Sinopse

"Neste espaço encontra-se reunida uma coletânea dos melhores textos, imagens e gráficos sobre o futebol, criteriosamente selecionados e com o objetivo de contribuir para a informação, pesquisa, conhecimento e divulgação deste esporte, considerando seu aspecto multidisciplinar. A escolha do conteúdo, bem como o aspecto de intertextualidade e/ou dialogismo - em suas diversas abordagens - que possa ser observado, são de responsabilidade do comentarista e analista esportivo Benê Lima."

quarta-feira, outubro 21, 2009



COM PÉ E CABEÇA – ANO IV – Nº161

“Porque existem coisas sem pé nem cabeça”


“Há os que ruminam uma retórica burlesca, como se isso fosse um elemento confiável de uma dialética verdadeira.” (Benê Lima)


Opinião

VIRTUDES E DEFEITOS DE UM MODELO ULTRAPASSADO DE ARBITRAGEM

Poucos são os que falam sobre o tema arbitragem com humanidade e responsabilidade

Por onde ando e me deparo com o polêmico tema arbitragem, procuro tratá-lo dentro da real perspectiva que lhe é inerente. Ou seja, considerando as dificuldades que lhe são próprias, desconsiderando as imagens (principalmente as da televisão), pois não considero nem equânime nem lícito, a concorrência de pós-imagens nem sempre esclarecedoras (e mesmo que o fossem), confrontadas com as decisões instantâneas que a arbitragem tem de tomar.

Diante dos diferentes pontos de vista das câmaras e de exaustivas repetições, incontáveis são as vezes em que vemos a falta de consenso entre os comentaristas. Portanto, o que dizer da dificuldade de árbitros e assistentes que, sem direito a rever os lances nem a nenhum outro recurso de recuperação de imagem, têm de tomar decisões em um brevíssimo lapso de tempo? E o pior: tendo um único ângulo e perspectiva do lance.

Ademais, mesmo que levemos em conta a ótica maquiavelista, o ‘preço’ de um árbitro deveria ser o valor que ele recebe por uma partida, multiplicado pelo número potencial de todas as partidas que ele ainda realizaria em sua vida profissional. E como forma simbólica de restituir – como se isso fosse possível – a perda moral que a ele atingiria, o valor extraído como resultado da multiplicação seria duplicado. E talvez, quem sabe, valeria a pena dinheiro no bolso, reputação na lama, e, também, quem sabe, uma passagem de ida para o inferno. Será? Não sei!

Breve contabilidade

Um árbitro que trabalhe em apenas duas partidas por mês, ao fim de dez anos ganhando em média R$500 por partida, terá auferido R$120 mil. Árbitros de maior remuneração ultrapassam a soma mínima de R$360 mil.

Ficam as indagações: Quem estaria disposto a pagar o valor mínimo pela degradação de uma carreira? E quem estaria disposto a degradar sua carreira por um valor mínimo?

Sabemos, contudo, que a estupidez humana às vezes sucumbe ao poder de sedução do vil papel-moeda, em face da deformação do caráter individual. Mas, felizmente, isso não representa a regra.

A outra face da questão

Tenho acompanhado por amostragem, mas com maior proximidade, a conduta de nossa arbitragem, sobretudo nos jogos da 3ª Divisão Cearense de Profissionais. E o que me é dado observar, é suficiente para que eu possa elaborar alguns juízos acerca do nível dessas arbitragens, especialmente no que se refere à postura dos profissionais envolvidos (árbitros, assistentes, 4º árbitro e delegado ou representante).

Não pretendo neste espaço fazer uma retrospectiva sobre o que já falei em minhas colunas, tanto no Artilheiro como em meu blog, mas sim fazer acréscimos ao que já mencionei em oportunidades passadas.

Observando a mais uma partida, novamente me deparei com algumas atitudes que denotaram pusilanimidade por parte da arbitragem. Vale salientar neste ponto que essa característica (a da pusilanimidade) nem sempre toma conta de todo o grupo nela envolvida. E isto foi o que sentimos no sábado p.p., no estádio Juvenal Melo, em Crateús, quando do confronto pela Terceirona Cearense, entre as equipes do Crateús e do Caucaia.

De acordo com nossa observação, exceção feita ao árbitro Luzimar Siqueira, ficaram patentes alguns aspectos de uma arbitragem ‘caseira’. Senão vejamos.

a) Aceitação, por parte do 4º árbitro, da atitude imprópria dos atletas suplentes e principalmente do preparador físico da equipe local, que repetidamente adentravam à área técnica;

b) Atitude também imprópria foi vista com freqüência por parte do técnico da equipe local, conforme pode ser comprovado em foto publicada em nosso blog (www.blogdobenelima.blogspot.com);

c) Decisão acertada do 4º árbitro, em solicitar ao policiamento a retirada do auxiliar técnico e do roupeiro do Caucaia de um dos túneis de acesso ao gramado, todavia, a decisão mostrou-se tendenciosa por não ter sido estendida aos integrantes do Crateús, equipe local;

d) Registramos ainda o assistente número um dividindo uma garrafa que parecia conter água, ou algum outro líquido, com os atletas do time local, o que no mínimo configura despreparo do referido profissional;

Vale ressaltar que, alguns aspectos que envolveriam interpretação e a consideração de questões subjetivas de aplicação do árbitro Luzimar Siqueira, estão sendo deixados de lado, como por exemplo, os três minutos de acréscimos, seguidos de mais um, além de neste período a marcação de três faltas frontais a favor do time da casa.

