaes peça útil na máquina da seleção" (Gazeta Esportiva);

• "Carvalhaes, um dos motivos da vitória dos brasileiros" (Esporte News);

• "Diário Secreto de Paulo Machado de Carvalho: finanças, organização e psicologia dos campeões" (Sports Illustrated apud Folha da Manhã).

Na contramão desse sucesso, a psicologia de Carvalhaes também levantou uma grande polêmica. As teorias conspiratórias alertavam para o fato de que os métodos do psicólogo indicavam os jogadores “amarelões”, que “tremiam” na hora de uma decisão.

Consequentemente, João Carvalhaes poderia ser responsável direto pela escalação ou não de jogadores. Nada foi comprovado efetivamente. Porém, seria mesmo prejudicial a interferência de um psicólogo na escalação de uma equipe?

Se os resultados pudessem ser de fato comprovados, todas as partes sairiam ganhando. Uma equipe com jogadores em excelente forma física e mental seria absolutamente mais efetiva do que outras em condições inadequadas. Os problemas emocionais causam impactos físicos em todos os indivíduos, ainda mais no caso de atletas em extrema evidência.

O psicólogo do esporte não se limita a trabalhar para melhorar o desempenho de atletas frente a uma decisão, mas devem atuar também para o bem estar pessoal do atleta. Nas últimas décadas o esporte tem adquirido características de altíssimo nível e a evolução aproxima cada vez mais os atletas uns dos outros. O diferencial em rendimento e efetividade pode se sobressair através de um bom acompanhamento psicológico.

Alexander Popov, melhor nadador da Olimpíada de 1996, disse em certa ocasião:

"Quem quer que esteja fisicamente bem preparado pode fazer coisas incríveis com seu corpo. Mas quem junta a um corpo em forma uma cabeça bem cuidada é capaz de feitos excepcionais."

A psicologia esportiva favorece todos os lados, porque tende a estudar todos eles. Conhecendo a competição, o esforço e a paixão exigidas por cada modalidade é possível entender e trabalhar para atender as necessidades de cada nicho.

A psicologia esportiva como opção mercadológica

A psicologia do esporte é uma boa opção de mercado não só para os psicólogos, mas especialmente para atletas e clubes ligados a esportes de alto rendimento.

Em função do alto índice de aperfeiçoamento técnico dos atletas, percebeu-se que haviam atitudes psicológicas que favoreciam alguns atletas, o que motivou o início das investigações dos fenômenos psicológicos relacionados à prática esportiva. (Epiphanio, 1999).

A psicologia do esporte tem investigado, entre outros aspectos, as possibilidades de reduzir alguns efeitos nocivos do esporte de rendimento. Muitos estudos comprovam que várias atitudes psicológicas auxiliam na prevenção de lesões no esporte, um dos maiores problemas enfrentados quando se trata de aperfeiçoamento e rendimento, e ainda estes mesmos estudos mostram que a intervenção psicológica é um grande contribuinte no processo de recuperação do atleta lesionado. (Heil, 1993; Smith, 1996).

Sendo assim, quanto um atleta bem estruturado física e emocionalmente poderia render, por exemplo, à um clube? Ou melhor, quanto um clube deixaria de perder com um atleta em perfeitas condições?

Os gestores de um clube, empresa e/ou negócio devem pensar em todas as estruturas que os cercam. O mundo dos negócios busca profissionais capacitados em suas áreas, e quanto mais específicas, mais bem preparados os mesmo devem ser. Não adianta colocar um ou dois profissionais para atuarem em inúmeras posições. Um técnico é só um técnico, e não um preparador físico e/ou psicólogo. A maneira que um técnico utilizará para cobrar seu atleta pode ter o efeito contrário e sobrecarregá-lo além do necessário. Em uma gestão deve ocorrer uma descentralização, cada um fica responsável pelo que é de fato encarregado.

É dessa máxima que surgem as vertentes do esporte. O marketing esportivo, a nutrição esportiva, a fisioterapia esportiva, o direito desportivo, a medicina esportiva, o jornalismo esportivo e a psicologia esportiva só provam o quanto o mercado está focado na descentralização em uma gestão.

Para haver tamanho investimento em novas áreas, o retorno tende a ser expressivo.

Desequilíbrio emocional = desequilíbrio financeiro

Na Copa do Mundo da Suécia, em 1958, muitos especialistas em esporte enfatizaram a excelente atuação de João Carvalhes, que teria contribuído através da psicologia para o rendimento e, a consequente, conquista brasileira no mundial. Mais de 50 anos depois, a psicologia está cada vez mais “roubando” as manchetes esportivas. Só em 2009, foram inúmeros fatos atrelados ao lado psicológico de atletas.

