EDUARDO RODRIGUES / LUIZ COSENZO
Levantamento da Folha mostra que a atual edição do torneio registra a pior média de gols de faltas diretas da década. A pesquisa levou em conta apenas cobranças com um toque na bola.
Nas 34 rodadas disputadas até o momento, somente 14 vezes a rede balançou desta maneira, o que dá uma média de 0,41 gols. Gustavo Scarpa, do Fluminense, foi o único jogador que marcou mais de uma vez assim.
Mister Shadow/ASI | ||
O ex-goleiro Rogério Ceni em lance contra o Criciúma, no Morumbi, em jogo do Brasileiro de 2013 |
O futebol brasileiro já contou com exímios batedores de falta, como Zico, Roberto Carlos, Marcos Assunção, Ronaldinho Gaúcho, Marcelinho Carioca e Rogério Ceni.
O ex-goleiro, por exemplo, fez quatro gols no Brasileiro-2006, quando o São Paulo conquistou o seu primeiro título nos pontos corridos.
Contemporâneo de Ceni, o ex-palmeirense Marcos Assunção fez 12 gols em duas edições do torneio –cinco em 2010 e sete em 2011. Os dois anos registraram as maiores média da década: 1,15 gols por rodada, o que representa quase o triplo deste ano.
"Falta aos jogadores treinarem mais cobranças. Falta quererem um pouquinho mais", diz o ex-volante.
"No Palmeiras, eu pedia para os funcionários aumentarem o grau de dificuldade. Pedia para aumentar a altura da barreira de treinamento. Elas têm 1,80 m, mas no jogo enfrentamos jogadores que têm mais de 1,90 m de altura", conta Assunção, que afirma que repetia 150 cobranças por treino.
Assim como Assunção, Marcelinho Carioca credita seu sucesso nas faltas à insistência nos treinamentos.
"Eu usava a mesma chuteira que utilizaria na partida e procurava criar dificuldades nos treinamentos, como diminuir a distância da barreira, além de analisar o posicionamento do goleiro", afirma o meia, 45, autor de quatro gols de falta no título brasileiro conquistado pelo Corinthians em 1998.
Outro que cita a importância da repetição antes dos jogos é o ex-meia Alex, 39, ex-Palmeiras e Coritiba.
Milton Cruz, que trabalhou com Rogério Ceni por mais de 15 anos, diz que o ex-goleiro treinava de 80 a 100 faltas por dia. Ele acumulou 132 gols de bola parada em sua carreira dedicada ao São Paulo.
"Ele chegava antes do treino e colocava o colete no travessão e ficava cobrando falta. Nos jogos, o Ceni tinha um truque. Ele esperava o árbitro contar os passos da barreira e ajeitava a bola um passo para trás, já que sabia que a barreira ia andar", conta Cruz.
Para Oswaldo de Oliveira, atual técnico do Corinthians, os jogadores continuam "treinando normalmente". O que mudou foi a forma com que as partidas se desenvolvem.
"Como a frente do gol tem sido muito bloqueada, as equipes têm jogado mais pelas laterais. Diminuiu muito o fluxo na frente da área. É muito difícil você ver alguém correndo atrás de jogador naquela região. Com isso, diminuiu o número de faltas na entrada da área", analisa.
O último gol de falta na atual edição do Campeonato Brasileiro foi marcado pelo meia-atacante do Altético-MG, o venezuelano Otero, na 32ª rodada.
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Benê Lima