Esporte encena ritual coletivo de intensa densidade dramática e cultural, em consonância com a realidade do paísMarcelo Mendes CastilhoO presente trabalho tem como objetivo realizar uma análise histórica dos fatores políticos que afetaram o futebol e a sociedade, e se há ainda alguma relação direta do Estado com o desempenho da Seleção Brasileira em Copas do Mundo. Para isso foram relatados todos os períodos políticos que marcaram o governo brasileiro desde meados do século XIX até o momento atual com algumas perspectivas futuras, uma vez que a globalização infere de forma cada vez mais direta na representação do esporte, principalmente o futebol.
O Estado observando a forte cultura do futebol que se espalhava em todas as classes sociais utilizou-se deste meio como divulgação de sua política a fim de se associar aos resultados futebolísticos, agindo com certa influência no comando do futebol nacional, nas suas políticas públicas e controlando-o diretamente conforme as características do governo.
Assim, o futebol foi obrigado a se adaptar à incontrolável profissionalização dos atletas, a introdução do negro na sociedade – como ferramenta de valorização do futebol e necessidade de um maior mercado consumidor, as diferentes funções da modalidade nos regimes ditatoriais desde a Era Vargas até o Regime Militar, e na sua democratização no final do século XX - mais recentemente – com a abertura do futebol também ao mercado externo, como consequência da política do neoliberalismo, globalizando jogadores, clubes e até seleções.
No contexto da globalização, há em especial no caso do Brasil, as diversas disputas políticas que envolvem a realização da Copa do Mundo FIFA 2014 e dos Jogos Olímpicos de Verão no Rio de Janeiro em 2016, além da modernização do futebol brasileiro como um todo na tentativa de diminuir a condição de país exportador de jovens jogadores para Europa e Ásia e adquirir uma melhoria geral para o torcedor na sua condição de consumidor do futebol.
Introdução
A razão da análise entre o futebol brasileiro e suas diretas e indiretas relações políticas que o envolviam e organizavam se dá pelos diferentes períodos políticos que o Estado governou a partir de meados do século XIX, que impulsionaram o esporte e principalmente o futebol, conforme seus interesses e necessidades.
Ao retratar os quadros sociais existentes nas épocas ditatoriais brasileiras devemos relatar especialmente dois importantes períodos: a República Velha (1889 à 1930) e a Ditadura Getulista, ou Era Vargas, (de 1930 à 1945) (FAUSTO, 2002) Posteriormente a este período houve a República Nova (1945 à 1964), o Regime Militar (1964 à 1985) e a Nova República (1985-presente).
O futebol nestes primeiros períodos já ganhou naturalmente alguma „popularidade? entre quase todas as classes, mesmo sendo originalmente um esporte para nobres e britânicos (FRANCO, 2007). Sendo este esporte uma maneira, principalmente o homem brasileiro, que encontrou para se expressar. Uma maneira do cidadão nacional de extravasar suas paixões, vontades, alegrias, tristezas, felicidades, fidelidades, etc. (DAMATTA, 2006).
Muitos relatos de antropólogos, sociólogos e historiadores tentam entender a massificação do futebol no Brasil, dentre esse questionamentos surge um outro problema mas este já de caráter mundial, que é o porque se aderir à um clube, visto que não é por conquista de títulos ou presença de grandes craques mas algo parecido com uma entidade mitificada anos após anos, no qual agrega homens e mulheres, jovens e velhos, pessoas de todas as raças ou escalão social. Sendo para muitos um clube, uma pequena pátria (NOGUEIRA, 2006).
A utilização do futebol com outros propósitos já era utilizada no início do século XX, quando em uma de suas confidências, ainda na década de 30, Getúlio já percebia a grande ferramenta que tinha em mãos, percebendo que o jogo monopolizava as atenções do povo. Relatando tal conclusão após a perda do team brasileiro para o italiano que causou grande decepção e tristeza no espírito público, como se tratasse de uma desgraça nacional (VARGAS, 19951 apud AGOSTINO, 2002).
Porém havia mais conflitos internos dentro da própria organização do futebol brasileiro do que parecia, a rivalidade entre os estados de São Paulo e Rio de Janeiro, e as confederações amadoras além das que buscavam a profissionalização do futebolista no Brasil dificultavam a formação de uma seleção realmente forte, com os melhores atletas que representassem a nação sem nenhuma disseminação, ou caráter xenófobo (AGOSTINO, 2002; SOTER, 2008).
Como forma de atrair mais a população para o esporte, foram construídos os dois principais estádios municipais nos mais importantes centro futebolísticos da época, o Pacaembu em 1940, onde Vargas o utilizava para grandes manifestações de massa organizadas ao longo do Estado Novo, e o Maracanã (1950), acordado ainda em 1938 quando já especulava uma próxima copa do mundo no Brasil e a construção de um estádio com o tamanho compatível com o futebol nacional (TOLEDO, L. H. 2000; FERREIRA, J. F. 2008)
Consequentemente a população aceitou o futebol como lazer e posteriormente como profissão, agregando o esporte a sua cultura e representação nacional.
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Sinopse
"Neste espaço encontra-se reunida uma coletânea dos melhores textos, imagens e gráficos sobre o futebol, criteriosamente selecionados e com o objetivo de contribuir para a informação, pesquisa, conhecimento e divulgação deste esporte, considerando seu aspecto multidisciplinar. A escolha do conteúdo, bem como o aspecto de intertextualidade e/ou dialogismo - em suas diversas abordagens - que possa ser observado, são de responsabilidade do comentarista e analista esportivo Benê Lima."
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terça-feira, novembro 01, 2011
Futebol, sociedade e política: influência da política na formação e desenvolvimento do futebol no Brasil
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Benê Lima