Sinopse

"Neste espaço encontra-se reunida uma coletânea dos melhores textos, imagens e gráficos sobre o futebol, criteriosamente selecionados e com o objetivo de contribuir para a informação, pesquisa, conhecimento e divulgação deste esporte, considerando seu aspecto multidisciplinar. A escolha do conteúdo, bem como o aspecto de intertextualidade e/ou dialogismo - em suas diversas abordagens - que possa ser observado, são de responsabilidade do comentarista e analista esportivo Benê Lima."

sexta-feira, setembro 25, 2009

Como um talento pode ser reconhecido?
É necessário um embasamento a partir de dados científicos para melhora do material humano nacional
Douglas Tajes Jr.

Aqui no Brasil são pouco divulgadas essas linhas de pesquisas, ou são meramente excluídas dos temas de pesquisas. Também, com certa razão, pois é um tema muito complexo e sem muitas definições teóricas para explicar tal fenômeno. Assim, certas pessoas, baseadas no empirismo, têm sido contratadas para identificar os talentos para o futebol dos grandes clubes, mas comprovado na prática que muitos também não têm uma porcentagem muito grande de acertos.

Não temos como prever o futuro de um menino apenas observando-o jogando futebol num campo de várzea. Podemos, sim, identificar alguma facilidade desse menino ou menina com a bola.

Na questão de identificação de um talento, Joch (2005, p. 43), relata que:

“Na falta de critérios inequívocos, são mencionadas características sem sistema e ao acaso, que se baseiam em hipóteses de formação corporal, (suposto) potencial genético, tolerância à carga, dedicação ao treino, alto desempenho juvenil, condições ambientais favoráveis ao desempenho, etc. É considerável a variedade de critérios, específica à modalidade esportiva, vinculada à experiência subjetiva de cada um. Combinações de critérios, também mencionadas em relações cientificamente comprovadas, referem-se aos desempenhos marcantes precoces, em combinação com interesse especial e aumento rápido de desempenhos obtidos sem grande esforço.”

Outros autores, como Gabler e Mergner (1990, p. 8), definem talento com um elevado grau de liberdade e baixa precisão no detalhe:

“Como talento esportivo pode ser chamada uma pessoa que, em uma certa etapa do desenvolvimento, possui determinadas condições corporais, motoras e psicológicas e que, com condições externas favoráveis, com grande probabilidade, irá alcançar altos desempenhos futuros.”

Embora digamos que essa definição é de baixa precisão, precisamos tomá-la como um parâmetro, pois, infelizmente, na literatura nacional, não temos uma definição melhor. Por isso, comento que precisamos de uma política esportiva mais elaborada e preocupada com essa questão da identificação de talentos esportivos, mas isso precisa ser estudado cientificamente e colocado em prática, a fim de que possamos aumentar ainda mais a qualidade de nossos futuros jogadores de futebol.

Existe outra linha de pesquisa defendida por Michel e Novack (1983, p. 43-44), que diz respeito a vocação, interesse especial, determinação e promoção pelo meio ambiente, como sendo determinantes de um talento. Aqui, como sinônimo de vocação:

“Podemos falar de vocação especial, quando já em idade precoce, desempenhos acima da média e até excepcionais são alcançados. Esta vocação especial é reconhecida por meio das seguintes características:

1. A criança já apresenta na idade pré-escolar uma tendência incomum de realizar certas tarefas;

2. A criança realiza as tarefas com uma certa facilidade e felicidade, e demonstra interesse especial e motivação para o esforço de alcançar desempenhos ainda maiores;

3. A vocação é desenvolvida em idades precoces, onde sobretudo o importante é a educação e promoção pelo ambiente.”

Com essas citações, nota-se a preocupação europeia com a identificação de talentos esportivos já na mais tenra idade; assim, podemos entender como países que têm dimensão territorial e populacional menor do que a do Brasil (um “país continental”) possuem tantos atletas bem formados e sendo considerados sempre os melhores do mundo. Na Europa existe essa preocupação do embasamento científico para colocar em prática nos treinamentos a melhor metodologia possível, colhendo dessa forma ótimos frutos.

Precisamos despertar para essas questões de identificação de talentos baseadas em dados científicos, para que assim possamos melhorar ainda mais o nosso material humano.

Bibliografia

Bompa, T. O. Periodização: teoria e metodologia do treinamento. 4 ed. São Paulo: Phorte, 2005.

Joch, W. O Talento Esportivo: identificação, promoção e perspectivas do talento. Rio de Janeiro: Publishing House Lobmaier, 2005.

Weineck, J. Treinamento Ideal. 9 ed., São Paulo: Manole, 2003.

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Benê Lima