A chuva castigava Belo Horizonte na manhã de domingo (13) e a seleção era regida por Tite, na Cidade do Galo. "Agride, agride!", dizia. A segunda etapa do trabalho exigia dos jogadores saírem da marcação por pressão, num espaço mínimo: "Cola os dois!", gritava Tite, pedindo marcação dobrada em cima do homem com a bola.
A atividade teve três momentos distintos e durou 75 minutos. Primeiro com os jogadores divididos em três times em espaço reduzido. Depois, com a saída da pressão, sem as traves. Mais tarde, com elas. Por último, jogadas ensaiadas em faltas e escanteios, muitos deles curtos.
Que o elenco gosta da parte tática está estampado no rosto de cada jogador. "Tite pode trabalhar em qualquer time do mundo. Além de um grande técnico é um ótimo gestor de pessoas, qualidades que Guardiola também tem", disse Daniel Alves.
Lembre-se de que o lateral da Juventus foi quem defendeu Guardiola na seleção. No sábado, atirou, sem querer, um tijolo na cabeça de Dunga, ao afirmar que a seleção melhorou com os mesmos jogadores de antes: "Mudou pouca coisa, exatamente o que precisava mudar."
Como Tite, Dunga ganhou suas cinco primeiras partidas em seu último ciclo. Diga-se, enfileirou onze triunfos consecutivos. A diferença é que eram amistosos. Estrear com cinco vitórias, todas em partidas de competição, jamais havia acontecido na seleção brasileira.
Contra a Argentina, Tite interferiu ao inverter as posições de Paulinho e Renato Augusto. Paulinho passou a dar o primeiro combate a Lionel Messi, com Fernandinho por perto. Também estudou o fluxo dos passes. O camisa 10 recebe mais bolas de Otamendi, Funes Mori e Mascherano. Por isso, Gabriel Jesus recuou para vigiar os zagueiros e congestionar o lado esquerdo na defesa. É mais estudo do que conversa.
Não vai ser fácil vencer pela sexta vez, contra a seleção peruana. O Brasil ganhou lá pela última vez em 2000 e empatou nas últimas duas viagens a Lima. A seleção perdeu só uma vez neste ano e foi justamente para o Peru. É o menor número de derrotas entre todas as seleções em 2016, junto com a França. Surpreendente perceber isso no final de uma temporada trágica, com eliminação da Copa América e conclusões de que o fracasso passava por uma geração sem talento nem personalidade.
SEM TALENTO?
Não é tempo de empolgação, apenas de diagnósticos mais precisos. O Brasil tenta corrigir problemas criados pelo excesso de rupturas de 2010 a 2016. A contratação de Tite trouxe o apoio popular. A nova comissão técnica também cativou o elenco por promover uma espécie de dia a dia virtual, com conversas pessoais, telefônicas ou por redes sociais diariamente, mesmo com os jogadores em vários lugares do mundo.
O último traço de união é de estilos. Tite é o primeiro técnico da seleção em trinta anos a exaltar a Copa de 1982, mas fala também de 1970 e valoriza a conquista de 1994. O falso dilema de ganhar jogando feio ou perder jogando bonito já deveria estar superado desde 2002, conquista com o melhor ataque e sete vitórias em sete jogos.
A seleção da reconstrução respeita a história e projeta o futuro, porque trabalha com o que há de mais moderno no presente.
TROCA-TROCA
A única coisa concreta do almoço entre os presidentes do Santos, Modesto Roma, e do São Paulo, Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, é que os santistas se interessam por Michel Bastos. "Os jogadores que nos serviriam, o Santos não colocaria numa troca", diz Leco. Fala de Zeca, Renato, Thiago Maia e Lucas Lima.
DESFALQUE
A avaliação do Palmeiras é de que a lesão do zagueiro Mina foi leve. Talvez seja problema para o jogo de quinta-feira contra o Atlético-MG, mas não para o resto do Brasileirão. Por mais conforto que a tabela do torneio mostre, perder em Belo Horizonte não está nos planos de Cuca.
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Benê Lima