A pergunta é, a cada dia, mais recorrente nas redações esportivas do país. Afinal, quando se fala sobre esporte tratamos de jornalismo na essência ou de um entretenimento? Qual é a função do jornalista que hoje trabalha com o esporte?
Ao longo dos anos, o futebol foi tratado tão a sério nas mesas-redondas e redações que, ao que tudo indica, a fórmula se esgotou. Ninguém mais aguenta o excesso de informações que permeiam o meio futebolístico. Sabemos, pelos mais diferentes meios, absolutamente tudo o que acontece dentro de um clube, uma competição, na casa de um jogador...
Nesse contexto, o comentarista “sério”, que tenta informar e comentar a informação, tem caído cada vez mais em descrédito, especialmente entre os jovens. De que adianta ele fazer essa pose toda séria se já sabemos o que vai falar? Se a opinião dele não deixa de ser uma mera opinião, sem embasamento teórico, sem conhecimento técnico, sem nada além do que aquilo que o torcedor já sabe, ou pelo menos está acostumado a saber...
Dentro dessa realidade, o ano de 2010 pode significar uma pequena quebra de paradigma em relação à importância do jornalista de esporte enquanto jornalista de informação, de apuração de notícias. O espaço para uma “bomba” é cada vez menor. Mais do que isso, o que o torcedor quer é ver o atleta como centro do espetáculo, seja dentro de campo, seja depois, na hora do programa de TV.
Acabou essa história de que a informação do jornalista é preciosa. O que se quer consumir é uma maneira diferente de jornalismo, muito mais voltado para o espetáculo do que para a seriedade.
Para ajudar aqueles que já começam a despontar com esse tipo de jornalismo (o Globo Esporte, com Thiago Leifert no comando, evidenciou essa nova alternativa para se falar de esportes no Brasil), está aí um time como o do Santos, em que a prioridade é o gracejo em vez do futebol de resultados.
O ano de 2010 poderá ser emblemático em relação à transformação do jornalismo de esporte, na sua essência, num espetáculo de entretenimento, muito mais do que na sisuda mesa-redonda. E o time do Santos é a válvula de escape para que essa fórmula funcione.
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Benê Lima