O aspecto factual deve lançar um olhar cuidadoso sobre o esporte cearense
Ao lançarmos um olhar sobre o Jornalismo, percebemos a necessidade de tratá-lo pelo seu viés de segmentação para tentar dissecá-lo sob a ótica de uma sociedade cujo nível de exigência é cada vez maior. Desse ponto de vista, o Jornalismo também passa a ser um produto e regido pelas regras do marketing. Afinal, em um mundo capitalista, não podemos descuidar do aspecto comercial. Isso, contudo, não deve excluir a contrapartida de uma axiologia cujos valores contemplem o ser humano em seus aspectos mais essenciais, ajudando-os a realizarem-se em seus aspectos psíquicos.
O Jornalismo impresso está diante do processo de redescoberta de seu fazer, embora possamos considerar que já haja um embrião que o caracteriza a balizar seus caminhos. E em conformidade com a premissa que se levanta, somos levados a crer que o jornal diário deve conter, de maneira balanceada, os elementos da informação factual e da conceitual. A factual voltada às efemérides, enquanto a conceitual concentrada na verdadeira essência do conhecimento e no seu caráter de maior durabilidade. Portanto, nessa mescla de multidisciplinaridade e de interdisciplinaridade se moveria um jornalismo que certamente açambarcaria diferentes públicos e necessidades, a partir da ampliação e qualificação da base de leitores. Antecedendo a qualquer ação prática de mudança, criar-se-iam critérios para a adoção de novas pautas, a fim de que elas estivessem conectadas com os objetivos. Os temas seriam abordados em consonância com a proposta do exercício de uma abordagem da dualidade presente na realidade e na atualidade.
Na área esportiva vislumbro maiores possibilidades tanto para uma cobertura factual com maior caráter sociodesportivo e diversidade, quando enxergo a necessidade de uma abordagem temática mais conceitual. As razões para revermos nossa abordagem são as mais diversas: a necessidade de lidarmos com novas fontes e objetos do conhecimento no esporte; colocarmo-nos como agentes das mudanças e não apenas meros revérberos de um saber já difuso; apresentarmo-nos como mais um instrumento da democratização do conhecimento; promovermos o diálogo entre a pedagogia das ruas e a das academias.
A globalização apresenta contradições. A principal delas talvez seja a que se nos apresenta como o enorme desafio de harmonizarmos as premissas de um conhecimento global às peculiaridades das “aldeias” em particular. Os jornais devem ter dois tipos de conteúdo: um que os conecte com o globo, outro que legitime sua conexão com as “aldeias”. O aspecto factual deve lançar um olhar cuidadoso sobre o esporte cearense, enquanto a visão na qual predomine o aspecto conceitual deve promover a abordagem das diferentes disciplinas que permeiam o universo esportivo, para possibilitar um novo e mais completo enfoque do jornalismo esportivo.
Benê Lima
Radialista, membro do Conselho de Desporto do Estado do Ceará e membro eleito do Conselho de Leitores do O POVO 2012
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