Sinopse

"Neste espaço encontra-se reunida uma coletânea dos melhores textos, imagens e gráficos sobre o futebol, criteriosamente selecionados e com o objetivo de contribuir para a informação, pesquisa, conhecimento e divulgação deste esporte, considerando seu aspecto multidisciplinar. A escolha do conteúdo, bem como o aspecto de intertextualidade e/ou dialogismo - em suas diversas abordagens - que possa ser observado, são de responsabilidade do comentarista e analista esportivo Benê Lima."

quinta-feira, novembro 17, 2011

Artur Melo, engenheiro agrônomo especializado em gramados esportivos

Profissional aborda importância da função, peculiaridades dos projetos para o futebol e caso do Engenhão
Bruno Camarão

Será que é possível oferecer um mesmo campo de jogo de qualidade durante toda a temporada do futebol brasileiro? A resposta, para ser positiva, deve ser contextualizada a uma realidade desgastante e relacionada a uma série de fatores técnicos e administrativos. Quem passa tal impressão é Artur Melo, profissional que atua há quase duas décadas com projetos, execução e manutenção em gramados esportivos.

As primeiras ações dele estiveram ligadas ao golfe, esporte vanguardista e referencial a esse setor da engenharia agrônoma. Depois, houve uma demanda de outras modalidades, incluindo-se aí o futebol.

Há 35 anos, começou-se a produzir grama no Brasil. A partir da importações de tolões e sementes dos EUA, foram criadas especificidades de seleção com aptidão para o ambiente de jogos e treinamento.

“As principais características deste gramado são um bom piso, denso, uniforme, com capacidade para pisoteio. Era muito comum naquela época, no fim dos campeonatos, ver os campos carecas nas áreas do gol. Hoje não temos mais isso”, relembra Melo.

Atrás dessa área de produção de variedades de gramas, houve a contratação de agrônomos que começaram a trabalhar em gramados de golfe. E ele foi um deles. Quando futebolistas brasileiros passaram a atuar em mais quantidade na Europa, ao retornarem ao país, perceberam a diferença em relação aos gramados daquele continente e passaram a exigir um patamar semelhante. Algo que potencializou esse novo passo.

Porém, poucos estádios no Brasil acumulam muitos eventos. E o serviço muitas vezes se torna debilitado. É o caso do Engenhão, ou Stadium Rio, gerenciado pelo Botafogo e para o qual Melo atua como consultor.

Neste ano, a partir do dia 19 de janeiro até o momento, 95 jogos oficiais e 131 eventos no gramado – reconhecimentos do campo, shows, atividades de atletismo, filmagens, etc – ocorreram naquele palco. Diante de tal carga, problemas são detectados por atletas e comissão técnica.

“Sofremos muitas críticas em relação aos gramados brasileiros e sempre é feita alguma comparação com a Europa. Mas é muito complicado comparar bananas a jaguares. São dois reinos diferentes”, exemplifica Melo.

“Quando você tem um gramado na Inglaterra com 80 horas de uso por ano, e gramados no Brasil com 600 horas de uso por ano, é possível entender: temos em uma temporada de atividade o que os europeus demoram uma década”, completa.

Fora isso, há o problema do sombreamento das novas arenas – algo que também atinge a casa botafoguense e promove conforto ao público, mas prejuízo ao campo. Segundo Melo, entretanto, esse “inimigo” da grama deve ser combatido nos projetos para a Copa do Mundo de 2014.

Nesta entrevista à Universidade do Futebol, o profissional que confeccionou General Severiano, o primeiro campo de futebol do mundo inteiramente construído em cima de um shopping center, ainda fala sobre os gargalos de sua profissão no país e como a falta de integração com arquitetos e engenheiros civis é maléfica para uma obra.

Universidade do Futebol – Você é formado em Agronomia pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Como foi sua incursão ao ambiente esportivo dos gramados?

Artur Melo – Ocorreu um pouco por acaso. Estava atuando na área de agronomia e começamos a ter muito serviço com golfe. E hoje quase tudo que se usa em termos de gramados esportivos provém daquele esporte.

Em função disso, atuei na construção de campos de futebol e trabalho com isso há quase 17 anos, com algumas atividades também em pólo e em quadras de tênis de grama.


