Em maio de 2015, os 12 clubes de futebol mais populares do Brasil tinham 788.099 sócios-torcedores. Desses, 17%, ou 132.480, são mulheres. Ainda é pouco. É natural, sim, que elas sejam minoria em programas de associação pois, historicamente, o interesse delas pelo futebol é menor do que o deles. Mas os times precisam inclui-las. Não só por questão de igualdade, mas porque o público feminino é um bom – e inexplorado – negócio.
Internacional e Grêmio são os dois com maiores proporções de sócios-torcedoras em seus quadros sociais, ambos com 25%. Uma vez que são também os dois clubes com maior número de associados (apesar de critérios de inadimplência frouxos mascararem reais tamanhos), é seguro afirmar que as gaúchas são as mais próximas, pelo menos neste aspecto, do futebol.
Todos os brasileiros estão abaixo, proporcional e numericamente, do Barcelona, cujo quadro social tem 26% de mulheres. Havia 39.477 associadas em 2013/2014, que fariam o décimo maior sócio-torcedor brasileiro se decidissem fundar um clube. E elas aparentam ser mais fiéis. O Barça perdeu associados em todas quatro temporadas de 2010/2011 a 2013/2014, e elas se desassociaram em ritmo bastante inferior – 8% contra 17% – em relação a eles.
Participação de mulheres em sócios-torcedores (junho de 2015)
Atlético-MG: 9%
Botafogo: 10%
Corinthians: 20%
Cruzeiro: 15%
Flamengo: 8%
Fluminense 15%
Grêmio: 25%
Internacional: 25%
Palmeiras: 12%
Santos: 17,5%
São Paulo: 10%
Vasco: 7%
Fonte: departamentos de marketing dos clubes
Estatísticas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que, de uns tempos para cá, mulheres passaram a ter nível educacional superior ao dos homens, reduziram a disparidade em salários (uma profissional ainda ganha 73,7% do que recebe um profissional na mesma função, mas a diferença tem diminuído), passaram a ter menos filhos – dois, em média, em vez dos quatro da década de 1980 – e começaram a tê-los mais velhas, depois dos 25. São todos indicadores que colocam a mulher como uma consumidora de enorme potencial para marcas e, por que não?, times de futebol.
As grandes empresas do esporte já sacaram isso. Nike e Adidas são dois exemplos de gigantes esportivas que definiram foco na mulher. Não só no Brasil, mas globalmente.
Fora do esporte, há uma dúzia de grandes marcas do universo feminino que nem passam perto do futebol: cosméticos, moda, acessórios, entre vários outros setores. Essas companhias não têm razão para gastar com um patrocínio porque o vínculo que clubes têm com mulheres é fraco. Pois os programas de associação são um caminho para que os times se aproximem das torcedoras, conheçam-nas, saibam o que elas gostam de consumir e, com essas informações, abram o mercado para marcas femininas.
No fim das contas, a inclusão feminina ainda é boa para o próprio espetáculo. Ter mais sócios-torcedoras nos estádios é também um modo de reduzir violência e algazarra.
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Por: Rodrigo Capelo
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