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"Neste espaço encontra-se reunida uma coletânea dos melhores textos, imagens e gráficos sobre o futebol, criteriosamente selecionados e com o objetivo de contribuir para a informação, pesquisa, conhecimento e divulgação deste esporte, considerando seu aspecto multidisciplinar. A escolha do conteúdo, bem como o aspecto de intertextualidade e/ou dialogismo - em suas diversas abordagens - que possa ser observado, são de responsabilidade do comentarista e analista esportivo Benê Lima."

quinta-feira, junho 21, 2012

Despesa do departamento de futebol dos clubes brasileiros em 2011

Parcimônia em momentos de euforia não pode ser considerada um pessimismo exagerado, e sim uma decisão estratégica para não encontrar problemas no futuro
Equipe Universidade do Futebol

A Consultoria BDO RSC, através de sua seção de Esporte Total, revelou recentemente os gastos com o departamento de futebol dos 20 clubes brasileiros que mais arrecadaram em 2011. Esse grupo seleto do futebol local chegou à marca de R$ 1,55 bilhão em despesas com seu setor mais importante. 

Esse valor representa um aumento de 17,6% quando comparado aos R$ 1,31 bilhão de 2010. Quando se olha um pouco mais para trás, no ano de 2007, esses gastos foram de R$ 869 milhões, o que significa um aumento de 78% nos últimos cinco anos.

Custo do Futebol Perante Receita Total

Uma relação importante de se observar é o quanto as despesas com o departamento de futebol representam das receitas operacionais dos clubes, uma medida de eficiência da gestão das instituições. Como as despesas com o departamento de futebol desses clubes tem crescido mais do que suas receitas operacionais, esse índice vem aumentando desde 2007, porém registrou um recuo de 78,3% em 2010 para 72,4% em 2011. 

As receitas de 2011 foram parcialmente impactadas pelo novo contrato de transmissão dos jogos da Série A do Campeonato Brasileiro que já foi em parte antecipado nos resultados desse ano e cresceram 27% em R$ (reais), como pode ser visto no artigo 
“Receitas dos Clubes Brasileiros em 2011”. Além disso, as despesas não acompanharam esse aumento em 2011 e os clubes não gastaram todo o incremento de receita com seus departamentos de futebol.

Fonte: BDO

Em 2011, os clubes do futebol brasileiro apresentaram um incremento nos gastos com seus departamentos de futebol que superou os R$ 230 milhões, de longe a maior injeção anual dos últimos cinco anos, sendo a maior parte desses gastos com salários. Isso mostra que os clubes já começaram a praticar outro nível de gastos no que diz respeito à remuneração de seus atletas, ou seja, o incremento da receita vindo de um novo contrato de transmissão de jogos que mudou o patamar das receitas das agremiações já está impactando o nível de preços do mercado futebolístico brasileiro. 

Isso mesmo antes do contrato supracitado entrar em vigor, o que mostra a antecipação desse fluxo futuro por parte dos clubes.


Momento de Euforia e Antecipação de Recursos

Os clubes europeus, historicamente os principais clientes do futebol brasileiro em termos de transferência de atletas, passam por um momento de contenção de gastos, tendo em vista a situação econômica do Velho Continente que tem impactado as receitas daquela região. 

Já é possível ver um movimento inverso tomando força, onde os atletas brasileiros passam mais tempo atuando em campos nacionais do que indo jogar no exterior precocemente, além de jogadores consagrados voltando a atuar em solo brasileiro antes do que se via há alguns anos atrás. 

Quando o valor “cheio” das receitas de transmissão começar a entrar nas contas dos clubes, esse movimento pode se tornar regra e a indústria esportiva verificar uma mudança em como o mercado funciona. Esse é um cenário que pode se tornar perverso para as principais instituições do futebol brasileiro se elas não souberem controlar seus gastos.

Um exemplo que vem se materializando no presente é o contrato do Flamengo com seu principal atleta, Ronaldinho Gaúcho: expectativas infladas com relação ao astro fizeram o clube assinar um contato com remuneração mensal milionária que há alguns meses não vem sendo cumprido pelo contratante. 

Dentro de alguns anos, outros rivais podem começar a demonstrar dificuldade de honrar seus compromissos firmados ao longo de 2011 única e exclusivamente por terem se comprometido a gastar em demasia quando o momento era de empolgação e não terem se preocupado com a gestão de caixa do clube. 

Parcimônia em momentos de euforia não pode ser considerada um pessimismo exagerado, e sim uma decisão estratégica para não encontrar problemas no futuro.


Fonte: Futebol Finance 

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Benê Lima