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"Neste espaço encontra-se reunida uma coletânea dos melhores textos, imagens e gráficos sobre o futebol, criteriosamente selecionados e com o objetivo de contribuir para a informação, pesquisa, conhecimento e divulgação deste esporte, considerando seu aspecto multidisciplinar. A escolha do conteúdo, bem como o aspecto de intertextualidade e/ou dialogismo - em suas diversas abordagens - que possa ser observado, são de responsabilidade do comentarista e analista esportivo Benê Lima."

quarta-feira, novembro 16, 2016

Sem cobradores de destaque, despenca média de gols de falta no Brasileiro


EDUARDO RODRIGUES / LUIZ COSENZO 



As cobranças de faltas próximas da grande área faziam o torcedor ficar em pé na arquibancada e esfregar as mãos na esperança de um gol. Ultimamente, porém, já não há motivos para o entusiasmo, ao menos no Campeonato Brasileiro.

Levantamento da Folha mostra que a atual edição do torneio registra a pior média de gols de faltas diretas da década. A pesquisa levou em conta apenas cobranças com um toque na bola.

Nas 34 rodadas disputadas até o momento, somente 14 vezes a rede balançou desta maneira, o que dá uma média de 0,41 gols. Gustavo Scarpa, do Fluminense, foi o único jogador que marcou mais de uma vez assim.

Mister Shadow/ASI
O ex-goleiro Rogério Ceni em lance contra o Criciúma, no Morumbi, em jogo do Brasileiro de 2013
O ex-goleiro Rogério Ceni em lance contra o Criciúma, no Morumbi, em jogo do Brasileiro de 2013

O futebol brasileiro já contou com exímios batedores de falta, como Zico, Roberto Carlos, Marcos Assunção, Ronaldinho Gaúcho, Marcelinho Carioca e Rogério Ceni.

O ex-goleiro, por exemplo, fez quatro gols no Brasileiro-2006, quando o São Paulo conquistou o seu primeiro título nos pontos corridos.

Contemporâneo de Ceni, o ex-palmeirense Marcos Assunção fez 12 gols em duas edições do torneio –cinco em 2010 e sete em 2011. Os dois anos registraram as maiores média da década: 1,15 gols por rodada, o que representa quase o triplo deste ano.

"Falta aos jogadores treinarem mais cobranças. Falta quererem um pouquinho mais", diz o ex-volante.

"No Palmeiras, eu pedia para os funcionários aumentarem o grau de dificuldade. Pedia para aumentar a altura da barreira de treinamento. Elas têm 1,80 m, mas no jogo enfrentamos jogadores que têm mais de 1,90 m de altura", conta Assunção, que afirma que repetia 150 cobranças por treino.

Assim como Assunção, Marcelinho Carioca credita seu sucesso nas faltas à insistência nos treinamentos.

"Eu usava a mesma chuteira que utilizaria na partida e procurava criar dificuldades nos treinamentos, como diminuir a distância da barreira, além de analisar o posicionamento do goleiro", afirma o meia, 45, autor de quatro gols de falta no título brasileiro conquistado pelo Corinthians em 1998.

Outro que cita a importância da repetição antes dos jogos é o ex-meia Alex, 39, ex-Palmeiras e Coritiba.

"O que eu fazia era treinar com a barreira mais perto, uns seis ou sete metros, para dar uma facilitada na hora do jogo. Os meninos que estão surgindo agora precisam treinar para quando estiverem com 23, 24 anos encontrem a batida certa", afirma.

Milton Cruz, que trabalhou com Rogério Ceni por mais de 15 anos, diz que o ex-goleiro treinava de 80 a 100 faltas por dia. Ele acumulou 132 gols de bola parada em sua carreira dedicada ao São Paulo.

"Ele chegava antes do treino e colocava o colete no travessão e ficava cobrando falta. Nos jogos, o Ceni tinha um truque. Ele esperava o árbitro contar os passos da barreira e ajeitava a bola um passo para trás, já que sabia que a barreira ia andar", conta Cruz.

Para Oswaldo de Oliveira, atual técnico do Corinthians, os jogadores continuam "treinando normalmente". O que mudou foi a forma com que as partidas se desenvolvem.

"Como a frente do gol tem sido muito bloqueada, as equipes têm jogado mais pelas laterais. Diminuiu muito o fluxo na frente da área. É muito difícil você ver alguém correndo atrás de jogador naquela região. Com isso, diminuiu o número de faltas na entrada da área", analisa.

O último gol de falta na atual edição do Campeonato Brasileiro foi marcado pelo meia-atacante do Altético-MG, o venezuelano Otero, na 32ª rodada.
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Benê Lima