Concluímos, pois, que pelo que vimos nas partidas dos mandantes América (17/10/09) e Crateús (17/10/09), que a arbitragem precisa ser reorientada e um pouco mais prestigiada, a fim de que um mais estável clima de neutralidade seja instaurado, o que certamente reprimiria o desejo sempre latente dos mandantes de obterem algum tipo de vantagem da arbitragem.

(...)



EFEMÉRIDES

O fantasma do rebaixamento

Há pelo menos duas maneiras de encarar a derrota do Fortaleza para o Atlético Goianiense. Uma delas é bater na tecla desgastada dos defeitos e erros cometidos, que deram à equipe o espectro de um time com característica de rebaixado. A outra que é a de nossa preferência neste instante, é ressaltar que a equipe produziu para ganhar, mas não se preparou para poder acumular ‘gordura’ para perder sem merecer.

Muitas foram as vezes nesta competição em que o Fortaleza perdeu por não merecer ganhar. Mas, contra o Atlético/GO, não foi esse o script. O Tricolor do Pici conseguiu, progressivamente dentro da partida, sair de uma situação de dominado à de dominador, de inferiorizado em volume de jogo e organização tática a massacrador. Por isso, pelos prismas de maior consistência a que fizemos referência, a derrota do Fortaleza pode até ter representado um justo castigo dentro do plano geral do desempenho da equipe ao longo da competição. Contudo, ao focalizarmos somente a partida de ontem, podemos dizer que assistimos a mais uma daquelas homéricas injustiças que só o futebol sabe produzir.

Conclusão. Sem dúvida, para o Fortaleza a tarefa de permanência na 2ª Divisão do Brasileirão adquiriu ares de dramaticidade.

Sem Mota o ataque do Ceará desbota

A concepção da força coletiva de um time de futebol é uma realidade inquestionável – sabemos. Por isso, por razões de bom senso e coerência, não se deve supervalorizar a individualidade. E sobre isso, os exemplos estão aí aos borbotões.

Mota representou acréscimo ao ataque alvinegro, e justo em um momento de decisão, em que as equipes abrem a ‘borboleta do turbo-compressor’, sua ausência passa a ser fator determinante para uma sensível diminuição do poder de fogo da equipe.

Do ponto de vista da Portuguesa, seu técnico Wagner Benazzi passou apuros no 1º tempo, mas soube modificar o panorama da partida, tanto pelas substituições que promoveu como pelas mudanças táticas adotadas.

Já a PC Gusmão faltou um pouco mais de inspiração, mas também é preciso que se leve em conta as poucas opções de banco de que ele dispunha.

Vale pontuar dois aspectos determinantes para a queda de produção da equipe no 2º tempo: a queda do rendimento físico e a baixa produção individual de alguns atletas. Além, é claro, dos méritos da equipe adversária.



BREVES E SEMIBREVES ®

Luis Carlos

Nenhuma novidade. Apenas a eclosão de um problema pré-anunciado. Não que o ‘hulk’ não tenha falado algumas verdades. Tanto falou que se espera que daqui por diante, alguns de seus opositores dentro do grupo passem a jogar mais, bem mais.

Mota

De sua passagem anterior pelo Ceará até aqui, o futebol de Mota evoluiu. Mais maduro, mais cooperativo, mais tático e mais conhecedor dos atalhos dos campos. Apesar da estrondosa característica coletiva do time alvinegro, a ausência de Mota se faz sentir, a ponto de quase desfigurar o ataque de sua equipe.

Roberto Fernandes

Sem extremismo, seja para mais ou para menos, é justo que se diga que o atual comandante técnico do Fortaleza tem passado uma imagem de muita competência, aliada a boa dose de transparência. Suas falas, em regra, têm carregado o componente da lucidez, no mais das vezes elucidando questões e emprestando aos fatos do futebol uma maior compreensão por parte do público.

Não se enganem

A saída de Luis Carlos também foi uma medida que serviu de estímulo, para que o técnico Roberto Fernandes continuasse a frente do comando técnico leonino. E se Fernandes for até o final da competição, estará dando uma demonstração de muita coragem.

Ficaram devendo

Na partida contra a Portuguesa, em Mogi Mirim, os atletas Geraldo, Welington Amorim e principalmente Fábio Vidal estiveram abaixo do que podem render. Foram aplicados, mas ficaram devendo tecnicamente. Isso comprometeu o rendimento ofensivo da equipe, sobretudo no 2º tempo.

Discordo

Querem transformar o zagueiro Everaldo em mais um bode expiatório dos problemas do Fortaleza. Everaldo não é mau jogador. Tem razão o técnico tricolor, que na atual situação passou a prestigiar o rapaz.


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Benê Lima