A conta mais alta não paga pelo comitê é a do IBC, centro de transmissão dos Jogos, montado dentro do Parque Olímpico, na Barra da Tijuca. O valor em questão chega a R$ 4,3 milhões.
Só no Maracanã, a dívida é de R$ 1,2 milhão. O estádio, que recebeu partidas de futebol e as cerimônias de abertura e encerramento dos eventos, está sob responsabilidade do comitê desde o dia 1º de março deste ano.
No acerto com o governo do Estado do Rio e com a Odebrecht, que administra o estádio, estava acordado que as contas no período até a entrega do estádio seriam pagas pela organização do evento.
Além do pagamento das dívidas com fornecedoras, a entidade precisa executar melhorias na arena e no Maracanãzinho, que recebeu partidas de vôlei na Olimpíada.
A Light informa que negocia o pagamento com a entidade. No caso do Maracanã, não há risco de corte de luz. Outras instalações, como o Engenhão e o IBC, já tiveram a energia desligada.
Ao todo, pagamentos de contas de luz de mais de 20 instalações estão atrasados.
A inadimplência é só um dos problemas enfrentados pelo comitê. No último sábado, a
Folha revelou que a Rio-2016
deve pelo menos R$ 20 milhões a empresas que prestaram serviços para os Jogos.
A entidade chamou credores para negociações e alegou estar sem dinheiro em caixa. Ofereceu, então, o pagamento com desconto de 30%.
Inúmeros fornecedores que tentam obter seus pagamentos sem acionar a Justiça se irritaram com o pedido.
Também em consequência disso, os organizadores já sofrem uma enxurrada de processos judiciais.
Pelo menos 25 ações tramitam em tribunais do Rio, de São Paulo e nas esferas estadual e federal.
Dotado de um orçamento de US$ 2,8 bilhões (R$ 8,8 bilhões, em valores atuais), composto em sua maioria por verbas de patrocínio, aportes do Comitê Olímpico Internacional e verbas obtidas com venda de produtos licenciados e de ingressos, o comitê Rio-2016 teve de cortar despesas para garantir a realização dos Jogos.
| Eduardo Knapp/Folhapress | |
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Torcedor exibe cartaz durante a final do torneio masculino de futebol dos Jogos, no Maracanã |
OUTRO LADO
O Comitê Organizador dos Jogos Rio-2016 afirmou, por meio de sua assessoria de imprensa, que não deixará dívidas relativas à realização da Olimpíada e da Paraolimpíada no Brasil.
O diretor de comunicação da entidade, Mario Andrada, disse que a organização "honrará com todos os seus compromissos" assumidos com fornecedores, servidores e empresas contratadas.
Mario Andrada não quis confirmar os valores de débitos do comitê. À Folha, a Light informou que a inadimplência supera R$ 22 milhões.
As dívidas estão sendo negociadas entre a empresa e a Rio-2016.
O comitê organizador dos Jogos deve também para empresas que forneceram água e gás para as instalações que foram utilizadas antes e durante os eventos disputados em agosto e setembro.
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RIO-2016 E O MARACANÃ
O que é o Comitê Organizador Rio-2016?
Associação civil privada, sem fins lucrativos, aberta em 2010 para organizar os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos do Rio (cidade foi eleita em 2009). De acordo com seu estatuto, o prazo de duração da entidade se encerra em 31 de dezembro de 2023.
Quem chefia o comitê?
Desde sua constituição, o presidente é Carlos Arthur Nuzman, que também chefia o COB (Comitê Olímpico do Brasil).
De onde vem a verba?
O comitê tem orçamento superior a R$ 7,4 bilhões, que é totalmente privado, de acordo com ele. A maior parte vem de patrocínio local e de aportes do COI (Comitê Olímpico Internacional). Há também receitas de venda
de ingressos e licenciamento.
Qual é a atual situação financeira do comitê?Difícil. Ele precisou fazer convênio de R$ 150 milhões com a prefeitura para realizar a Paraolimpíada. Deve ao menos R$ 20 milhões a fornecedores e
descumpriu prazo para reembolsar 140 mil torcedores que revenderam seus ingressos -111 mil teriam sido pagos até a quinta (27).
Rio-2016 x Maracanã
O comitê assumiu o estádio em 1º de março para fazer as adaptações para os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos. O Maracanã deveria ser devolvido à concessionária neste mês, mas acordou-se que
ele ficará sob custódia até o final de novembro. A entidade precisa executar melhorias na arena (assentos e a cobertura ficaram danificados devido aos eventos) e no Maracanãzinho, que está fechado desde agosto. Além disso, tem dívidas significativas de luz (R$ 1.244.420, 42).
Colaborou MARCELO QUAZ, de São Paulo
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Benê Lima