Hernanes demorou para conquistar seu espaço, mas quando conseguiu, emendou duas grandes temporadas como principal meio-campista do São Paulo – protagonista nos títulos brasileiros de 2007 e 2008 – e consolidou seu nome no clube. A partir daí, sim, sentiu-se à vontade para dar um passso adiante na carreira e migrar para o futebol europeu.
Ao desembarcar em agosto de 2010 na Lazio, no alto de seus 25 anos, Hernanes parecia um autêntico habitante da capital italiana. Pronto desde os primeiros instantes para o desafio em um novo país e em uma nova realidade esportiva, o pernambucano se destacou logo nas primeiras partidas, resultando também em uma primeira convocação à seleção brasileira principal, comandada por Mano Menezes.
No clube romano, o ex-são-paulino tem atuado em uma posição mais avançada, diferentemente de como costumava se intitular no Morumbi: “sou volante”, dizia. Mas Hernanes está muito satisfeito e garante que pretende seguir nesta posição.
“Estou crescendo bastante e sei que posso melhorar. E quero aproveitar que fui convocado desta forma para a seleção. Mas sou um jogador versátil e posso recuar um pouco, dependendo da necessidade. Ou seja, não é uma regra. O futebol está mudando. Antigamente, havia pontas que só sabiam ir ao fundo, driblar e cruzar. Hoje, todos têm que ser mais versáteis e saber fazer diversas funções”, argumentou o jogador, em entrevista ao site oficial da Fifa.
No começo, admite, havia um pouco de discussão na Itália em relação à sua polivalência, porque, explicou Hernanes, “eles não entendiam muito bem como era a posição de segundo volante do Brasil”. Na Lazio, ele é um meia que fica atrás do atacante, e isto está bem decidido para todos.
Ao seu lado, não em campo, mas fora dele, Hernanes conta com o suporte de uma espécie de treinador pessoal. Trata-se do mineiro Jota Alves, que realizava trabalho semelhante com o atleta no São Paulo.
“Ele tem me ajudado bastante. Antes de conhecê-lo, segui uns exercícios específicos que ele havia passado a outro jogador [Dagoberto] e deu certo. Ganhei força, passei a saltar mais e até fiz gol de cabeça. Depois começamos a trabalhar juntos”, revelou Hernanes.
Nas palavras do jogador, Jota Alves é um estudioso que analisa comportamentos ofensivos e defensivos e dá nomes às técnicas que muitos atletas fazem por intuição.
“Quando eu era volante, trabalhava técnicas ofensivas, para roubar a bola e sair para o ataque ou fechar os espaços. É uma questão de observar e usar estas técnicas. Se você pegar meus números nos últimos anos, sou um jogador que tem crescido aos poucos, enquanto outros aparecem e se sobressaem mais rapidamente. Tenho aprendido ao longo dos anos e quero continuar assim”, elencou.
Hernanes diz que as técnicas não são difíceis de serem entendidas. É tudo uma questão de lógica. Ele tem uma programação que segue dentro de campo. Para cada situação, possui várias alternativas.
“Um exemplo é a tabela, que é uma técnica coletiva. Se você faz esse movimento e recebe em direção ao gol, acaba criando uma situação. Se não recebe de volta, ou se a bola vai para outro jogador, precisa estar preparado para executar e completar a jogada da melhor maneira”, definiu Hernanes, que se vê no melhor momento da trajetória profissional.
Questionado, em termos de técnica, o que lhe falta para evoluir e chegar ao ápice de um jogador moderno, Hernanes garante que quer melhorar seu cabeceio.
“Quando vim para cá, aceitei o desafio de jogar mais avançado, de costas para o gol, mesmo tendo dificuldades. Hoje, esse problema está superado. E, agora, o que quero melhorar para ficar completo – e isso faz parte do trabalho com o Jota Alves – é atacar cada vez melhor. Para isso, preciso melhorar meu cabeceio. Quando fizer mais gols de cabeça, aí sim vou ter fechado o ciclo”, finalizou.
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Benê Lima