Especula-se que o Palmeiras perdeu aproximadamente R$80 milhões com os "fracassos" nas competições disputadas em 2009. Como uma equipe montada para ser campeã se desconfigura na reta decisiva? Como atletas bem preparados perdem a cabeça ao chegarem ao topo?

Todos os indícios apontaram para problemas emocionais dentro do grupo. O técnico que terminou a temporada com a equipe, Muricy Ramalho, alegou que quem conversa com seus jogadores é ele, deixando de lado a possibilidade de optar por um profissional de psicologia esportiva.

Apesar de relatos confirmarem que há uma psicóloga no clube, Muricy afirmou que a profissional aparece uma vez ou outra. Ou seja, sua importância é mínima. Os clubes e treinadores se mostram preocupados com o lado errado da questão, colocar em evidência as questões emocionais da entidade/empresa. O foco é evitar transparecer o desequilíbrio que possa existir, consequentemente, causando uma grande desestrutura interna.

De acordo com o especialista em psicologia no esporte, João Ricardo Cozac, Paulo Ribeiro, psicólogo do Flamengo fez um trabalho excepcional no clube rubro-negro.

"Parabéns ao amigo, colega e psicólogo do Flamengo, Paulo Ribeiro, pelo brilhante trabalho desenvolvido no clube da Gávea. Poucos sabem, mas este profissional está no clube há muitos anos e, com muita capacidade e talento, contribuiu de forma efetiva na conquista do título brasileiro." (http://www.ceppe.com.br - João Ricardo Cozac, psicólogo esportivo e presidente da Associação Paulista de Psicologia do Esporte).

Conhecer o mercado em potencial

O esporte movimenta certa de 3% do PIB nacional por ano, tornando as transações entre clubes e atletas cada dia mais comum. E essas mudanças interferem fatalmente nas condições dos atletas envolvidos. Um bom gestor, deve estar preparado para oferecer ao atleta, o máximo, a adaptação necessária para diminuir qualquer impacto em seu rendimento. Já um excelente gestor, contará com o auxílio do especialista, sendo nesse caso, um psicólogo, que atenderá as necessidades de transição dos atletas. O psicólogo esportivo entra no negócio para prevenir ou resolver possíveis atritos.

O bom rendimento do atleta obviamente será rentável para o clube/entidade/empresa à qual está ligado. As alterações psicológicas/emocionais de atletas prejudicam todo o ambiente que os envolvem, inclusive e, até principalmente, o âmbito mercadológico.

Atualmente, os clubes estão aprendendo a valorizar os aspectos psicológicos do jogador e a necessidade de disciplina, conduta, responsabilidade e autoconfiança passou a ser fator importante na definição da contratação de um atleta. Não basta mais excelente técnica, preparo físico e habilidade dentro de campo, é preciso também ter consciência e maturidade dentro e fora dele nas suas ações. (CORREA, Daniel Kroeff de Araujo et al, 2002) .

O fator psicológico influencia na rentabilidade de clubes e atletas. Na hora de uma contratação, o lado emocional é colocado à prova tanto quanto as condições técnicas do indivíduo. Nenhum clube (no caso do futebol) quer se arriscar a perder seu investimento em um jogador que possa denegrir, mesmo com atitudes pessoais, a imagem do clube.

Nos últimos anos, o Palmeiras tem sido um bom estudo de caso para a Psicologia. Apesar das constantes ascensões e do bom elenco, a equipe tem mostrado dificuldade para se manter na dianteira das competições. O elogio por parte da imprensa pode atrapalhar? A pressão e apoio da torcida é o vilão e aliado, respectivamente? Como manter uma equipe, em constante pressão por resultados, imune às questões externas?

De quem é a culpa? Dos jogadores? Do técnico? Da diretoria? Da torcida? Da imprensa? O culpado está nas entrelinhas, o culpado não está exposto nas evidências. Todos sofremos de desequilíbrios emocionais, estresses do dia-a-dia, fatores internos, externos, obrigações pessoais e profissionais acarretam problemas que devem ser tratados com seriedade.

O problema de se estar na mídia e ser cobrado publicamente o tempo todo é que o desequilíbrio não é mais tratado como um problema. Esse é o caso que a “doença” vira crítica. A "enfermidade" não é tratada como uma. “Corpo mole”, “falta de vontade”, “falta de profissionalismo”, são os elogios mais corriqueiros que ouvimos nesse tipo de situação.

