LUIZ COSENZO
DE SÃO PAULO
DE SÃO PAULO
A atual campeã da Copa Libertadores, a Ferroviária, time do interior de São Paulo, fez uma aposta ousada para buscar o bi da competição. O clube terá no comando uma novata de 25 anos.
Será a primeira vez que Michele Kanitz dirigirá uma equipe de futebol.
"Queríamos uma metodologia de trabalho mais moderna. No início, ela ficou reticente em assumir porque não tinha experiência. Achei que esse receio era uma questão de humildade e resolvemos dar a chance porque vimos capacidade, qualidade e oportunidade de crescimento.", explica Danilo Zero, 32, diretor da equipe feminina da Ferroviária.
A gaúcha de Muçum, cidade localizada a 115 quilômetros da capital Porto Alegre, é formada em educação física e está concluindo a especialização de futebol na Universidade Federal de Viçosa.
Antes de estudar e virar técnica, jogou futsal até aos 14 anos, mas desistiu porque as escolinhas não atingiam o número limite de meninas. Antes de virar treinadora, Michele pensou em ser médica. Chegou a ser aprovada no vestibular de medicina, mas desistiu antes de começar o curso. Optou por entrar na faculdade de educação física. Durante a graduação fez os cursos de Licença C —direcionada a profissionais formados em Educação Física– e B –para técnicos de categoria de base e ex-jogadores– da CBF para treinadoras, além de análise de desempenho. Fez também especialização em coaching.
"O futebol é uma gestão de pessoas", diz.
Neste período, estagiou como analista de desempenho no Inter, Atlético-PR, Atlético-MG, São Paulo e Santos, onde conviveu com a realidade do futebol feminino.
"Tive convites para trabalhar em escolas, mas sempre mantive o foco de buscar um clube de futebol. Sou insistente e persistente", afirma.
Michele diz que foi vítima de preconceito quando começou a trabalhar no futebol.
"As pessoas não olhavam para você como profissional e sim como mulher. Agora, estou calejada", afirma.
O torneio continental será disputado entre os dias 6 e 20 de dezembro no Uruguai.
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Benê Lima