Sinopse

"Neste espaço encontra-se reunida uma coletânea dos melhores textos, imagens e gráficos sobre o futebol, criteriosamente selecionados e com o objetivo de contribuir para a informação, pesquisa, conhecimento e divulgação deste esporte, considerando seu aspecto multidisciplinar. A escolha do conteúdo, bem como o aspecto de intertextualidade e/ou dialogismo - em suas diversas abordagens - que possa ser observado, são de responsabilidade do comentarista e analista esportivo Benê Lima."

segunda-feira, novembro 21, 2011

José Luiz Tavares, coach desportivo

Educador físico com especialidade em Psicologia do Esporte fala sobre função e o trabalho no Figueirense
Bruno Camarão

O trabalho de José Luiz Tavares é mantido quase que em sigilo. Muito por conta da postura do próprio profissional, que chegou a tentar a carreira como atleta, mas viu sua trajetória freada por conta de problemas médicos. Mas esteja certo: no ótimo desempenho do Figueirense no Campeonato Brasileiro de 2011, a ação desse coach desportivo tem influência direta no projeto traçado pela comissão técnica de Jorginho.

Formado em Educação Física pela Universidade Castelo Branco, no Rio de Janeiro, Lulinha, como é conhecido, sempre manteve raízes ligadas ao ambiente do futebol. A partir de contatos e amigos, ele recebeu indicações para palestras e intervenções motivacionais a grupos em disputa de competições oficiais. E há três anos, após se qualificar nas áreas de psicologia do esporte, empreendedorismo e formação e certificação internacional em coaching, utiliza-se de técnicas e ferramentas para promover e sustentar mudanças positivas.

O alvo de Tavares é ampliar a performance humana, seja na carreira ou na vida pessoal do interlocutor. No ambiente esportivo, o trabalho do coach não conflita com o de uma psicóloga ou do próprio treinador, e sim complementa uma proposta de trabalho, de modo interdisciplinar.

“A semelhança é que meta é meta em qualquer lugar. Fazer um gol é uma meta. E tanto em empresas, como no futebol, isso é tranquilo de ser aplicado. Por outro lado, o que diferencia esse esporte de quase todas as atividades é a emoção”, compara o coach.

Para Tavares, além de conhecer da técnica, é preciso conhecer de gente. O treinador moderno, portanto, deve ter para si não apenas informações sobre os aspectos táticos e físicos que compõem o jogo, mas também do perfil comportamental de seu grupo. E eleva o comandante do clube catarinense que faz uma grande campanha na primeira divisão nacional a essa condição especial.

“O Figueirense tem o Jorge mais do que como um treinador, mas como uma pessoa na qual ele confia. Quando você admira, recebe muito melhor a informação daquela pessoa. E grande parte disso se dá pela parte humana da liderança, de alguém que não está lá apenas para cumprir metas, mas fazer sua atividade com paz, confiança e prazer, sempre a fim de conquistar mais”, elencou.

Nesta entrevista concedida à Universidade do Futebol, Tavares falou um pouco mais sobre a parceria de trabalho e a liberdade com Jorginho, suas experiências nas campanhas redentoras de Ceará e Fluminense em 2009, como a liderança pode ser treinada e por que ele acredita que o coaching desportivo estará cada vez mais presente nas agremiações.



  José Luiz Tavares ao centro, com atletas e comissão técnica do Figueirense: trabalho "oculto" também explica o sucesso da equipe catarinense no Brasileiro-11

 

Universidade do Futebol – Qual a sua formação e como ocorreu o seu ingresso no ambiente do futebol?

José Luiz Tavares – Fui atleta de categoria de base do Flamengo por três anos, antes de jogar pelo Botafogo. Abandonei a carreira antes de ir para o profissional, por conta de uma lesão ligamentar de joelho. Paralelo a isso, porém, já vinha cursando a faculdade de Educação Física.

Entrei para o ramo de comércio por volta de 20 anos de idade. Estou há mais ou menos duas décadas nesta área, mas nunca deixei de perder o contato no futebol, ambiente onde criei muitas amizades.

Em 2008, no Figueirense, trabalhei com o Paulo César Gusmão, que estava na equipe principal e é muito amigo meu. A princípio, a ideia era fazer algumas palestras com o grupo que disputava o Campeonato Brasileiro.

Quando passei a adentrar o ramo do futebol novamente, com mais periodicidade, vi que havia necessidade de um trabalho mais específico e me pós graduei em Psicologia do Esporte, inclusive com o curso de Coaching – estou para finalizar o de Master Coaching.