"Tudo leva a crer que o Palmeiras é um time desequilibrado psicologicamente. A auto-estima do elenco está no subsolo e se não houver preconceito, a receita é contratar um profissional da área. A boa notícia é que um bom psicólogo resolve. A má notícia é que leva tempo." (blogs.band.com.br/torcidafeminina/).

Os fóruns de discussão, na internet, sobre o esporte, o Palmeiras também é estudo de caso em relação à psicologia.

Platonov (2004) cita que as pesquisas sobre as características de personalidade dos atletas do alto nível em comparação com atletas de menor nível ou pessoas que não praticam nenhum esporte, têm permitido estabelecer os traços do caráter típicos dos melhores atletas:

• Sentimento de superioridade e segurança social;
• Presunção e grande disponibilidade para defender seus direitos;
• Persistência;
• Obstinação;
• Estabilidade emocional;
• Objetivos claros;
• Caráter extrovertido e
• Agressividade competitiva.
(http://www.forumptd.com).

Em contraponto, o mesmo clube que hoje sofre com desequilíbrios emocionais, há quase 15 anos foi uma referência para os estudiosos do futebol e da psicologia. O Palmeiras, de 1996, comandado por Vanderlei Luxemburgo, foi considerada uma das equipes mais brilhantes de todos os tempos. Técnica, força, garra, tática e equilíbrio foram os principais aliados para o sucesso do time vencedor do Campeonato Paulista, com um ataque de mais de 100 gols.

Psicologia, seriedade, eficiência, vitalidade. O Palmeiras ofereceu à torcida no Paulista de 1996 um coquetel de prazeres para quem admira um bom futebol. Foram 102 gols, alguns feitos na base dos trancos e barrancos, mas a maioria com toques sutis, jogadas rápidas e conclusões infalíveis. A técnica palmeirense foi um fator decisivo na conquista do título. Não se pode dizer, porém, que foi o principal.

A psicologia, nesse caso, foi mostrada como um ponto positivo para a equipe do Palestra Itália. A psicologia, não somente em sua essência, diretamente com seus profissionais, mas também expressada pelo comandante alviverde. Vanderlei Luxemburgo se mostrava para o mundo como um técnico confiante e ousado, que abusava positivamente das conversas em suas preleções, que levantava e passava confiança aos seus comandados. Com outro profissional ou não, Luxemburgo era a voz, a técnica e a cabeça da equipe.

Apoiado em regras claras e objetivas, o Palmeiras se fortaleceu num trabalho psicológico notável, sempre comandado pelo treinador e rapidamente absorvido pelos atletas. Foi mexendo com a mente da equipe que, por exemplo, Luxemburgo conseguiu sustentar, pelo menos durante cinco rodadas, um índice de aproveitamento fantástico, que chegou a produzir médias superiores a quatro gols por partida.

O preparo psicológico assim como o técnico é fundamental. Os especialistas garantem que para se tornar um vencedor a cabeça mais do que nunca deve estar em ordem. Kátia Rubio, uma das maiores especialistas em psicologia esportiva do país, disse em entrevista à Terra Magazine que um dos principais responsáveis pela queda de rendimento é o medo de se tornar uma sombra. Medo da sombra da derrota.

"No esporte, a derrota não implica apenas a não-vitória. Ela implica tudo aquilo que nós chamamos de sombra social. [...] Numa sociedade onde você tem a valorização do vencedor e a busca pelas primeiras posições, o segundo e o terceiro colocados vivem sempre à sombra daquilo que é o desejo de todo mundo – a vitória. E ninguém quer isso. Qual é a principal ofensa na cultura norte-americana? Loser (perdedor, derrotado). É para aquele cara que foi fraco, medroso, derrotado no sentido mais amplo da palavra: que é aquele cara que não só perdeu, mas também não lutou. Isso no esporte ganha uma dimensão muito maior". (Entrevista a Terra Magazine, terramagazine.terra.com.br, em 28 de outubro de 2009).

O psicólogo e o técnico

Essas duas profissões se confundem no trajeto, principalmente no futebol. Muitos apoiam a ideia de um profissional da psicologia atuando em um clube e/ou com um atleta, outros defendem que um técnico bem articulado e comunicador é capaz de atuar sozinho com seus atletas.

