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"Neste espaço encontra-se reunida uma coletânea dos melhores textos, imagens e gráficos sobre o futebol, criteriosamente selecionados e com o objetivo de contribuir para a informação, pesquisa, conhecimento e divulgação deste esporte, considerando seu aspecto multidisciplinar. A escolha do conteúdo, bem como o aspecto de intertextualidade e/ou dialogismo - em suas diversas abordagens - que possa ser observado, são de responsabilidade do comentarista e analista esportivo Benê Lima."

sexta-feira, setembro 11, 2009

Análise: Brasil 4 x 2 Chile, pelas Eliminatórias Sul-Americanas
Forte marcação chilena na saída de bola brasileira dificultou muito os avanços pelas laterais até o placar de 2 a 0
Equipe Universidade do Futebol
O Brasil se mostrou um pouco desentrosado devido às alterações no sistema de jogo e em alguns nomes. Teve dificuldades no início, mas foi novamente eficiente para fazer seus gols. O grande destaque foi Nilmar, que, apesar de ter participado bem menos do jogo do que Adriano, mostrou grande poder de finalização para fazer três gols para a seleção.

Outro referencial, segundo o Scout Online, foi Daniel Alves. Com grande participação no jogo, se mostrou uma boa alternativa para o meio-campo. Porém, há a preocupação em relação ao ufanismo proporcionado por grande parte de mídia, críticos, torcida e até... Dunga. Ele, que foi chamado para trazer seriedade à equipe nacional e tem feito bem esse trabalho. Na última quarta-feira tripudiou sobre o torcedor atrás do banco e se esbaldou na coletiva.

Alguns podem argumentar com os números obtidos por ele, claro! Classificado, líder, dois jogos (duas vitórias, sete gols pró e três contra), invicto neste ano, campeão de tudo que disputa, vitória contra grandes potências. Os números são incontestáveis, mas na contra mão da maioria, há o alerta para alguns pontos que podem ser fatais em uma Copa do Mundo:
· O Brasil tem sido dominado pelos adversários, desde o jogo contra o Egito pela Copa das Confederações. Se a bola não entrar na Copa, poderá haver problemas.

· André Santos mostrou muita fragilidade defensiva: não é lateral-esquerdo e não joga mais assim no Fenerbahçe. Diante dos chilenos, mostrou muitas dificuldades quando foi verdadeiramente exigido.

· Felipe Melo, que acertou a saída de bola brasileira com seu bom toque de bola (lembrando que começou a carreira como meia), porém demostrou um perigoso temperamento explosivo para um volante. Uma expulsão como a da última quarta em um jogo eliminatório pode ser fatal. Deve-se ter cuidado em confiar em um atleta para uma Copa sem ter uma boa convivência, e este pode ser o caso de Felipe.

· O Brasil não tem nenhum fora de série, talvez Kaká, e nas Copas em que foi campeão sempre teve um que decidiu. A força do grupo pode não ser suficiente no contexto nacional. A Itália, só para ilustrar, ganha Copas assim. O Brasil ainda não.

· Cuidado com os resultados! Dois exemplos: em 2002, a Argentina chegou como líder das eliminatórias e foi um fiasco; o Brasil, que se classificou no sufoco, sagrou-se pentacampeão. Talvez as eliminatórias sejam para as Copas o que o Campeonato Estadual do Rio tem sido para os clubes cariocas: não há comparativo de nível de exigência, e por isso mesmo não deve ser referência para a avaliação.
Brasil – eficiência ofensiva e Júlio César: decisivos para mais uma vitória


Dunga teve que fazer várias alterações na equipe. Por isso, também alterou o sistema de jogo: sem Robinho, a seleção abandonou o 4-2-3-1 e adotou o 4-2-2-2. Julio César teve Maicon na direita, Luisão e Miranda centralizados e André Santos na esquerda, formando a linha defensiva. Gilberto Silva e Felipe Melo como volantes e Julio Batista e Daniel Alves na meia ofensiva. No ataque, Adriano e Nilmar.

