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"Neste espaço encontra-se reunida uma coletânea dos melhores textos, imagens e gráficos sobre o futebol, criteriosamente selecionados e com o objetivo de contribuir para a informação, pesquisa, conhecimento e divulgação deste esporte, considerando seu aspecto multidisciplinar. A escolha do conteúdo, bem como o aspecto de intertextualidade e/ou dialogismo - em suas diversas abordagens - que possa ser observado, são de responsabilidade do comentarista e analista esportivo Benê Lima."

sexta-feira, dezembro 14, 2012

Ministério do Trabalho diz que 99% das crianças não realizam sonhada carreira de jogador

Em alguns clubes, as categorias de base são precárias e submetem os atletas a uma rotina diária intensa de exercícios e fortes atividades físicas, além de assédio sexual

Equipe Universidade do Futebol

Em um país como o Brasil, onde o futebol tem um papel de grande "relevância sociocultural", quase toda criança sonha em tornar-se jogador no futuro. Porém, pelo menos em campos brasileiros, o sonho é muito distante da realidade.

Isso porque, segundo o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), 99% das crianças e adolescentes que sonham em realizar a carreira de jogador profissional de futebol não conseguem chegar ao objetivo. As informações são do portal Aprendiz.

Atraídos pelo sonho de fama e riqueza em um grande clube, as crianças são afastadas de seus pais, levadas por olheiros para outros estados ou até países com a promessa de se tornarem o próximo Ronaldo ou Neymar.

 

"Os malefícios que podem ser causados às crianças e aos adolescentes que deixam seus lares em idade precoce, com sacrifício ao direito à convivência familiar para morarem em centros de treinamentos de futebol, são irreversíveis", afirmou o chefe da Divisão de Fiscalização do Trabalho Infantil no MTE, Luiz Henrique Ramos Lopes.

Para a ex-tenista e diretora da ONG Atletas Pela Cidadania, Patrícia Medrado, esses meninos perdem laços afetivos para desenvolver, precocemente, relações profissionais.

"Muitas vezes são submetidas a esforços físicos desaconselháveis para o seu desenvolvimento e acabam vítimas da ganância de empresários", aponta.

Em alguns clubes, as categorias de base são precárias e submetem os atletas a uma rotina diária intensa de exercícios e fortes atividades físicas. O caso mais recente aconteceu com a Portuguesa Santista, que foi multada em R$ 50 mil pela Justiça por manter 12 garotos paraenses também em condições sub-humanas, dividindo três colchonetes numa kitnet de 40 metros quadrados, suja e com a geladeira vazia.

Para o ministério, o trabalho infantil informal tende a ser uma preocupação muito maior nestes casos do que a própria exploração de crianças no esporte, como o aumento de casos envolvendo exploração e turismo sexual, consideradas piores formas de trabalho infantil.

"O ambiente de treinamento de atletas, onde há uma grande aglomeração de crianças e adolescentes, longe das famílias, acaba facilitando a ação de pedófilos, podendo haver até uma ‘aceitação’ do adolescente para subir na carreira", analisou Ramos Lopes.

A ONG Atletas Pela Cidadania defende o conceito de esporte educacional, elaborado pela Organização das Nações Unidas (ONU), que visa a prática esportiva com orientação e foco na educação, ocupando espaços públicos e ampliando a oferta às comunidades mais atingidas pelo alto índice de trabalho infantil e baixa escolaridade.

"O esporte isoladamente não educa, ele precisa ser pedagogicamente modificado e trazer agregado esse conteúdo", afirma a diretora da ONG, Patrícia Medrado.

"É importante que se valorize o ser humano antes do atleta e que se busque a melhor qualificação dos profissionais atuantes", selou.

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Benê Lima