Golfe e futebol: semelhanças além das aparências

Universidade do Futebol – De maneira didática, como se dá a elaboração e o orçamento de um projeto para um clube de futebol, seja para campos de jogo ou treinamento?

Artur Melo – Primeiro passa por uma anamnese, uma conversa com o cliente para saber o que ele precisa e a real necessidade e disponibilidade financeira. Podemos fazer campos de futebol a um custo de 50 reais, ou a um custo de 500 reais o metro quadrado. Depende muito da qualidade final requerida.

Além disso, há a quantidade de drenos, o tipo de irrigação, a drenagem (pressurizada ou não), o tipo de grama, a forma de plantio, etc. Tudo isso deve ser levado em consideração e fazemos o casamento entre o tecnicamente correto e o economicamente viável.

Universidade do Futebol – Entre o final da década de 80 e meados da década de 90 do século passado, iniciou-se uma grande mudança no cenário dos gramados esportivos nacionais, com a presença de alguns engenheiros agrônomos que se dedicaram a essa área. De maneira prática e em se considerando aspectos técnicos, o que mudou?

Artur Melo – Mudou tudo. A primeira coisa foi que até meados da década de 80, todos os gramados nacionais eram de grama nativa, portanto, estamos falando de pasto aparado – o que consideramos ervas invasoras.

Usava-se muito a grama batatais, presente no paisagismo – inclusive o Aterro do Flamengo é composto dela, além de outras áreas públicas em Belo Horizonte e Brasília – nos gramados.

Há 35 anos, começou-se a produzir, quase que como uma fábrica, grama no Brasil. A partir da importações de tolões e sementes dos EUA e da criação de fazendas de gramas, foram criadas especificidades de seleção com aptidão para o ambiente esportivo.

As principais características deste gramado são um bom piso, denso, uniforme, com capacidade para pisoteio. Era muito comum naquela época, no fim dos campeonatos, ver os campos carecas nas áreas do gol. Hoje não temos mais isso.

Atrás dessa área de produção de variedades de gramas, houve a contratação de agrônomos que começaram a trabalhar em gramados de golfe.

As máquinas de golfes, bem como adubos e fito hormônios, passaram a ser utilizados em gramados de futebol. Naquele esporte, com 3mm de altura, é necessária uma perfeição de grama para que a bola com pouco mais de uma polegada e meia de diâmetro role. E essa técnica do golfe passou a ser adaptada ao futebol.

Fundamentalmente, houve uma produção de grama de boa qualidade, e a formação de mão de obra se deu de modo natural, a partir da demanda.

Quando os atletas brasileiros passaram a atuar em mais quantidade na Europa, ao retornarem ao país, perceberam a diferença em relação aos gramados daquele continente e exigiam um mesmo patamar, seja nos campos de jogo ou de treinamento.


Nos últimos 20 anos, campos foram reduzidos, atletas elevaram potencial físico e chuteiras mudaram, com mais cravos e arestas vivas

Universidade do Futebol – Há ainda uma distância muito grande dos gramados brasileiros, em um paralelo com os dos principais centros mundiais?

Artur Melo – Estamos distantes por dois motivos básicos: eles investem muito mais e têm muito mais tempo. O que nós estamos fazendo nos últimos 20 anos, eles vêm fazendo há 50 anos. E nós começamos a aplicar hoje, em termos de valores, proporcionalmente falando, o que ele aplicavam há 30 anos.

Estamos saindo com um prejuízo porque nós investimos menos e principalmente há muito menos tempo. Nossa história de bons gramados é muito recente e é bastante conturbada por conta de um calendário de eventos racional que não existe. Até em função da demanda de público.

Na Europa, você pode ter menos espetáculos e cobrar mais caro por eles. Quer em direito de arena, quer na aquisição do ingresso. Aqui não temos ainda essa formação de mercado e o esporte é bastante popular, com os preços caminhando nessa linha.

Fora isso, as televisões, apenas nos últimos 10 anos, têm pago aos clubes uma quantia mais justa por conta dos espetáculos.

Houve também um “problema” durante um tempo da Lei Pelé, que fez com que os clubes dessem uma retardada no investimento em Centros de Treinamento – por conta do medo de perder o controle de jovens atletas, eventualmente. Mas a situação foi retomada nos últimos cinco anos e esse direito sobre a formação se tornou um pouco mais seguro.

