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"Neste espaço encontra-se reunida uma coletânea dos melhores textos, imagens e gráficos sobre o futebol, criteriosamente selecionados e com o objetivo de contribuir para a informação, pesquisa, conhecimento e divulgação deste esporte, considerando seu aspecto multidisciplinar. A escolha do conteúdo, bem como o aspecto de intertextualidade e/ou dialogismo - em suas diversas abordagens - que possa ser observado, são de responsabilidade do comentarista e analista esportivo Benê Lima."

sexta-feira, setembro 25, 2009

Um calendário para o Torneio de Integração Nacional
Dar espaço para que os pequenos possam jogar ao longo de toda a temporada é fundamental. É o que a proposta apresenta aos 640 outros clubes do cenário brasileiro
Luis Filipe Chateaubriand

No artigo da semana passada, era discutida a possibilidade de os 60 clubes que disputam o Campeonato Brasileiro – 20 na primeira divisão, 20 na segunda divisão e 20 na terceira divisão – terem seus 38 jogos em cada série somente aos fins de semanas, o que os deixaria ocupados entre a segunda parte de agosto de um ano e a primeira parte de maio do ano seguinte; ou seja, a temporada praticamente inteira do novo calendário do futebol brasileiro, adaptado ao calendário mundial.

O que se pode perguntar é: na medida em que existem cerca de 700 clubes profissionais no futebol brasileiro, o que os outros 640 clubes podem fazer na mesma época aproximada? O presente documento visa responder isso.

O Torneio de Integração Nacional deve envolver 640 clubes Brasil afora, excluídos os 60 das séries A, B e C. Será uma espécie de quarta divisão do futebol brasileiro, realizada em 42 fins de semanas: 21, entre agosto e dezembro; 21, entre janeiro e maio.

Na primeira fase do torneio, os 640 clubes são divididos em 64 grupos regionais, de 10 clubes cada um. A ideia é que os clubes próximos geograficamente estejam no mesmo grupo, o que, em termos logísticos, propicia a redução de gastos.

Em cada grupo de 10, os clubes jogam entre si em turno (nove rodadas), em returno (nove rodadas), em novo turno (nove rodadas) e em novo returno (nove rodadas). Classificam-se para a fase seguinte os cinco primeiros colocados de cada grupo de 10, de acordo com a campanha em pontos corridos ao longo das 36 rodadas.

Em se classificando cinco clubes em cada um dos 64 grupos, têm-se 320 clubes avançando para a segunda fase, que se dará desta maneira:

• Os 320 clubes são divididos em 160 grupos de dois clubes e, em um jogo, há 160 clubes classificados (uma rodada)

• Os 160 clubes são divididos em 80 grupos de dois clubes e, em um jogo, há 80 clubes classificados (uma rodada)

• Os 80 clubes são divididos em 40 grupos de dois clubes e, em um jogo, há 40 clubes classificados (uma rodada)

• Os 40 clubes são divididos em 20 grupos de dois clubes e, em um jogo, há 20 clubes classificados (uma rodada)

• Os 20 clubes são divididos em 10 grupos de dois clubes e, em um jogo, há 10 clubes classificados (uma rodada)

• Os 10 clubes são divididos em cinco grupos de dois clubes e, em um jogo, há cinco clubes classificados (uma rodada)

Portanto, depois dessas seis rodadas, os cinco clubes classificados são os que ascenderão ao Campeonato Brasileiro da terceira divisão da temporada seguinte, da mesma forma que os cinco últimos colocados do Campeonato Brasileiro da terceira divisão juntam-se aos 635 restantes do Torneio da Integração Nacional, na temporada seguinte.

Têm-se, então, 42 rodadas, ou 42 fins de semanas, para se realizar o certame: 36 da primeira fase (grupos de 10) e seis da segunda fase (“mata mata”).

Um detalhe importante é que os jogos da fase “mata mata” não são de ida e volta, mas únicos. Assim, o clube que, entre os dois que jogam, tiver feito melhor campanha na primeira fase, terá o mando de campo, da mesma forma que poderá empatar para se classificar.

Em um calendário racional, esse torneio adquire um fundamental e estratégico papel, pois se garante que os 640 clubes que o disputam façam, ao menos, 36 jogos neste campeonato, ao longo de quase nove meses. Portanto, esses 640 clubes, assim como os 60 das divisões maiores, têm atividade ao longo de toda a temporada: os 700 clubes têm atividade ao longo da temporada.

O fato de todos os clubes profissionais jogarem ao longo de toda a temporada, e é isso que o Torneio de Integração Nacional propicia, acaba com a lamentável situação de várias agremiações que ficam “meses a fio” sem jogar – algo bastante salutar e que contribui para que os interesses dos grandes e dos pequenos clubes sejam conciliados.

Dar espaço para que os pequenos clubes possam jogar ao longo de toda a temporada é fundamental. É isso que o Torneio da Integração Nacional possibilita.

*Luis Filipe Chateaubriand é autor do livro 'Futebol brasileiro: um projeto de calendário', pela editora Publit (www.publit.com.br).

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Benê Lima