Se você está aqui no site da Universidade do Futebol certamente se interessa por futebol, provavelmente está buscando uma oportunidade para trabalhar no esporte ou pode até já estar atuando em alguma de suas áreas. Sendo assim deve também saber que os clubes mais ricos e os grandes talentos estão, já há algum tempo, na Europa e possivelmente tenha na cabeça seus 20, 30 jogadores favoritos tendo a capacidade de, com pouco esforço, montar uma seleção com seus 11 do futebol do velho mundo. Ela seria parecida com uma destas três?
Equipes de respeito, não? Tudo fica mais interessante quando se descobre que o selecionador desses três times foi um garotinho de 11 anos. O nome dele é Ignacio Barros Osborne, madrilenho e madridista. Uma criança que consegue conciliar a paixão pelos merengues e o necessário distanciamento para incluir alguns jogadores dos rivais Atlético e Barcelona na sua lista.
“Os melhores treinadores são aqueles que conseguem tirar o melhor de seus jogadores, quanto maior o nível deles mais difícil é fazer isso. Escolhi primeiro os técnicos, depois os jogadores pensando que poderiam variar do 4-4-2 para o 4-3-3 ou outras formações menos usuais” – IGNACIO BARROS OSBORNE
CONSTRUINDO A CULTURA DO FUTEBOL
O gosto de Ignacio pelo futebol começou a florescer quando o menino tinha apenas dois anos. Na época o garoto era sempre o último a ficar na escola por causa da rotina de trabalho dos pais e dava seus primeiros passes e chutes com o monitor do local. Em cada aniversário e Natal o pedido era o mesmo: chuteiras ou bolas de futebol. O menino foi crescendo, começou a frequentar os treinos em um clube da região aos quatro anos, mas o interesse pelo esporte extrapolou a prática, Ignacio se interessava tanto, ou talvez mais, por falar sobre e assistir futebol do que por jogá-lo.
Desde cedo discute de igual para igual com torcedores adultos e com uma rica memória relembra em detalhes momentos que para muitos já foram esquecidos. Consumidor feroz do esporte acompanha com entusiasmo os jogos, as mesas de debates dos programas televisivos espanhóis e no videogame… mais futebol.
Conhecer um pouco da história de Ignacio e entender como ele desenvolveu seu interesse pelo futebol nos faz refletir.
O QUE É CONHECER O FUTEBOL?
Por conhecer os jogadores, suas características, funções, posições, dados de suas carreiras e como distribuí-los no campo, o pequeno madrilenho nos lembra de muitos jornalistas, tantos outros profissionais e mesmo aficionados que são verdadeiras enciclopédias e por isso viram referências, seja nas mesas de debate, ou nas rodas de amigos, como os grandes conhecedores de futebol. Não se afirma aqui que saber todas as escalações de todas as equipes da história é conhecer esse esporte em toda sua complexidade, longe disso. A questão é que esse é um dos aspectos do esporte que os conhecedores citados acima dominam e, Ignacio e tantas outras meninas e meninos espalhados pelo Brasil e pelo mundo também, uma faceta às vezes supervalorizada que não necessariamente significa um nível profundo de conhecimento de futebol, mas que para os pequenos torcedores pode ser um bom pontapé inicial. Uma base que representa uma rica oportunidade para o desenvolvimento de um saber mais complexo e profundo. O madrilenho representa uma geração cheia de informação que está chegando e que com os estímulos certos pode aprender a pensar o futebol além da linearidade.
Ignacio é a materialização do conceito da vocação, a ideia de que, devido à grande especialização de determinado setor, como o futebol em todas as suas áreas de atuação, não é possível, ou pelo menos muito difícil, ser bem sucedido profissionalmente sem uma grande paixão pelo que se faz. A paixão é despertada pelo entendimento do que dá sentido à vida, permitindo a inspiração. Suas seleções trazem essa mensagem, de que sem amor não há interesse e sem interesse não há a motivação para se buscar informações capazes de produzir o conhecimento, mesmo que em um pequeno aspecto dos vários que compõem o fenômeno futebol, como no exemplo aqui utilizado. Manter o mesmo espírito de uma criança apaixonada é um dos pré-requisitos para estar sempre em busca do melhor, da excelência na capacitação e prática, desafio para todos os integrantes da comunidade do futebol. Ao que parece, o pequeno madrilenho começa a trilhar esse caminho.
PRÓXIMOS PASSOS
Por seu interesse e por todo o terreno que Ignacio vem preparando com o amor que nutre pelo futebol, o garoto vai trilhando um interessante caminho para trabalhar em qualquer área desse esporte, basta que ele continue interessado, determinado e apaixonado, principais premissas do processo educacional de aprendizagem já que não se deve cobrar da criança a vontade dos pais, e que o ambiente a sua volta permita e incentive o desenvolvimento de sua visão crítica através de outros conhecimentos que façam com que ele seja futuramente capaz de contextualizar toda a informação que vem armazenando ao longo de sua infância. Esta talvez seja também a missão daqueles que acreditam na transformação do futebol pelo conhecimento e do potencial deste fenômeno esportivo e cultural como privilegiado instrumento de educação.
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Benê Lima