O coaching pode ser aplicado em qualquer ambiente profissional, e comecei a desenvolver algumas técnicas com atletas de futebol. Em 2009, trabalhei na campanha de acesso do Ceará, com o próprio PC Gusmão, na do Fluminense, de arrancada para evitar o rebaixamento, ao lado do Cuca, e o trabalho foi fluindo.

Vejo a necessidade de o coaching ser divulgado como atividade complementar, visto que a modalidade está cada vez mais multidisciplinar e interdisciplinar. O detalhe faz a diferença.

No ano passado, fiz um trabalho no Náutico, e por conta deste fui indicado para o Guaratinguetá, que gostou da minha atuação na última semana da equipe na temporada – o time venceu o Coritiba no Couto Pereira e se livrou da Série C.

Agora, no Americana, contratado por dois anos, atuo individualmente com os atletas, com estabelecimento de metas (curto, médio e longo prazos), marketing pessoal, inteligência financeira e emocional, gestão de carreira, treino psicológico para o jogo, além do trabalho coletivo, com palestras – como é o caso do Figueirense.


 

Universidade do Futebol – Você comentou que as técnicas de coaching podem ser aplicadas em qualquer ambiente profissional. Quais são as principais diferenças e semelhanças, neste sentido, entre os mundos corporativo e do futebol?

José Luiz Tavares – A semelhança é que meta é meta em qualquer lugar. Fazer um gol é uma meta. E tanto em empresas, como no futebol, isso é tranquilo de ser aplicado. Por outro lado, o que diferencia esse esporte de quase todas as atividades é a emoção.

Em uma empresa, ao se estabelecer um planejamento estratégico de três meses, se o supervisor ou o vendedor errar, ele não receberá uma vaia e verá seu nome grafado no jornal no dia seguinte.

Imagine o cenário: dez horas da noite, frio, chuva e 70 mil pessoas te observando. Não é algo normal, e esse fator emoção faz toda a diferença para o rendimento.

No caso do atleta de excelência, há necessidade de um preparo especial – assim como ocorreu, por exemplo, com o Ayrton Senna, que era visto como super-herói, ídolo de uma nação, e precisava gerir seu corpo com muita propriedade para lidar com todas as pressões durante a corrida e tomar a decisão mais correta.

O curso que fiz foi com base na neurolinguística – estrutura e funcionamento cerebral: “eu penso, eu sinto, eu faço”. O pensamento tendo ingerência sobre o sentimento, e o sentimento sobre a ação. O atleta precisa treinar isso para estar apto a responder, sem julgar uma torcida emocional; sem se iludir com o louvor do aplauso, ou com a depressão da vaia.

Quando você consegue treinar a sua emoção, tendo uma meta previamente traçada, automaticamente você estará mais próximo do sucesso.

Universidade do Futebol –
 Como ocorre a integração do seu trabalho com a de um profissional especializado em psicologia do esporte e, propriamente, com a da comissão técnica?

José Luiz Tavares – O trabalho do coaching só vem a agregar todo um trabalho de muitas disciplinas. A psicóloga continua com seu trabalho normal, e o coaching estabelece metas gerais, como a integração entre a comissão técnica e a passageira, por exemplo.

A empresa possui a logística, o comercial, o financeiro, o marketing, o administrativo, etc., núcleos que precisam se integrar. E o trabalho de coaching facilita a compreensão de que cada um deve estar abnegado a fazer a sua função em prol do grupo, do benefício coletivo.



Lulinha, como é conhecido, conversa com Jônatas e Lenny, observado por Wilson: treinamento voltado para gestão de carreira e mudança comportamental

 

Universidade do Futebol – Especificamente com os treinadores: de que modo o trabalho de coaching pode refletir em um melhor relacionamento interpessoal, aumento da confiança, e autoconsciência?

José Luiz Tavares – Além de conhecer da técnica que você faz, é preciso conhecer de gente. O treinador deve conhecer de todo esse ambiente tático, da pressão à qual ele será submetido, mas também conhecendo de pessoas, daquele grupo que possui nove tipos de personalidades diferentes, ele terá mais êxito.

É possível realizar um teste – o eneagrama – que identifica os tipos de personalidades, características, ações, reações, pontos positivos e negativos.

Por exemplo: determinado jogador responderá melhor a um pedido se for estimulado, incentivado, receber um grito; com outro, acontece o contrário: ele terá um desempenho melhor após uma conversa mais calma, reflexiva.