Basta ver os últimos campeões brasileiros da década. Pegando desde 2001, o Atlético-PR, com uma estrutura exemplar; o tricampeonato recente do São Paulo, que possui a Barra Funda e Cotia; O Cruzeiro, em 2003, com a Toca da Raposa, que sediou a seleção brasileira em muitas ocasiões; o próprio Corinthians, com o antigo CT de Itaquera, etc.

Muitos CTs privados, que são alugados para clubes, também foram criados. Boa parte deles é ligada a hotéis, geridos por ex-jogadores – no interior do Estado de São Paulo vemos essa realidade.



 

Universidade do Futebol – Em um de seus artigos, você comentou que muitas das variedades usadas na formação de gramados de campos de treinamentos e estádios são bermudas híbridas, que em algum momento foram estudadas para serem usadas em campos de golfe. Quais são as semelhanças e peculiaridades de projetos envolvendo essas duas modalidades?

Artur Melo – Existe uma entidade chamada USGA, que estuda grama, gramados, métodos construtivos e manutenção há mais de meio século. Se você pegar as normas de Fifa e do Comitê Organizador Local (COL) no Brasil, para a Copa do Mundo de 2014, eles vão beber muito da fonte dessa entidade. Seja na área de drenagem, ou substratos. Está intrinsecamente relacionado o método do golfe ao do futebol.

Aquelas máquinas de corte helicoidal, que dão um acabamento bonito, os métodos construtivos e de manutenção, descompactação, os adubos, etc., tudo isso veio do universo do golfe.

Em 90% de nosso território, usamos as bermudas híbridas por serem espécies de grama de grande aptidão esportiva que se dão muito bem no clima quente.

No período de entressafra, em especial de São Paulo para baixo, fazemos o uso de uma técnica que também vem do golfe chamada overseeding, que é jogar a semente de inverno em cima da bermuda, dando um anteparo para a realização de jogos durante alguns meses.


Para Artur Melo, não se deveria criticar um gramado sem ter o conhecimento de toda a situação que leva um campo a não estar na sua melhor condição 

Universidade do Futebol – O gramado do estádio de Wembley já passou por mais de uma dezena de intervenções desde a sua última reforma arquitetônica. E uma questão relacionada à iluminação do campo de jogo foi colocada como um dos problemas para esse estado. Qual é a relação das sombras no campo e o prejuízo ao desenvolvimento do gramado esportivo?

Artur Melo – É diretamente proporcional a quantidade de luz à qualidade do gramado. Há variedades de gramas de inverno que precisam de menos luz – não aquelas da Península Ibérica, mas as presentes principalmente no norte da Europa, França e Itália, as quais chamamos de C3. Ainda assim há problemas com sombreamento e a iluminação artificial é usada.

Isso é tão mais problemático para nós, no Hemisfério Sul, onde utilizamos o tipo C4 – gramas adaptadas a altas temperaturas, uma realidade nossa.

A fotossíntese é a equação da vida. O vegetal absorve os nutrientes e a água que nós fornecemos – no caso do gramado esportivo isso é controlado – e na presença de luz e clorofila, que está na planta, a grama fabrica o seu próprio alimento e cresce.

Sem luz, não há fotossíntese. E sem fotossíntese, o gramado definha e em muitos casos morre, sem condição de subsistência na sombra.

Estamos passando no Brasil por um mesmo problema que a Europa passou há alguns anos, com a cobertura das novas arenas construída muito próximo do campo. Isso traz conforto ao espectador, mas também traz sombra. E aqui a sombra é muito mais danosa do que no Hemisfério Norte, pois usamos variedades que têm de suportar calor e têm uma necessidade de solo muito grande.

Esse ponto é nevrálgico: projetamos uma Copa do Mundo, com a adaptação de todos os nossos estádios, que terão coberturas. Maior ou menor, com maior ou menor incidência de sombra.

Hoje, a preocupação é muito grande e o COL aqui no Rio está pedindo estudos de sombreamento para que se antecipe ao problema e adquira os equipamentos para compensar a falta de luz.

Universidade do Futebol – Todos os projetos de estádios para a Copa do Mundo de 2014 estão se preocupando com essa situação?

Artur Melo – Sim. Essa é uma preocupação muito grande dos comitês, não apenas o do Rio de Janeiro, e está no guia de recomendação dos gramados para apresentarmos as soluções antes dos problemas.

