Saída de jogo = cruzar a linha de meio campo da defesa para o ataque; contra-ataque sofrido = somente os que o adversário conseguiu finalizar; Dribles e Passes = somente no campo de ataque; Chances Perdidas = situações reais de se fazer um gol; Chutão = realizar um passe longo colocando a bola em disputa com o adversário.
As análises destas equipes nos jogos que antecederam esta final nos trouxeram alguns padrões de ambas:
- Real Madrid teve maior quantidade de tempo de posse de bola e número de finalizações em todos estes jogos do que seus adversários.
- Atlético de Madrid teve maior quantidade de tempo de posse de bola e número de finalizações somente nos dois jogos das oitavas de final, nos 4 jogos seguintes (quartas e semifinal) teve índices menores que seus adversários nos dois parâmetros.
A partir disto, concebemos que na equipe do Real predomina a intenção de propor o jogo (buscar o gol adversário através de sua organização ofensiva). Enquanto que no Atlético esta intenção não é a predominante, este busca deixar o adversário propor o jogo a fim de contra-atacar após recuperar a posse da bola. Duas estratégias de jogo bem distintas que permitiam criar uma ideia do que seria a final. Sendo assim, prognósticos de um jogo em que a tendência era de um Real atacando contra o Atlético defendendo e contra-atacando, seriam a tendência do jogo que se seguiria.
Porém, o gol no início da partida final, fato que colocou o Real numa situação mais “confortável” e obrigou o Atlético a propor o jogo, estratégia que não havia adotado nos seus últimos jogos. Essa mudança de comportamento da equipe do Atlético deixou evidente algumas dificuldades de ambas as equipes:
Atlético de Madrid – Ficou nítida a dificuldade de adaptação da equipe ao fato de ter de propor o jogo, ainda com maior tempo de posse de bola, a equipe finalizou menos, teve menos a bola em seu ataque, criou menos chances de gol de que o adversário, teve dificuldades em progredir ao gol adversário, errou e forçou através de “chutões” as tentativas de saída de jogo, além de ter oferecido muitos contra-ataques que geraram finalização do Real. Após conseguir empatar o jogo e, principalmente, durante a prorrogação, a equipe voltou a sua estratégia principal, aumentando muito o índice de recuperações no campo de defesa, porém não conseguiu gerar risco através dos contra-ataques pois o Real buscava a recuperação imediata da bola.
Real Madrid – Entrou numa certa zona de conforto após conseguir o gol no início do jogo, não buscando mais ficar com a posse da bola e deixando que o adversário tentasse propor o jogo, buscou explorar os contra-ataques, porém, apresentou um alto índice de erros de saída de jogo, sendo assim não teve tanto êxito em contra-atacar. Após sofrer o empate e principalmente na prorrogação, voltou a sua estratégia principal, aumentou seu número de finalizações, posse e recuperação da posse no campo de ataque e chances de gol perdidas, ainda assim, não conseguiu marcar mais gols.
Apresentados estes dados e a breve descrição do padrão das equipes no jogo, mais o fato de que ambas (e principalmente o Real) possuem um alto orçamento para contratações, excelentes condições de treinamento e jogo, e que estavam no ápice de sua temporada, ficam algumas questões a nos atormentar:
- Como apresentam um número de erros de saída de jogo tão alto?
- Por que se utilizam tanto dos “chutões”?
- Mesmo ficando mais tempo atrás no placar e com maior posse de bola, como o Atlético conseguiu finalizar menos que o Real? Por que tanta dificuldade em propor o jogo?
- Por que o Real não conseguiu finalizar ao gol na maioria de suas tentativas de contra-ataque?
- Até que ponto uma equipe que tem por principal estratégia propor o jogo, deve abdicar dela após conseguir passar à frente no placar?
- Qual estratégia de jogo se adapta melhor à situação de sofrer ou fazer um gol logo no início da partida?
Aliado a estes dados quantitativos, há ainda a análise qualitativa do vídeo do jogo, e tudo isso deve ainda levar em conta a ideia de jogo do clube e do treinador, além das características dos jogadores que fazem parte do elenco.
Trouxe este exemplo de análise a fim de elucidar que ao se analisar o desempenho de uma equipe a partir somente de seus placares pode ser uma via perigosa e tendenciosa de avaliação, são muitas as variáveis a se considerar e aqueles que trabalham com o futebol não podem ter somente o “olhar do torcedor”. É necessário entender a fundo os motivos de vitórias e derrotas, seja nas equipes de base ou profissionais, do contrário, muitas decisões precipitadas podem ser tomadas gerando prejuízos futuros a todos.
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Benê Lima