Com esse mapeamento do grupo, entendendo o tipo de personalidade do grupo, as chances de triunfo são maiores. O mesmo vale para uma empresa: há uma personalidade jurídica da empresa, cujos profissionais têm um estilo peculiar.

Obter essa informação humana é algo tão importante quanto um dado sobre um determinado nível fisiológico, por exemplo.

Sobre o relacionamento interpessoal, empiricamente o treinador desenvolve essa capacidade. Lidar com 30 pessoas, sendo que só 11 vão ao jogo, é muito complicado. O treinador sempre estará errado. Pois ele estará errado para 20 e para a grande maioria do lado de fora.

Quando um atleta erra uma cortada no vôlei, ou uma jogada no golfe, ou um arremesso no basquete, ninguém costuma falar que faria melhor. Já no futebol, é completamente diferente. Isso é o diferencial da modalidade, e quanto mais informações tiver, menos induzido ao erro o treinador será.

Universidade do Futebol – O Mano Menezes, em uma entrevista concedida a nós, citou a gestão de pessoas e o contato com a imprensa como dois quesitos essenciais para o bom trabalho do treinador moderno. Outro exemplo é do José Mourinho, que sempre enaltece as aulas de ciências humanas em sua graduação e o contato com o filósofo Manuel Sérgio. Você concorda com a importância desses aspectos sócio-humanos para o desenvolvimento da modalidade?

José Luiz Tavares – Sim. Se você pegar o QI (Quociente de Inteligência) de qualquer pessoa, é algo praticamente imutável. Se você tiver doente, ele será o mesmo; se você perder um braço, uma perna, ele será o mesmo. Aos 10 anos, ou aos 50 anos de idade, será muito difícil modificá-lo. Mas o QE, o Quociente Emocional, sofre muitas alterações.

Ele depende de como você acorda, do que você usa, da sua idade, do grau de maturidade, do grau de experiência, etc. Tanto nas empresas, como nos clubes, deve-se apostar nisso.

As chamadas learning organization, as organizações que aprendem, cresceram nos últimos 20 anos mais de 700% em cima das outras. E ao se avaliar, por intermédio de pesquisa, o que motiva sua equipe, analisou-se a fala de gerentes e funcionários.

Em 10 quesitos, os gerentes apontaram “salário”, “estabilidade” e “promoção”, em ordem, como os fatores que mais motivam o seu grupo de trabalho; do ponto de vista das respostas dos funcionários, estes mesmos itens apareciam em quinto, sexto e sétimo lugares.

No topo do ranking destes, aparecia “ser reconhecido”, seguido de “atitude compreensiva” e de “sentir-se participativo”. Esses três itens eram os últimos na linha de avaliação dos gerentes.

É necessário conhecer o ser humano que atinge as metas. Nós não conduzimos a meta por si só, mas gerência das pessoas que as atingem. Quanto mais confiante. apto e predisposto ele estiver, predisposto, melhor o rendimento. E isso vale para todo ambiente, inclusive o futebol.

Dentro de uma empresa, em uma classe operária, por exemplo, todos têm basicamente a mesma remuneração. O que ganha mais é aquele que faz hora extra ou é um supervisor. Numa mesma equipe de futebol, há uma dupla de zagueiros em que um deles ganha 2 mil, e o outro 200 mil. E se o atraso salarial existir possivelmente será em relação ao primeiro. É difícil administrar isso.




Especial: Mano Menezes, o novo treinador da seleção brasileira

 

Universidade do Futebol – Uma forma de escolher os melhores atletas para as determinadas posições, inclusive alinhado com valores do clube, agregaria mais valor e aumentaria a possibilidade de melhores resultados?

José Luiz Tavares – Sim, sem dúvidas. Estava lendo um livro recentemente em que o treinador de uma equipe de futebol americano começou a elaborar seu elenco a partir de alguns quesitos que ele considerava muito importante a fim de obter a melhor performance. No fim das contas, o sucesso veio quando se acertou na contratação de atletas que possuíam o perfil traçado, como caráter, ética, etc.

Percebo a evolução de muitos clubes de futebol e a existência de uma estrutura profissional adequada aos dias de hoje, em que as empresas atuam como parceiras no cotidiano das equipes. A mentalidade está mudando.

O reflexo será um aumento da performance e uma diminuição desses problemas de ordem comportamental.

Universidade do Futebol – E como avaliar se o perfil comportamental destes atletas está de acordo com as expectativas do clube, em relação ao papel que os mesmos exercerão na equipe e também em relação à cultura e valores da instituição esportiva? O Figueirense, por exemplo, já realiza isso?

