Pesquisa traça perfil dos torcedores que assistiram à final da Copa das Confederações entre Brasil e Espanha; cerca de 65% não participaram das manifestações nas ruas
Renato Homem - 03/07/2013 - 11:56 Rio de Janeiro (RJ)
Uma pesquisa de opinião levada a campo antes do jogo entre Brasil e Espanha, na final da Copa das Confederações, constatou que, ao menos no domingo, o público presente ao novo Maracanã foi bem diferente dos áureos tempos do velho Maraca. A consulta ouviu 434 torcedores e revelou, por exemplo, que 52,7% das pessoas ouvidas vieram de outras cidades do país para torcer pela Seleção, contra 31,8% que informaram morar na cidade do Rio de Janeiro.
Entre as pessoas ouvidas, 64,8% informaram não ter participado de manifestação alguma no mês passado, quando o país foi sacudido por passeatas organizadas através das redes sociais.
O custo dos estádios construídos especialmente para a competição também não passou em branco: 73,8% dos torcedores presentes ao Maracanã no domingo condenaram o desperdício, mostrando-se indignados. Eles consideraram as obras caras e desnecessárias, enquanto 22% acharam as intervenções igualmente dispendiosas, porém, necessárias.
Além de marcar a redenção do time comandado por Felipão, reacendendo a esperança na conquista do Hexa na Copa de 2014, o jogo que deu o título aos brasileiros sobre os espanhóis evidenciou também que não foi desta vez que o torcedor acostumado a frequentar as arquibancadas do velho Maraca pôde reencontrá-lo repaginado.
A pesquisa apontou ainda que entre os torcedores que informaram morar na cidade do Rio, 37,8% disseram ser da Zona Sul, contra 30,4% que deram a Zona Norte como o seu local de residência. A consulta feita por um consórcio de três empresas revelou também que 53,46% dos torcedores acomodados nas novas instalações do estádio informaram ter curso superior completo, contra 14,29% que responderam ter pós-graduação.
Entre os presentes, uma fatia expressiva (29,9%) disse ter uma renda familiar mensal entre 11 a 20 salários mínimos, enquanto 15,9% recebem acima de 21 salários mínimos. Cerca de 29% apenas recebem menos que cinco salários mínimos. A pesquisa foi feita momentos antes de a bola rolar e sua margem de erro é de 4,2 pontos percentuais.
Para a antropóloga Elizete Ignácio, diretora do instituto Clave de Fá, responsável pela consulta, os dados coletados pela pesquisa mostraram que o público que tradicionalmente frequentava o Maracanã não estava presente no domingo. Ela destacou que fatores como o preço alto dos ingressos e a venda dos bilhetes pela internet contribuíram para que o público presente ao estádio fosse formado em sua maioria por pessoas de classe média alta.
- Seguramente o preço alto dos ingressos é um fator importante. Mas também não resta dúvidas de que a venda pela internet também serviu para favorecer a vinda de torcedores de fora do Rio - analisou, destacando que entre os cariocas presentes (31,80%), a maioria seguramente estava habituada a frequentar o estádio antes mesmo de ele passar pela reforma para a Copa das Confederações.
Elizete disse ainda ser prematuro fazer qualquer prognóstico sobre o perfil do torcedor que frequentará o estádio daqui para a frente.
- Creio que ainda é uma incógnita. Vai depender muito do preço e também de como as torcidas vão se organizar -, afirmou, salientando o poder e a paixão que os clubes exercem sobre o torcedor.
- Não podemos desprezar isso. Se fosse assim não teríamos torcedores que ganham até dois salários mínimos, mas que se planejam para acompanhar seus clubes fora do estado - concluiu.
O Consórcio Maracanã S/A anunciou nesta terça-feira que no próximo dia 21 reabrirá o estádio para a partida entre Fluminense e Vasco, em jogo válido pelo Campeonato Brasileiro.
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Benê Lima