Erich Beting
Ontem, definitivamente, desisti de tentar. Domingão de rara folga, depois de passar o dia em família fui me aventurar em assistir à Mesa Redonda, para tentar acabar com a síndrome de que esses programas de bate-papo sobre futebol na TV perderam cada vez mais sentido.
Depois de cinco minutos cheguei à conclusão de que, realmente, não existe mais a menor condição de alguém suportar acompanhar um programa de bate-papo sobre futebol, especialmente quando o debate é em canal de TV aberta.
Descobri que o meu limite para suportar os duelos verbais na TV tem ficado menor do que o tempo de intervalo entre um merchandising e outro.
Com a popularização da TV em banda larga e com o crescimento do acesso aos diferentes meios de comunicação, é praticamente impossível, hoje, o torcedor das classes sociais mais privilegiadas ainda se dar ao luxo de suportar um programa de mesa-redonda na televisão.
Como o Campeonato Brasileiro ainda tem desses inexplicáveis atrasos, a internet no Brasil já permite que, cinco minutos depois de o gol acontecer, o internauta assista a ele, na íntegra, mas ainda com a narração feita para a televisão.
Não conseguimos ainda quebrar a barreira da transmissão ao vivo para a internet, que poderá começar a revelar uma migração do telespectador das classes A e B para a tela do computador na hora de assistir a um jogo de futebol.
Para esse tipo de consumidor, muito mais do que o debate, o que vale é a bola dentro do gol. E, para isso, o torcedor que antes não tinha outra opção a não ser aguardar a mesa-redonda, agora pode simplesmente ligar o seu notebook, em qualquer lugar, e ver apenas os gols que lhe interesse, naquele exato momento.
Deve ser por isso que os programas de debate se digladiam para ver qual consegue ser mais apelativo para chamar a atenção, na lógica simplista de que as pessoas só querem ver desgraça e, com isso, ao promover todo e qualquer tipo de debate, turbina-se a audiência. Até balizadas discussões sobre homossexualidade foram vistas no último domingão.
Cada vez mais chego à conclusão de que a melhor coisa numa mesa-redonda é o merchandising. Pelo menos ali sabemos que não se faz qualquer coisa pela audiência...
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Benê Lima