Sinopse

"Neste espaço encontra-se reunida uma coletânea dos melhores textos, imagens e gráficos sobre o futebol, criteriosamente selecionados e com o objetivo de contribuir para a informação, pesquisa, conhecimento e divulgação deste esporte, considerando seu aspecto multidisciplinar. A escolha do conteúdo, bem como o aspecto de intertextualidade e/ou dialogismo - em suas diversas abordagens - que possa ser observado, são de responsabilidade do comentarista e analista esportivo Benê Lima."

sábado, dezembro 22, 2012

Michel Laurence, jornalista esportivo

Primeira parte da entrevista com um dos profissionais mais experientes e renomados da imprensa brasileira

Equipe Universidade do Futebol

São Cristovão e Bangu, empate sem gols, com 46 graus à sombra, sem nenhum lance para descrever. O garoto Michel tinha por volta de 15, 16 anos. O palco era o templo dos estádios do mundo, o Maracanã.  A ideia: atender a um “teste” do pai, que atuava na imprensa esportiva. O início da carreira um dos mais consagrados jornalistas que cobriram futebol está sintetizado neste parágrafo. Mas as produções e o legado para uma geração que escreve e discursa nas mídias cada vez mais tecnológicas têm uma abrangência bem maior.

Nascido em Marselha, na França, no fim dos anos 1930, Michel Laurence sempre foi talentoso. Integrante do grande time da revista "Placar" da década de 1970, verdadeira referência da época, o filho de Albert também esteve nos jornais "Última Hora", "Jornal do Brasil" e "Jornal da Tarde". Neste, a despeito, faturou uma das maiores honrarias da classe: o Prêmio Esso ao lado de José Maria de Aquino pela matéria intitulada "O Jogador é um Escravo".

Os leitores do periódico, que encerrou as atividades em 2012, descobriram que valia tudo para colocar o atleta em campo, até mascarar a dor com as famosas infiltrações. A dupla esmiuçou tudo sobre uma pauta que se mantém viva .

Laurence e Aquino também abordaram os chamados “contratos de gaveta”, e há mais de quatro décadas questionaram o fato de não haver limite de jogos a disputar enquanto a maioria dos trabalhadores conhece a carga horária. 

“O jornalismo tinha mais qualidade e mais respeito pela notícia. Uma coisa que recomendo a todos: não invente nada. Faça o que aconteceu, mas bem feito. Eu só leio desmentidos hoje em dia. A novela Ganso foi assim”, compara Laurence.

O Bangu entraria novamente na vida do pai de Bruno, repórter da Rede Globo, em 1966. Na final do Campeonato Carioca daquele ano, Almir atuava pelo Flamengo e, aos 26 minutos do segundo tempo, o time alvirrubro suburbano vencia por 3 a 0 quando o destemperado atacante partiu para cima dos adversários com o objetivo de impedir que a goleada fosse ainda maior e, principalmente, que os jogadores do Bangu dessem a volta olímpica ao final da partida. 

Armada a briga, o árbitro acabou expulsando cinco jogadores do Flamengo e quatro do Bangu, tendo de encerrar a partida. O fato é que o Bangu realmente não deu a volta olímpica na conquista do seu segundo título estadual. E a história, no dia seguinte, só foi revelada pelo protagonista da briga a um jornalista: justamente Michel Laurence.

Grande homem de televisão, ele passou pelas maiores emissoras brasileiras, como Globo, Bandeirantes, Record, Cultura e Manchete. Foi um dos idealizadores do programa "Grandes Momentos do Esportes", símbolo de qualidade da TV Cultura.

Nesta primeira parte da entrevista em vídeo concedida por Laurence à 
Universidade do Futebol, ele tece críticas ao modelo de cobertura do cotidiano dos clubes, em que os profissionais da imprensa ficam em uma espécie de “curral”, com os personagens sendo estipulados pelos assessores, em dias determinados.

“Isso é um absurdo. O que está escrito em um jornal se repete no outro. O mesmo acontece na TV. Tudo é muito igual.  Se você é um grande repórter, irá conseguir exatamente a mesma coisa que o pior dos repórteres”, resume.
 


Os Primeiros Passos





Jornalista Esportivo




O Jogador é um Escravo


 


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Benê Lima