Sinopse

"Neste espaço encontra-se reunida uma coletânea dos melhores textos, imagens e gráficos sobre o futebol, criteriosamente selecionados e com o objetivo de contribuir para a informação, pesquisa, conhecimento e divulgação deste esporte, considerando seu aspecto multidisciplinar. A escolha do conteúdo, bem como o aspecto de intertextualidade e/ou dialogismo - em suas diversas abordagens - que possa ser observado, são de responsabilidade do comentarista e analista esportivo Benê Lima."

quinta-feira, abril 22, 2010

Os quatro pilares da economia portuguesa do futebol
Enquanto o Sporting se sustenta na formação de atletas, o Benfica valoriza bastante a venda de ingressos e a associação, e o Porto é recordista mundial em negociação de destaques

Embora com problemas estruturais evidentes e referenciados, muitos deles compartilhados por algumas das maiores ligas europeias de futebol, os clubes portugueses conseguem ainda assim apresentar algumas soluções de destaque no que diz respeito à capacidade em gerar receitas.

Como em muitas ligas, a transferência de jogadores é a maior fonte de receitas dos clubes, estando diretamente relacionada e dependente de três fatores: formação, prospecção e capacidade de negociação. Por outro lado, os torcedores são o alimento base de todos dos clubes, o associativismo juntamente com venda de bilhetes e de lugares anuais é decisivo o equilíbrio financeiro dessas agremiações.

Deixamos aqui exemplos de sucesso em termos de angariação de receitas praticados pelos portugueses. Enquanto alguns destes exemplos são referências e modelos a seguir em nível nacional, outros são modelos de destaque internacionalmente, servindo mesmo de case study a muitos dos grandes clubes do Velho Continente.

1. Formação e Prospecção

A Academia do Sporting é hoje uma das mais conceituadas academias mundiais no que diz respeito à formação de jovens jogadores. Já há algumas décadas que a formação do Sporting produz alguns dos melhores futebolistas do mundo: Futre, Figo, Simão, Quaresma, Cristiano Ronaldo, Nani, etc.

Nas últimas décadas, o clube tem se beneficiado financeiramente da venda dos seus melhores jogadores e com a implementação pela Fifa do sistema de compensação a clubes formadores - o Sporting tem continuado a gerar receitas nas transferências entre outros clubes de jogadores formados em Alvalade.

2. Negociação e Transferência

A capacidade de negociação dos clubes é determinante após estarem garantidos os dois pontos anteriores (formação e prospecção). Hoje, qualquer grande clube europeu que deseja reforçar o seu plantel tem a Liga Portuguesa como uma das melhores montras mundiais de jogadores. No aspecto da negociação e venda de jogadores, o FC Porto destaca-se consideravelmente, tendo gerado através deste meio mais de 380 milhões de euros nos últimos 10 anos, constituindo desta forma um recorde em nível mundial.

No patamar dos clubes com menos recursos, mas também digno de referência, está o excelente trabalho dos dirigentes do SC Braga, que nos últimos cinco anos geraram cerca de 25 milhões de euros na venda de jogadores.

3. Sócios e Adeptos

Portugal é o país da Europa com maiores tradições no que diz respeito ao associativismo, conseguindo colocar os seus três maiores clubes entre os 10 clubes do mundo com maior número de associados. A campanha “Kit Novo Sócio” realizada pelo Benfica, além de levar o clube ao topo da lista mundial de clubes com mais associados, ultrapassando o colosso FC Barcelona, foi um exemplo do modelo a adotar no que diz respeito a cativar simpatizantes do clube.

Atualmente, com cerca de 190.000 sócios pagantes, o Benfica consegue gerar cerca de 10 milhões de euros nesse tipo de receita. Quanto aos clubes com menos massa adepta, o destaque vai para o Vitória de Guimarães, que através de diversas ações junto dos seus simpatizantes, ultrapassa hoje os 35.000 associados.

4. Bilheteira e Lugares Anuais

Além de estar relacionada com os resultados desportivos, a venda de bilhetes está relacionada com o número de adeptos do clube e com as formas de marketing utilizadas para angariar mais. Numa liga onde a capacidade dos estádios não está em questão, pois as percentagens de ocupação dos estádios são muito baixas, o Benfica destaca-se com médias de assistência entre os 45.000 e os 50.000 espectadores.

Fora da esfera dos três grandes nacionais, o V. Guimarães é referência como o 4º clube português em termos de assistências nos estádios, com uma média de cerca de 15.000 espectadores.

Por outro lado, a venda de lugares anuais está dependente dos resultados desportivos do ano anterior. O recorde de venda de lugares anuais teve como origem no Sporting, que em anos anteriores conseguiu vender cerca de 35.000 lugares anuais, gerando mais de 7,5 milhões de euros neste tipo de receita.

De salientar também os mais de 20.000 lugares anuais vendidos pelo V.Guimarães, que embora com números inferiores aos lugares anuais regularmente vendidos por Benfica e Porto, destaca-se devido à reduzida quantidade de adeptos e associados em relação aos clubes anteriores.

Fonte: Futebol Finance

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Benê Lima