Em artigos anteriores a este, discutia-se o que fazer com 42 fins de semanas entre agosto de um ano e maio do ano seguinte, na proposta de calendário adaptado ao europeu, ou mundial. A estrutura ficou assim:
• Dois primeiros fins de semanas destinados à disputa da Supercopa do Brasil.
• 38 fins de semanas seguintes, entre o terceiro e o quadragésimo, destinados à disputa do Campeonato Brasileiro das séries A, B e C.
• Dois últimos fins de semanas destinados à disputa da Recopa das Américas.
• Observação: ao longo dos 42 fins de semanas, joga-se o Torneio de Integração Nacional, correspondente à Série D do Campeonato Brasileiro, envolvendo 640 clubes que não joguem as séries A, B e C.
Então, a pergunta que se impõe é: o que fazer com os 42 meios de semanas do mesmo período, ou seja, de agosto de um ano a maio do ano seguinte?
O presente documento visa mostrar que uma competição, a Copa Sul-Minas, ganha relevância para ajudar a preencher essas 42 datas.
A Copa Sul-Minas foi criada no início deste século, juntando clubes expressivos do Sul do Brasil com clubes expressivos do estado de Minas Gerais. Primeiramente, existiu a Copa Sul e, a posteriori, os clubes de Minas foram incorporados.
Fruto das pressões de federações estaduais de futebol, o torneio foi extinto. Um grave erro, pois a competição tinha todas as condições de ser um grande êxito técnico e comercial ao longo dos anos, colocando, frente a frente, grandes clubes do Sul e de Minas e, em especial, os dois grandes de Porto Alegre – Internacional e Grêmio – e os dois grandes de Belo Horizonte – Cruzeiro e Atlético Mineiro.
Aqui, portanto, propõe-se a volta da competição. Pode ser jogada por uma liga fixa de 16 clubes, a saber:
• Quatro do Rio Grande do Sul: Grêmio, Internacional, Juventude e Caxias.
• Quatro de Santa Catarina: Avaí, Figueirense, Criciúma, Joinville.
• Quatro do Paraná: Atlético-PR, Coritiba, Paraná, Londrina.
• Quatro de Minas Gerais: Atlético-MG, Cruzeiro, América-MG, Ipatinga.
Como pode ser a forma de disputa dessa competição?
Os 16 clubes jogam entrei si em turno único, em uma competição de pontos corridos, classificando-se os oito primeiros para a fase seguinte (15 rodadas).
Os oito clubes classificados são divididos em quatro grupos de dois, assim: a) primeiro da fase anterior x oitavo da fase anterior; b) quarto da fase anterior x quinto da fase anterior; c) segundo da fase anterior x sétimo da fase anterior; d) terceiro da fase anterior x sexto da fase anterior.
São dois jogos em que o melhor clube entre os dois que se confrontam se classifica (duas rodadas).
Os quatro clubes classificados são divididos em dois grupos de dois, assim: e) vencedor de a x vencedor de b; f) vencedor de c x vencedor de d.
São dois jogos em que o melhor clube entre os dois que se confrontam se classifica (duas rodadas).
Enfim, os dois clubes classificados disputam o título em dois jogos (duas rodadas).
São, portanto, 21 rodadas para se realizar o certame. Ele pode ser disputado em 21 meios de semanas dos 42 disponíveis, entre agosto e dezembro.
Cabe ressaltar dois adendos:
• Nas 15 rodadas da fase classificatória, oito clubes farão oito jogos com o mando de campo e sete sem o mando de campo, e outros oito farão sete jogos com o mando de campo e oito jogos sem o mando de campo. Na temporada seguinte, repete-se a tabela, mas com os mandos de campo invertidos. Assim, evita-se beneficiar alguns clubes em detrimento de outros.
• Os clubes que disputarem a Copa Sul-Minas não disputam Estaduais. Parece ser benéfico para grandes clubes do eixo Sul-Minas optarem por esta competição, muito mais atraente que os campeonatos gaúcho, catarinense, paranaense e mineiro.
Trazer de volta a Copa Sul-Minas é algo imperativo, pois pode colaborar para que os grandes clubes do eixo regional mencionado possam alavancar maiores receitas de bilheteria, patrocínio e televisionamento do que conseguem nos Estaduais, gerando prosperidade.
*Luis Filipe Chateaubriand é autor do livro 'Futebol brasileiro: um projeto de calendário', pela editora Publit (www.publit.com.br).
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Benê Lima