No caso do Engenhão, que era mais um estádio olímpico, construído para o Pan-07, a cobertura nem está tão próxima ao campo, e mesmo assim, nos períodos de inverno, apresenta tal problema.

Nas novas arenas em construção e em reforma, essa influência será ainda maior. Por isso a preocupação da Fifa e do COL.

As recomendações feitas abrangem todos os 12 estádios das cidades-sede, bem como os centros de treinamento – no caso das sub-sedes. Todos os gramados devem ser adequados às indicações. E isso é visto com muitos bons olhos por todos os profissionais da área, pois até então, os gestores técnicos desses projetos se esquivavam das responsabilidades, por falta do viés técnico específico e do olhar mais criterioso.

Com a Copa das Confederações e do Mundial, ganhamos essas recomendações em 2009, revistas agora, mas é justo e necessário que o atleta tenha um bom campo não apenas para jogar, mas para se trabalhar. Assim como é justo e necessário que se faça uma revisão de calendário para não termos estádios com 100 jogos em uma temporada. Basta ver os casos do Engenhão e da Arena do Jacaré.

Universidade do Futebol – Fale um pouco sobre o caso específico do Engenhão.

Artur Melo – Dentro dos 131 eventos no estádio ao longo do ano, 95 foram jogos. Mas há uma série de acontecimentos, como reconhecimento de gramado, provas de atletismo (com ensaios de modalidades) e shows, que são muito importantes, e promovem algum tipo de dano ao gramado.

Nosso Estatuto do Torcedor tem um lapso da lei que não apresenta nenhuma linha sobre a qualidade do gramado. As vistorias no estádio também não contemplam tudo. Além disso, houve jogos transferidos para o Engenhão por conta de problemas técnicos em outros estádios, mudança de mando, necessidade da TV, etc., ferindo nossa programação inicial.

Mas como nós temos sido a melhor alternativa em termos de segurança e qualidade de jogo, recebemos esses eventos extras.

O Botafogo é o mantenedor do estádio e nada lá se faz sem prévio acordo com o clube. Presto uma consultoria ao estádio do Engenhão, assim como faço a alguns outros. O que será feito antes, durante e depois de qualquer evento lá passa por mim.

Através de uma empresa terceirizada, na qual eu já trabalhei, o clube não mobiliza capital para ir atrás de maquinário, mão de obra especializada, etc. Elaboramos em conjunto os programas de manutenção e execução e aqueles funcionários vão a campo realizá-las sob a minha supervisão.


 

Universidade do Futebol – O Botafogo buscou uma empresa para fornecimento de luz artificial na Holanda?

Artur Melo – Desde os primeiros contatos com o clube, e minha relação com ele é bem antiga – participei da confecção do campo de General Severiano em 1995 –, avisei logo em junho do ano passado que o problema de sombra no Engenhão era crucial e precisava ser resolvido.

Apresentei à direção do Botafogo as soluções que têm sido praticadas na Europa. E junto com um dos patrocinadores, trouxemos a equipe técnica dessa empresa, que toma conta de 84 estádios e arenas no mundo inteiro, dentre as quais Wembley, Amsterdam Arena, Camp Nou e Santiago Bernabeu.

Fizemos todo o estudo da incidência de sombra e o estudo econômico (consumo de megawatt por mês, custo do megawatt, quanto seria acrescido, etc.) e a informação foi transformada em conhecimento. Agora, o Botafogo tem para si a solução, o quanto dela é necessário, o quanto ela custa para ser adquirida, bem como o gasto em manutenção anual e consumo elétrico – valores bastante elevados.


SGL Concept vem se mostrando um grande aliado na mitigação dos problemas causados pelo sombreamento; técnica pode ser implantada no Engenhão

Universidade do Futebol – Como se dá a relação do engenheiro agrônomo com o arquiteto e o engenheiro das obras? Esse tipo de integração ocorre em novos projetos?

Artur Melo – Esse tem sido um pecado no mundo inteiro. Um presidente de determinado clube resolve construir um estádio. Chama um arquiteto e diz que quer fazer “o estádio mais bonito mundo”. Este desenha “o estádio mais bonito do mundo”, em sua concepção. Depois disso, aparece o engenheiro civil e tem de realizar aquele projeto. Quando está quase tudo pronto, o agrônomo é chamado e deve concretizar o plano do gramado.

