DE SÃO PAULO
Cássio, o herói da conquista do título mundial sobre o Chelsea, joga no Corinthians, mas, economicamente, não é totalmente do clube paulista.
Caso o goleiro seja vendido, apenas 60% do valor da transferência ficará no Parque São Jorge. O resto será dividido entre empresários e investidores que o colocaram no time no início do ano.
Vassil Donev/Efe |
O presidente da Uefa, o francês Michel Platini |
Esse tipo de negócio se tornou o mais recente alvo do presidente da Uefa e pré-candidato ao comando da Fifa, Michel Platini, na cruzada pela higienização do futebol.
O Comitê Executivo da entidade que controla a modalidade na Europa decidiu no início do mês que irá proibir que terceiros (pessoas físicas ou fundos de investidores) tenham participação nos direitos econômicos de jogadores.
A pedido da Uefa e com aprovação do comitê de futebol, órgão também presidido por Platini, a Fifa deve votar em maio a extensão da medida para o mundo todo.
Mesmo que o veto não seja aprovado, a Uefa já avisou que não aceitará atletas nessas condições nas competições que organiza após três ou quatro anos de transição.
"Todos sabemos que a participação de terceiros no controle dos jogadores traz muitas ameaças à integridade financeira e das competições", disse o secretário-geral da Uefa, Gianni Infantino, durante reunião do comitê.
Há três pontos que, segundo a entidade, fazem essa prática trazer risco ao futebol.
A primeira: a preocupação com fraudes esportivas. A entidade entende que jogadores pertencentes a investidores externos e clubes bancados por parceiros são mais suscetíveis a manipulações de resultados que possam beneficiar os terceiros.
Segundo, vê o modelo de gestão como uma brecha para que o futebol seja usado como instrumento de lavagem de dinheiro de milionários com negócios ilegais.
Por fim, considera que esses investimentos apresentam um risco de fraude ao Fair Play Financeiro, regra que está em andamento e que proíbe os clubes de gastarem mais do que arrecadam.
O exemplo é simples: se o Chelsea tiver € 20 milhões no orçamento para contratar um jogador de € 40 milhões, seu dono, Roman Abramovich, ou um laranja pode adquirir os outros 50% dos direitos e ficar com metade do valor de uma transferência futura.
"Já existem várias formas de burlar o Fair Play, como patrocínios e venda de naming rights de estádios superfaturados [expedientes usados por PSG e Manchester City]", defende o advogado Marcos Motta, especialista em mercado internacional.
Para ele, o veto ao fatiamento de jogadores só empobreceria mais um mercado que sente os efeitos da crise econômica internacional.
"O que precisa é de uma regulamentação maior, de esclarecimento para que esses negócios aconteçam da maneira mais limpa possível."
O estatuto atual da Fifa diz que "nenhum clube pode permitir que um terceiro adquira a capacidade de influência em transferências ou em assuntos relacionados à sua independência, política ou desempenho de seus times."
Colaborou MARCEL RIZZO
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Benê Lima