Sinopse

"Neste espaço encontra-se reunida uma coletânea dos melhores textos, imagens e gráficos sobre o futebol, criteriosamente selecionados e com o objetivo de contribuir para a informação, pesquisa, conhecimento e divulgação deste esporte, considerando seu aspecto multidisciplinar. A escolha do conteúdo, bem como o aspecto de intertextualidade e/ou dialogismo - em suas diversas abordagens - que possa ser observado, são de responsabilidade do comentarista e analista esportivo Benê Lima."

quarta-feira, janeiro 04, 2012

1-3-4-3: dinâmicas da organização defensiva e ofensiva

Alguns apontamentos sobre os sistemas defensivo e ofensivo do 1-3-4-3 na tentativa de explorar melhor suas possibilidades
Leandro Zago

“A autonomia organizada no jogo de futebol (dos seus elementos), 
pressupõe liberdade e sentido para a ação”
(Le
itão, 2009)

 

A disposição dos jogadores em um campo de futebol costuma dizer pouco sobre o que realmente é a equipe. A partir de um desenho pré-definido para a ocupação do espaço de jogo, há uma intenção (jogadores - individual e equipe - coletiva) em manter essa organização durante a partida, pois isso é visto como algo vantajoso para o êxito dentro de campo. O esquema tático ou plataforma tática (Leitão, 2009) varia entre as equipes e dentro da mesma equipe ao longo dos jogos. Passando para as possibilidades dentro das plataformas, essa variedade se torna praticamente infinita.

Serão exploradas algumas situações pontuais dentro do sistema defensivo e ofensivo do 1-3-4-3 (equipe amarela nas figuras) com o meio de campo estruturado em um losango. Neste momento, não serão abordadas situações de transição (ofensiva e defensiva) especificamente.

- Sistema Defensivo: basicamente, as situações estão relacionadas à ocupação do espaço.




Figura 1 – Flutuação e Equilíbrio Horizontal

 

Na figura 1, a equipe amarela flutuou para o lado da bola na tentativa de gerar superioridade numérica, com as linhas de defesa (três jogadores) e meio (quatro jogadores) bem agrupadas permitindo pressionar a bola nessa zona do campo. Como consequência desse movimento, o lado oposto fica fragilizado podendo ser explorado pelo adversário. 

No “1-3-4-3 losango”, as linhas de defesa e meio são “estreitas”, a de defesa pelo número de jogadores (3) e a linha de meio-campo pela disposição no espaço (a figura de um losango). Isso faz com que os atacantes que jogam abertos tenham que trabalhar muito defensivamente, aquele do lado da bola pressionando o espaço (na figura acima ele está gerando pressão por trás do portador da bola) e o outro atacante deve ocupar a faixa contrária à da bola, mantendo um bom equilíbrio horizontal.




Figura 2 – Estruturação do espaço na Pressão Alta

Numericamente, o 1-3-4-3 favorece a ocupação do campo adversário. Porém, deve-se concentrar em não permitir que a bola saia do campo de ataque de maneira confortável para o adversário, pois essa vantagem numérica se reverte em desequilíbrio defensivo. Para isso, duas questões são fundamentais: pressão na bola e gestão eficaz do espaço.

Na figura 2, pode-se observar dois desenhos de meio-campo pressionando alto, um com uma figura de maior área (à esquerda) e outro com uma figura de menor área (à direita). Com maior espaço ocupado, pode-se pressionar a bola em zonas mais variadas caso o adversário consiga manter uma boa circulação sob pressão. Um losango menor mantém mais jogadores próximos à bola dificultando sua saída dessa região do campo. É uma questão de leitura (individual e coletiva) e aplicação da melhor resposta de maneira circunstancial.


- Sistema Ofensivo: as situações abordadas relacionam-se à primeira fase de construção e ao ataque ao espaço na última linha.

 



Figura 3 – Circulação da bola no campo defensivo

 

A forma como os jogadores da equipe em posse que estão sem a bola ocupam o espaço tem total interferência na capacidade de circulação e de retirada da bola das zonas de pressão construídas pelo adversário. Na figura 3, num primeiro momento (à esquerda), o portador da bola tem duas opções de passe, uma bola curta e outra média com certo risco de perda. Nenhuma opção de passe em progressão. 

Com duas movimentações (à direita), foram construídas quatro opções de passe, sendo uma em progressão e o campo foi aumentado para trás (goleiro). Com mais opções, fica dificultada a ação pressionante da equipe vermelha – essa situação gera mais momentos de indecisão à equipe sem bola.

 



Figura 4 – Ataque ao espaço pelo meia ofensivo

 

O meia ofensivo do losango pode criar superioridade numérica na linha de ataque sempre que atacar os espaços na linha de defesa no tempo correto. Jogando contra equipes que atuam com linha de quatro defensores e marcam individual por setor sustentando um defensor “na sobra”, realizando a cobertura na zona central, haverá espaço nos corredores entre os zagueiros e os lateriais conforme está destacado na figura 4. 

Além dessa situação descrita especificamente, o entendimento do conceito de atacar o espaço nos corredores da linha sempre se tornará um comportamento vantajoso, independentemente se a bola for passada ou não. Caso enfrente uma equipe que marca por zona, esse movimento poderá contribuir para “empurrar” a defesa para trás quando não houver pressão na bola, criando espaços na frente da linha defensiva.

Tão importante quanto entender essas questões estratégicas, é perceber como a equipe responde aos problemas e se essa resposta está sendo efetiva para solucioná-los. É fundamental que os atletas entendam o significado de cada movimento da equipe para que possam alinhar com sua percepção do jogo.


Referência Bibliográfica:
Leitão, R.A.A. O jogo de futebol: investigação de sua estrutura, de seus modelos e da inteligência de jogo, do ponto de vista da complexidade. Tese de Doutorado em Educação Física. Faculdade de Educação Física da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). 2009. Campinas. 2009.

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Benê Lima