Na Eurocopa de 2004, em Portugal, muitos arquitetos foram crucifixados por conta do estado dos gramados. Hoje em dia, há um pouco menos de problema por lá.

Por aqui, em relação aos projetos de estádios para o Copa-14, os que tenho acompanhado mais diretamente, fiz questão de deixar claro a importância da entrada de luz para a qualidade do gramado. Mas sinto que há uma falta de diálogo e relacionamento entre arquiteto e agrônomo na fase de concepção do projeto. É muito complicado ser chamado para algo que já está orçado e os custos de modificação não são baixos.

O ideal é que a trilogia pudesse trabalhar desde o início e aí se plantar um gramado com toda a segurança.

Universidade do Futebol – “Reformas” de campos de futebol ainda são concebidas com hábitos arraigados e equivocados?

Artur Melo – Na maior parte do país, sim. Quando você sai do eixo Rio-São Paulo-BH, observa esses problemas. Por exemplo, a cobertura de grama com terra preta estercada, sob o argumento do agrônomo local de “nivelar o gramado”. E eu rebato, tecnicamente, dizendo que um material inerte em uma areia lavada também representa a mesma coisa e evita uma série de fatores complicadores, como erva daninha, etc.

É possível se usar uma técnica de cobertura feita de modo mecanizado, com uma adubação balanceada e a quantidade específica de nutriente por metro quadrado estabelecida. Mas não é algo comum.


Universidade do Futebol – Você costuma dizer que fazer uma boa drenagem não é barato, e em um projeto de gramado de alto desempenho a técnica pode representar 30% do custo total de execução do campo. É isso mesmo?

Artur Melo – Correto. Se for uma drenagem pressurizada, pode até chegar a um valor maior. Mas se trata de uma fase na qual você não deve economizar.

Se você errou no plantio, no nivelamento ou na irrigação, durante a prática de manutenção, é possível corrigir. Se você errou na drenagem, a única forma de intervir de maneira profunda é retirando o gramado. E o custo de conserto disso é tão ou mais caro do que fazer desde o início.

Universidade do Futebol – Como a estética e a sustentabilidade devem estar posicionadas em um planejamento estratégico de gramados esportivos?

Artur Melo – São duas situações muito importantes. Primeiro pela estética. Um gramado bonito é muitas vezes confundido com um gramado bom.

Há colegas da mídia que a 80 metros de distância, da cabine de rádio, têm condição de dizer se o gramado está bom ou não – eu não tenho essa habilidade ainda.

Muitas vezes se usam maquiagens, mas que escondem alguns problemas. E isso não deve ocorrer.

Sobre a sustentabilidade, devemos ter a consciência de que não podemos continuar retirando do planeta Terra neste ritmo de ação.

Procuro trabalhar com reaproveitamento da água de drenagem. A água de chuva também deve ser canalizada para a cisterna de irrigação. Usar equipamentos novos, com baixo consumo de combustível e sempre de maneira regulada, é o ideal, principalmente evitando agroquímicos.

Hoje, o técnico que atua na área e se atualiza consegue viabilizar um projeto mais sustentável.

 

Clube sustentável: utilizando energia dos atletas e do ambiente

 

Universidade do Futebol – Como se apresenta o atual cenário para engenheiros agrônomos atuarem nessa área de gramados esportivos? Há cursos de qualificação?

Artur Melo – Há um gargalo para engenheiros no Brasil. Ponto. Nós formamos mais ou menos a metade do que o mercado deveria formar para ser absorvido. E desses que formamos, nem todos estão prontos.

Na área de engenharia agronômica, o cenário é parecido. A demanda aumentou, mas não há uma formação específica em gramados esportivos dentro dos colégios no país, sejam eles federais ou privados.

A base é excelente em enraizamento, física e fertilidade do solo, produção de massa verde, fisiologia vegetal, drenagem, adubação, irrigação, mas não se estuda nem em nível de pós graduação a produção de gramados ou os gramados esportivos.

A maioria dos profissionais que atua nessa área se formou na lida do dia a dia e em visitas a Europa e Estados Unidos, servindo de mão de obra barata, para ganhar experiência. Em Portugal e na Espanha, há uma possibilidade de pós graduação mais formal.

Apesar de aumento da demanda, ainda não há formação específica em gramados esportivos dentro das faculdades no país

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Benê Lima