José Luiz Tavares – O Figueirense desenvolve desde as suas categorias de base um trabalho excelente. Nos próximos anos, você poderá observar a quantidade de atletas que passarão por essa transição à equipe principal e se destacarão em diversos outros clubes – inclusive esse processo já ocorre há alguns anos.

Você começa a criar a cultura de um atleta profissional em si, muito mais do que um jogador de futebol, e isso é algo implementado como com um médico que sabe que tem um papel perante a sociedade. E o clube realiza isso.

O Jorge, que é um treinador moderno e é, antes de tudo, uma pessoa moderna, alguém que está escrevendo seu nome de maneira maiúscula neste ano no futebol, mas que já tem uma bagagem muito grande, possui consigo uma estrutura profissional e uma comissão técnica interdisciplinar, que oferece todos os dados possíveis a ele.

Somos parceiros de trabalho e tenho toda a liberdade para exercer meu trabalho, com um espaço aberto e contanto com a participação dele, inclusive. Ele tem um olhar muito humano sobre isso. E pode ter certeza de que faz uma grande diferença.

O Figueirense tem o Jorge mais do que como um treinador, mas como uma pessoa na qual ele confia. Quando você admira, recebe muito melhor a informação daquela pessoa. E grande parte disso se dá pela parte humana da liderança, de alguém que não está lá apenas para cumprir metas, mas fazer sua atividade com paz, confiança e prazer, sempre a fim de conquistar mais.


"O Jorge é um treinador moderno e, antes de tudo, uma pessoa moderna", sintetiza Tavares

 

Universidade do Futebol – Qual é a sua avaliação sobre o processo de detecção, captação e seleção de talentos no futebol brasileiro? Será que não estamos desperdiçando jovens potenciais pela simples falta de um processo estruturado e com critérios definidos que eles possam suportar de forma sustentável esse processo?

José Luiz Tavares – Da mesma maneira que temos a Floresta Amazônica como o “Pulmão do Mundo” e uma fonte pseudo inesgotável, atraindo a atenção de outros países, como os Estados Unidos, no futebol somos ricos da mesma maneira.

Temos uma fonte de talentos quase sem fim, que só está em débito no crescimento em relação a essa questão de captação e treinamento.

Hoje já observamos algumas inovações em alguns clubes, além de ações de empresas que entenderam o futebol como um grande negócio e estão fazendo isso com excelência, pensando na estrutura e no preparo dos atletas como atletas, efetivamente – com uma vida mais saudável, esportivamente falando, com educação, projeção de futuro e consciência sobre o que representam.

Esse trabalho tem evoluído bastante, mas ainda desperdiçamos muito pensamento equivocado de que categoria de base é despesa. Não é. É investimento que, se bem direcionado, com profissionais qualificados – e em muitos clubes há –, pode render ótimos resultados.


 Por conta do tempo escasso, trabalho de coaching ainda não é desenvolvido nas categorias de base do Figueirense; atletas, entretanto, destacam-se

 

Universidade do Futebol – Quais as principais distinções de um trabalho de coaching realizado nas categorias de base de um clube de futebol, em comparação ao seu departamento profissional?

José Luiz Tavares – Observa-se um trabalho muito bem feito da psicologia do esporte, com profissionais altamente qualificados nas bases dos clubes, mas na realidade o coaching desportivo no Brasil está em estágio embrionário – em Portugal há um projeto mais amadurecido.

O atleta no departamento de formação deve ter uma meta – e ser orientado para isso – tendo em vista que sua vida útil em campo irá até os 35 anos, mais ou menos, mas que a vida geral tem muito mais tempo.

Trabalho com o Lucas Silveira, um surfista de 15 anos, campeão brasileiro da sua categoria, e que possui uma comissão técnica com oito pessoas. Sentei com eles há pouco tempo para traçarmos o planejamento da carreira deste jovem até 2013.

O Lucas sabe muito bem onde ele quer chegar, como que chegar, o que tem de fazer e a que terá de renunciar com essa idade. Mas isso é feito com uma pessoa apenas e vinda de uma família privilegiada economicamente.

No futebol, ainda estamos dando os primeiros passos, mas os clubes vão enxergar essa atividade de coaching como uma ferramenta muito útil e terão vários profissionais estabelecendo tal mentalidade de ajudar alguém a refletir, planejar e agir para alcançar metas e conquistar resultados.