Vale ressaltar que taticamente para a equipe Adriano foi muito mais importante e participativo do que Nilmar, mas claro que isso é ofuscado, e com razão, pelos três gols do jogador colorado; o flamenguista, porém, fez um bom trabalho de pivô ao segurar a bola para o time sair de trás.

Como o Chile cumpriu o prometido por seu técnico, Marcelo Bielsa, e jogou para cima do Brasil no 4-3-3. O encaixe de marcação, de certa forma, foi favorável para a seleção brasileira, principalmente no setor de meio-campo, onde havia um atleta a mais.

Contudo, os volantes brasileiros não saíram ao ataque, e este fator não foi muito explorado, salvo as situações de contra-ataques em que a bola era roubada e a vantagem numérica ficava evidente. Porém, a forte marcação chilena na saída de bola brasileira dificultou muito os avanços pelas laterais, e até o placar de 2 a 0 o Chile dominou as ações do jogo com boa circulação de bola e com evidente vantagem de Alex Sanchez sobre André Santos.

Maicon conseguiu marcar bem Beauseajour, mas não conseguiu apoiar. No ataque, Daniel Alves e Nilmar exploraram bem os espaços entre os zagueiros e laterais na linha defensiva e, assim, saíram os gols brasileiros.

Com a expulsão de Felipe Melo na segunda etapa, Dunga recuou um pouco os
atacantes e centralizou Gilberto Silva, abrindo Julio Batista pela esquerda e Daniel
Alves pela direita. Perdendo o domínio do jogo no meio-campo, o treinador brasileiro
mexeu e bem na equipe - Adriano deu lugar a Diego Tardelli, aumentando a
versatilidade da equipe no ataque.


Além disso, Elano entrou no meio e André Santos saiu quando estava a ponto de ser
expulso, com Daniel Alves sendo deslocado para a lateral esquerda, anulando
Sanchez até com certa facilidade.
Neste momento, o encaixe ficou da maneira ilustrada e o Brasil aproveitou para
controlar a partida. O trabalho de Dunga e Jorginho durante o jogo foi muito bom,
porém é esperada uma uma maior consciência do verdadeiro estágio da equipe e do
corpo técnico.
Chile – futebol ofensivo, marcação alta e boa compactação. Mas a defesa entrega...

Para quem não acreditou em El Loco Bielsa, como é conhecido o técnico argentino, se
surpreendeu com a ousadia do Chile em Salvador. Postado no 4-3-3 e com marcação
forte na saída de bola brasileira, o time chileno mostrou boa circulação de bola e
compactação sem a bola, porém falhou demais na defesa diante de jogadores
decisivos, como Nilmar.
O goleiro Bravo teve Mendel na direita, Ponce e Jara centralizados e Vidal na
esquerda, formando uma rígida linha defensiva. Carmona e Millar como volantes
deram sustentação para Matías Fernandez armar o jogo. Beauseajour ficou aberto na
esquerda, o perigoso Suazo centralizado e Alex Sanchez, na direita, infernizando
André Santos e Felipe Melo.

Com um jogador a mais, Bielsa tentou deixar sua equipe mais ofensiva. Sacou, então,
Vidal para a entrada de Cereceda. O volante Millar deu lugar a Isla, enquanto Suazo
deu lugar a Valdivia que, definitivamente, não é atacante de área. O time caiu de
produção, tomou mais dois gols e ainda teve Alex Sanchez expulso.
É possível que o Chile se classifique para a Copa da África. E se arrumar a defesa e jogar dessa maneira, poderá fazer bonito. Porém, não pode empatar em casa com a Venezuela...

Para uma outra análise, acesse o site: www.futeboltatico.com.br, que apresenta o relatório do jogo pelo Scout Online.

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Benê Lima