No caso de um psicólogo esportivo, o foco é na prática profissional e na aplicação da psicologia no contexto do esporte, do exercício e da atividade física. Atuam em duas funções principais: (1) diagnóstico e acesso e (2) intervenção. (Souza Filho, P.G., 2000).

Estudo de caso

Para analisar o impacto da psicologia no esporte utilizaremos um dos principais jornais do país, a Folha de São Paulo, Caderno de Esportes. O período analisado compreende desde o dia 22 a 28 de março de 2010, em especial a cobertura da fase final do campeonato paulista, o regional mais disputado do Brasil.

A fase final de qualquer campeonato exige concentração e dedicação dos atletas e, consequentemente, aumenta o assédio por parte da imprensa e torcedores. Fator decisivo para o desempenho dos atletas. Elogios, críticas, insinuações... são manchetes corriqueiras em decisões de campeonatos. E é dessa maneira que a Folha trata as finais do Paulistão 2010.

Em suma, a psicologia se confunde com o emocional e com os desejos. As manchetes se voltam para questões que deixam de lado a parte técnica. Palavras como "falham", "derrotados", "tropeços" não afetam o lado psicológico do atleta? Afinal, a imprensa é uma aliada ou inimiga do “bem-estar" do atleta? Provavelmente não poderemos responder a essa questão.

Vamos expor algumas dessas manchetes, do dia 22 de março a 14 de abril de 2010:

Folha de São Paulo – 22 de março de 2010
“Reservas falham e teste corintiano para na trave” 
Corinthians;

Folha de São Paulo – 23 de março de 2010
“Rodrigo Souto culpa Santos por críticas ao time” 
São Paulo;
“Roberto Carlos nega que haja crise entre técnico e elenco” 
Corinthians;

Folha de São Paulo – 24 de março de 2010
“Intocável. Idolatria absolve Marcos no Palmeiras”
Palmeiras;
“Luxemburgo já questionou santidade”
Palmeiras;

Folha de São Paulo – 25 de março de 2010
“Ronaldo falha, e Corinthians se perde” 
Corinthians;

Folha de São Paulo – 26 de março de 2010
“Cobrado, Ronaldo perde a classe e pede desculpa” 
Corinthians;

Folha de São Paulo – 02 de abril de 2010
“Corinthians supera sufoco e vence” 
Corinthians;

Folha de São Paulo – 06 de abril de 2010
“Santos sobra em campo e na mídia” 
Santos;

Folha de São Paulo – 07 de abril de 2010
“São Paulo se divide entre problema e frustração” 
São Paulo;
“Mata-mata leva regime espartano ao Santos”
Santos;
“Falha contra pequenos complica Corinthians” 
Corinthians;

Folha de São Paulo – 14 de abril de 2010
“Palmeiras vira mutante e contrata psicóloga” 
Palmeiras.

Como vimos nas manchetes descritas acima, o jornalismo acompanha o esporte de uma maneira lúdica que passa ao leitor sentimento, mexendo com o emocional do torcedor. A linguagem subjetiva se torna clara aos olhos do torcedor.

Podemos tratar a emoção como o principal fator psicológico do ser humano. E é também a principal arma do jornalismo esportivo. Quem define que esse ou aquele jogador falhou? Quem decreta a crise em um clube de futebol?

As notícias divulgadas pela imprensa repercutem nacionalmente e afetam o desempenho de jogadores/atletas.

Conclusão

A psicologia está ligada ao esporte e à mídia esportiva. Principalmente, pelo fato de o esporte ser paixão, estar constantemente envolvido com a emoção. E questões emocionais levam a problemas que agem no sistema psicológico de atletas e torcedores. A mídia, como intermediária, deve dosar o que é publicado. Deve saber a maneira correta de passar a informação, porque o o equívoco ou a empolgação podem ter consequências maiores que as esperadas.

Em entrevista ao site globoesporte.com, o doutor em Psicologia pela PUC-Rio, Marcelo Santana Ferreira afirma que a mídia estimula a vaidade no esporte.

"Dinheiro e fama são emblemas de alguns desejos atuais. No entanto, é preciso resistir a estes apelos, inventando novas formas de visibilidade, não essas já tão desgastadas. Talvez os próprios produtores de mídia pudessem contribuir, pensando outras formas de entretenimento, outros modos de referência ao público e ao pessoal." (globoesporte.com, acessado em 17 de março de 2010).

Referências bibliográficas

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• http://globoesporte.globo.com/ESP/Noticia/Futebol/0,,MUL182859-4274,00.html acessado em 17 de março de 2010

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