*Alexandro Corrêa Lopes / Universidade do Futebol
Estado tem o dever de fomentar a prática desportiva formal e não-formal, consoante a Constituição Federal
Em 2011, a Lei Pelé sofreu alterações relevantes a respeito do contrato de formação de atleta não-profissional. Nesse sentido, a lei avançou no aspecto da formação desportiva responsável, trazendo aos clubes a possibilidade de buscar compensações financeiras nas hipóteses da não realização do primeiro contrato especial de trabalho, com o atleta formado, ou da inviabilidade de sua renovação, tudo apoiado na Certificação de Clube Formador conferida pela CBF.
Essas modificações revelam a reivindicada adequação às diretrizes da Fifa e União Europeia, no sentido da proteção aos menores em formação, bem como aos clubes que investem seriamente no desenvolvimento educacional desses atletas.
A política adotada por aquela comunidade, ratificada pela Fifa, foi desencadeada após a grande transformação mercadológica do futebol pelo fato da extinção do instituto do passe. A partir desse precedente jurisprudencial, ficou assente que todo atleta-cidadão de um dos Estados-membros da União Europeia, tendo seu contrato de trabalho encerrado, está livre para negociar novo contrato com outro clube de qualquer Estado-membro, sem a exigência de indenização financeira.
Com efeito, a entidade máxima do futebol estabeleceu, como pressupostos básicos à condução dessa relação educacional e desportiva, novo regulamento acerca da transferência de jogadores, com a implantação de proteção na formação de atletas menores e bem assim do mecanismo de solidariedade nas transferências internacionais, para compensar os clubes formadores e educadores.No Brasil, são aspectos fundamentais no sistema normativo: a autonomia de organização e funcionalidade das entidades esportivas e dirigentes, a recepção de normas internacionais, a estruturação das competições por modalidade - desde o desporto de base até o desporto de rendimento – e a previsão do direito de formação aos clubes certificados, que atenderam rigorosamente aos requisitos legais, assim como o mecanismo de solidariedade nacional.
O Estado tem o dever de fomentar a prática desportiva formal e não-formal, consoante a Constituição Federal.
Todavia, os grandes clubes brasileiros têm realizado investimentos significativos na formação desportiva e educacional de atletas. As implantações legais do direito de firmar o primeiro contrato especial de trabalho, gerado pelo vínculo desportivo da formação, do direito de preferência na primeira renovação e bem assim do inovador mecanismo de solidariedade interno conferem à relação atleta/clube formador um redimensionamento das responsabilidades.
Consequentemente, tais entidades estão cumprindo uma função precípua do Estado no desenvolvimento social e educacional de um cidadão, capacitando-o para enfrentar qualquer outro mercado de trabalho.
*Alexandro Corrêa Lopes é advogado, Especialização em Direito Empresarial e Economia pela FGV-RS; Especialização em Direito Penal Econômico pela Escola Superior da Magistratura Federal ESMAFE-RS; Pós-graduando em Gestão e Direito Desportivo pelo INEJE - Instituto Nacional de Estudos Jurídicos e Empresariais em parceria com IBDD - Instituto Brasileiro de Direito Desportivo; Pós-graduando em Gestão, Marketing e Direito no Esporte pela FGV em parceria com FIFA e CIES..
Sinopse
"Neste espaço encontra-se reunida uma coletânea dos melhores textos, imagens e gráficos sobre o futebol, criteriosamente selecionados e com o objetivo de contribuir para a informação, pesquisa, conhecimento e divulgação deste esporte, considerando seu aspecto multidisciplinar. A escolha do conteúdo, bem como o aspecto de intertextualidade e/ou dialogismo - em suas diversas abordagens - que possa ser observado, são de responsabilidade do comentarista e analista esportivo Benê Lima."
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terça-feira, dezembro 25, 2012
Clubes de futebol: os novos formadores de cidadãos
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Benê Lima