O grito de “puto” no tiro de meta adversário, tal qual o “bicha” no Brasil, ainda é, infelizmente, muito comum nos estádios do México. Embora a manifestação de caráter homofóbico tenha se tornado pauta até da federação mexicana, muitos torcedores continuam tendo dificuldade em notar que não há mais espaço e tolerância com atos e comentários travestidos de preconceito vindo das arquibancadas. Isso, por sua vez, deveria ser um mote para que pessoas ligadas ao futebol tratassem ainda mais desse assunto, assim como fez Ulises Briceño, jogador do Venados, time da segunda divisão mexicana.
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O zagueiro de 23 anos esperou que o hino da liga e uma ação que falava sobre a prevenção do câncer de mama fossem executados para tomar uma atitude corajosa e necessária antes do último jogo da equipe pelo campeonato nacional. Pediu autorização para utilizar o microfone e o fez para solicitar que os torcedores do Venados não gritassem “puto” quando o goleiro rival fosse cobrar tiro de meta. “Juntos temos um compromisso: que paremos com essa coisa de ‘ehhh, puto!’ e respeitemos os arqueiros adversários. É só isso que peço, vamos lá! Repito: vamos parar com o ‘eehh, puto!'”, clamou Briceño, que mesmo não carregando a braçadeira de capitão do time, agiu como um verdadeiro líder, de forma exemplar.
Depois da partida, o atleta contou que seu gesto foi impulsionado por José Luis Sánchez, melhor conhecido como El Chelís, seu treinador. Segundo ele, foi o técnico quem lhe pediu para que falasse com a torcida a respeito do desagradável grito. “Ele disse para que eu fosse seu representante, já que eu tinha personalidade para isso”, contou o zagueiro em entrevista. “O primeiro tempo da partida foi muito agradável. Ninguém proferiu o grito. Mas na segunda etapa a torcida voltou a fazer isso”.
A postura de Briceño foi elogiada por Luis Michel, o goleiro rival, quem agradeceu o oponente pela atitude. Jesús Bisguerra, o árbitro do jogo, também se manifestou positivamente a respeito. “Ei, cara, você foi muito corajoso em fazer isso. Foram poucos que se atreveram a recitar o xingo depois do seu pedido. Esperamos que funcione”, relembra o jogador o que o juiz lhe disse. O presidente da liga mexicana, Enrique Bonilla, foi outro que classificou o gesto como “muito nobre”.
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Benê Lima