Universidade do Futebol – Como detectar aspectos de liderança em jovens? Você procura executar exercícios específicos para potencializar essa capacidade em determinados atletas? Como você trabalha essa questão?

José Luiz Tavares – Na realidade, a liderança pode ser treinada. Todos nós somos lideres em algum momento. Por conta da agenda e do tempo, não estou atuando com as categorias de base, apenas no departamento principal.

É interessante citar o exemplo da Oprah, apresentadora norte-americana que montou um centro de treinamento em um país africano para identificar e trabalhar os jovens líderes que são natos.

Para isso é necessário identificar, valorizar e treinar esse líder em potencial. Mostrar a ele qual é o papel dele, a influência que ele exerce e pode exercer, como pode ajudar um liderado, etc.

Os grupos se formam naturalmente dentro de um conjunto de 30 atletas. E se você puder identificar, treinar e capacitar os líderes, certamente os planos de ação podem ser seguidos com mais eficácia.
 


 

Universidade do Futebol – Em um grupo principal, muitas vezes o treinador indica determinados jogadores por conta do perfil e porque obteve sucesso com eles. É possível, em termos de liderança, um atleta na faixa dos 30 anos que nunca foi uma grande referência para determinado grupo se remoldar e se posicionar de uma maneira diferente em outro ambiente de trabalho?

José Luiz Tavares – Sim, pois a questão é muito da confiança, que traz consigo um pacote de responsabilidades. Ao sentar na cadeira de um dentista ou entregar o carro para um mecânico, você mostra que está estabelecida uma relação.

No caso do futebol, vou citar o exemplo do Geraldo, que hoje está com 38 anos atuando pelo Vitória. No time do Ceará de 2009, este atleta se firmou como capitão da equipe do PC Gusmão e foi o grande líder. Mas só surgiu e tornou um líder positivo expoente dentro de campo após os 30 anos.

O atleta de futebol é altamente corporativista. Eles se defendem muito, e isso é bom e é ruim; pois eles se ajudam, mas não se cobram.

Quando a liderança é nova, como no caso do Geraldo, e há uma cobrança horizontal, o efeito é inimaginável. Naquele grupo, havia Sérgio Alves, com 39 anos, o próprio Geraldo, com 36, Vidal, com 33, o goleiro Adilson, com 35, e todos se superaram.

Assim que era detectada uma queda de rendimento, um excesso de brincadeira, uma mudança de foco, o Geraldo aparecia e se mostrou decisivo.


Líder aos 30: Geraldo foi um dos condutores do Ceará na campanha do acesso à Série A do Brasileiro; liderança externa coube a PC Gusmão, com quem Tavares também trabalhou no Figueirense

 

Universidade do Futebol – Os executivos Leonardo Moura e o Renan dal Zotto costumam reiterar a nova posição em que o Figueirense pretende se estabelecer no mercado. Como ajustar sua metodologia de trabalho às especificidades do clube?

José Luiz Tavares – Você tem de apontar seu nariz para algum lugar, estabelecer metas, passá-las por alguns crivos e ver se a concretização das mesmas é possível.

Vou pegar como exemplo novamente o Ceará. Ao conversar com o presidente Evandro Leitão, ele revelou que o objetivo era transformar o clube como o maior do Nordeste até 2014. O primeiro passo era sanear as finanças, e então ele chamou os passivos, funcionários e atletas, e começou a acertar algumas situações.

O profissional que é contratado hoje pelo Ceará sabe que vai atuar e receber. Então, o clube começa a fechar as brechas para poder chegar onde ele quer.

Apesar de eu não estar participando de todo o processo, sei que o Leonardo e o Renan estão realizando um trabalho muito correto no Figueirense. É preciso adequar, saber o que é possível, estabelecer algumas ações para o momento – a folha salarial da equipe é enxuta – para se alcançar o alvo final no trajeto delineado.

É fundamental pensar em situações reais (“maior força do Nordeste”, “terceiro maior clube do Sul do país”, etc.), dentro de uma possibilidade real, e sair do planejamento para o “fazejamento”. O difícil é fazer o fácil.


Lulinha ao centro, com Jorginho e Renan. Para coach, é preciso saber o que é possível e estabelecer algumas ações para o momento a fim de se obter sucesso

 

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Um comentário:

  1. Olá, boa noite.

    Bacana o blog. Aceita parceria de link ou banner?

    Já me tornei seguidor e convido também a me seguir.

    Aguardo contato no email: blogfutebronca@gmail.com

    Saudações!!!

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Benê Lima