Sinopse

"Neste espaço encontra-se reunida uma coletânea dos melhores textos, imagens e gráficos sobre o futebol, criteriosamente selecionados e com o objetivo de contribuir para a informação, pesquisa, conhecimento e divulgação deste esporte, considerando seu aspecto multidisciplinar. A escolha do conteúdo, bem como o aspecto de intertextualidade e/ou dialogismo - em suas diversas abordagens - que possa ser observado, são de responsabilidade do comentarista e analista esportivo Benê Lima."

segunda-feira, outubro 10, 2016

O futebol feminino tem evoluído em organização e número de competições

Futebol feminino e suas barreiras


CT da Tijuca Alimentos (Foto: Benê Lima)

O futebol no Brasil é considerado um esporte atrativo devido à característica de imprevisibilidade das
ações que estimulam a plasticidade de determinadas jogadas, sendo debatido pela sociedade através
de matérias feitas pela mídia que abordam com maior frequência o futebol masculino. Mas, e o
futebol feminino?
O status "país do futebol" não condiz com a realidade do futebol feminino que não está em evidência
na mídia possivelmente pela dinâmica de jogo não ser atraente para o público, além de não haver
boa organização e não ser sistematicamente desenvolvido, o que implica em poucos investimentos
por grandes empresas que possibilitem seu crescimento.
Porém, mesmo com a clareza desses problemas, a evolução da prática pelas mulheres ocorreu de
forma lenta, aumentando paulatinamente até o presente momento.
Fazendo um breve histórico do futebol feminino no Brasil, a primeira partida ocorreu em 1921 entre
as senhoritas tremembenses e as senhoritas catarinenses que foi considerada uma atração curiosa
e depois sendo apresentada como uma atração em circos, por ser algo diferente, que nunca foi visto
(CAPRARO; CHAVES, 2007).
Entre 1941 e 1975, havia uma lei que proibia a prática do futebol pelas mulheres e elas só puderam
praticar após 1981, ainda com restrições, pois não podiam se profissionalizar. Apenas em 1996 o
futebol feminino foi considerado como modalidade olímpica, que teve a participação da seleção
brasileira feminina e que conquistou o 4º lugar impulsionando o esporte no país.
Outras conquistas como Copa do Mundo de 1999 (3º lugar), 2007 (2º lugar), Olimpíadas de Sidney
2000 (4º lugar), Atenas 2004 (2º lugar), Pequim (2º lugar) e Pan Americano do Rio de Janeiro 2007
(1º lugar), Guadalajara 2011 (2º lugar) também foram de suma importância.
A falta de interesse dos investidores e da mídia dificulta o crescimento de praticantes nessa área,
segundo a CBF são 400 mil mulheres jogando futebol no Brasil. Em São Paulo, onde há o maior
número de praticantes, são apenas 206 federadas e somente 10% delas são profissionais. Nos
Estados Unidos, são 12 milhões de mulheres praticantes de futebol, número muito maior que o
do Brasil.
Neste contexto de nítida deficiência, a história mostra que para o crescimento do futebol feminino no
Brasil, necessitaria de mais investimento, maior interesse dos meios de comunicação, regulamentos
e incentivos que permitam os clubes acolherem a modalidade, além da valorização das praticantes
(MOREL; SALLES, 2005).
Na Europa há "Uefa’s Women’s Football Development Programme" (Programa de desenvolvimento
do futebol feminino) que foi criado para apoiar desenvolvimento do futebol feminino a curto e longo
prazo e baseia em três aspectos: imagem, base e governança. São 1,8 milhões de jogadoras
registradas e obtendo êxito no projeto piloto, em 2010. O projeto tem crescido de forma organizada
e tem financiado as mulheres de forma contínua.
O crescimento do futebol feminino no Brasil pode ocorrer através de incentivos disponibilizados pelas
federações e confederações e também com a criação de projetos que irão estimular a prática feminina
desde a categoria de base até a profissionalização não havendo declínio e ascensões dos times, e
havendo constantes renovações de atletas.
Um exemplo que foi citado e que merece destaque é o projeto da Uefa que tem surtido efeito e que
poderia ser adaptado ou servir como exemplo para ser introduzido no país. A mídia percebendo essa
diferenciação na dinâmica do futebol feminino, aliada a uma boa organização dos projetos e
competições se tornará segura em incluí-las em seus noticiários possibilitando a inserção dessa
modalidade na sociedade, auxiliando as mulheres a ultrapassar as barreiras que a impedem de
crescer.
Referências bibliográficas:
CAPRARO, A. M.; CHAVES, A. O Futebol feminino: uma história de luta pelo reconhecimento social.
Lecturas: Educación Física y Deportes. 12 2007.
MARTINS, L. T.; MORAES, L. O futebol feminino e sua inserção na mídia: a diferença que faz uma
medalha de prata. Pensar a Prática, v.10, n.1, p.69-82. 2007.
MOREL, M.; SALLES, J. Futebol feminino: Atlas do esporte no Brasil. Rio de Janeiro. 2005.

Comentários

  1. UNIFUT disse:
    Amigos, como uma pessoa do meio (do futebol feminino), embora num estado da Federação em que as coisas não são repercutidas com a mesma força de outras regiões, tenho uma visão um pouco mais positiva do quadro atual da modalidade. Creio que tivemos uns poucos ganhos mais gerais, enquanto outros foram pontuais. E exatamente por isso vejo a situação com mais otimismo.
    Aqui no estado do Ceará, temos uma competição aberta/adulto com periodicidade anual, mas nos beneficiamos também de três nacionais. A Copa do Brasil, o Brasileirão e o Sub-20 nacional do Ministério do Esporte.
    Conseguimos mais que dobrar o número de participantes do Campeonato Cearense de Futebol Feminino, além de termos promovido uma abertura do mesmo para filiados e não filiados à Federação Cearense de Futebol e à Liga Cearense da modalidade, desse modo propiciando a que escolas, faculdades, universidades e projetos sócio-desportivos possam participar da competição.
    Para o próximo ano, conseguimos construir um Calendário no qual passamos de uma para duas competições, sendo uma no primeiro semestre e a outra no segundo. A primeira delas é Sub-20, por ser a mais inclusiva das categorias, enquanto a outra é adulto/aberta, o que também possibilita a participação de meninas a partir de 14 anos.
    Ademais, hoje possuímos dois projetos-modelo, ambos com muita qualificação, tanto na formação e iniciação, quanto na oferta de benefícios assistenciais e educacionais para muitas das meninas. Temos a pretensão de que esses projetos sejam vistos pela CBF como núcleos de excelência, a fim de aquela entidade se deixe sensibilizar para o estabelecimento de parcerias.
    (…)
    Benê Lima, cronista esportivo, coordenador de futebol feminino da FCF, presidente da LCFF, membro do Conselho do Desporto do Estado do Ceará

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