Jovem fala de projetos e formação de jogadores: “A consciência se desenvolve pela responsabilidade”Equipe Universidade do Futebol*Hidde Van Boven é filho de um ex-treinador de hóquei, que jogou na seleção sub-21 da Holanda e na primeira divisão daquele país. Pode-se dizer que ser comandante técnico de uma equipe está em seus genes.
Assim como seu pai, que faleceu há 13 anos, Van Boven atribui grande valor para o entusiasmo e o positivismo. No entanto, ele costuma se distinguir, conferindo responsabilidades aos seus jogadores dentro e fora do campo: “Isso acelera o processo de conscientização”, avalia o jovem em entrevista à Soccer Coaching International, parceria da Universidade do Futebol.
Antes dos jogos, o treinador da equipe sub-13 do VV De Meern sempre envolve os seus jogadores no ambiente da preleção. No começo da temporada, ele explica como será a forma de jogar que pretende tornar concreta.
Com a base do VV De Meern, a formatação é quase sempre em uma plataforma tática 1-4-3-3, com a possibilidade de jogar com um defensor central vindo de trás.
“Além das tarefas da equipe, eu explico para os indivíduos as unidades e posições e quais serão seus papéis e responsabilidades que espero”, revela Van Boven.
Como encorajar os talentos a se posicionar perante o grupo e explicitar o entendimento tático em uma prancheta? É o que o profissional explica na sequência.
Universidade do Futebol – Fale um pouco sobre o ambiente de trabalho – e treinamento – que você procura criar com o seu grupo de jogadores.
Van Boven – Eu percebi logo que os jogadores se adaptam muito bem a esta forma especial de trabalhar. Não é natural para eles, admito.
Como treinador, você deve primeiro criar um ambiente seguro e confortável para que os jovens participem do mesmo e contribuam. Então, eles realmente verão os resultados de trabalharem desta forma.
Inicialmente, os jogadores ficavam desconfortáveis por ser o foco na frente do grupo, mas agora eles abraçaram a causa, sendo desafiados e forçados a pensar sobre o jogo.
"Como treinador, você deve primeiro criar um ambiente seguro e confortável para que os jovens participem do mesmo e contribuam", diz Van Boven
Universidade do Futebol – De modo prático, como se dá o desenvolvimento individual e coletivo e a compreensão dos jogadores acerca das suas ideias?
Van Boven – É evidente, dentro dessa metodologia, que muito progresso está sendo feito. No sub-13, o desenvolvimento dos jogadores é mais progressivo, como um produto do processo acima mencionado, com imagens e o quadro tático (prancheta). E também permitindo-lhes ser criativos.
Por exemplo: no início da temporada, um dos nossos meio-campistas, apesar de suas boas capacidades técnicas e forças defensivas, simplesmente não parecia mais fazer impacto ao time. Através dessa “exposição”, permitimos (tanto nós, quanto ele) examinar e explorá-lo com o grupo.
Pelo quadro tático, estabelecemos que, ao dar alguns passos a mais tanto para a esquerda quanto para a direita, afastando-se de seu oponente, ele poderia facilmente estar aberto para receber a bola. Este aspecto melhorou a cada jogo e ele voltou a ser útil.
Van Boven usa o quadro tático para estimular o raciocínio dos jovens e potencializar a participação dos mesmos em um ambiente de jogo
Universidade do Futebol – Qual é a real importância das informações táticas aos jogadores em formação?
Van Boven – Eu penso sempre em transferir princípios bastante básicos para os jogadores, algumas coisas fundamentais para o jogo.
Tarefas que envolvem habilidades táticas básicas, como deslocamento, pressão e sair jogando de trás, por exemplo. E, na verdade, com o sub-13, você não deve dar uma sobrecarga de informações táticas: é mais importante se concentrar na técnica.
Os jovens desta idade devem controlar a técnica e uma maior atenção deve ser dada à parte tática quando estes chegarem no sub-15.
Quando me refiro à técnica, eu concentro principalmente os exercícios na recepção da bola, na abertura de espaço com giros, passe e movimentos funcionais para driblar um oponente.
Universidade do Futebol – E como você estimular o “reconhecimento” dos atletas sobre uma proposta da comissão técnica?Van Boven – Durante as sessões de treinamento, eu irei decidir quais os exercícios que vamos fazer e explicá-los ao grupo. Quero que a minha equipe pense sobre o que eu pedi e se perguntem: “o que você pretende atingir com este exercício?”.
Isso vai ajudá-los a entender por que eles estão fazendo certos exercícios e vincular o treinamento para coincidir com as situações reais de jogo.
"Quero que a minha equipe pense sobre o que eu pedi e se perguntem: 'o que você pretende atingir com este exercício?'", argumenta Van Boven
Universidade do Futebol – Quais seriam estes exercícios?
Van Boven – Regularmente, repito durante as sessões de treinamento exercícios de técnica em combinação com o desenvolvimento da visão.
Os jogadores devem usar a sua técnica de forma eficaz, com boa tomada de decisão. Isso é importante, na minha opinião; então, eu tento variar as coisas quando se trata de técnica.
Procuro também recriar principalmente momentos de partidas, de modo que estes se tornem mais fáceis de ser reconhecidos pelos atletas da próxima vez.
Por exemplo, quando treinamos a saída de jogo de trás, eu organizo três zagueiros contra dois atacantes. Isso é um bom exercício para comparar com uma situação real de jogo, quando você está jogando muitas vezes com quatro defensores e três atacantes, diante de uma sobrecarga.
Universidade do Futebol – Todo esse processo é desenvolvido de modo integrado com os demais integrantes da comissão técnica do VV De Meern sub-13?
Van Boven – Para criar esse ambiente seguro e confortável mencionado, me reúno com a equipe de trabalho no início do ano, e decidimos os termos e condições para a próxima temporada.
Antes desse encontro estratégico, eu penso em algumas regras, sobre as quais eu quero falar. Eu escrevo essas regras e discutimos com o grupo. Conversamos por mais ou menos meia hora e debatemos os termos e condições e seus possíveis resultados e consequências.
Como tudo foi estabelecido coletivamente, dando toda a propriedade para a constituição escrita que tem mais valor, é mais provável que seja respeitado e acolhido.
Em processo integrado, Van Boven escreve regras e discute com o grupo. "Conversamos por mais ou menos meia hora e debatemos os termos e condições e seus possíveis resultados e consequências", revela
Universidade do Futebol – Como é o seu comportamento em relação às especificidades de cada jogador?
Van Boven – Como com o início da temporada, constante e reciprocamente revemos algumas situações. Todo mundo é diferente e, portanto, precisa ser tratado de forma diferente.
Através de questionários, perguntamos: “com qual jogador de futebol você deve se comparar? Quais são seus pontos fortes? Que aspectos você ainda pode melhorar? Qual é a sua posição preferida?”.
Nesta temporada, me sentei com os jogadores para uma reunião mais aberta, por volta do período da pausa de inverno, para uma avaliação da equipe. E, em tom de amistoso, de brincadeira, contei-lhes a história do “caminhão”.
Este veículo é, de fato, a equipe, e deve estar se movendo para a frente durante toda a temporada. Isso significa dar passos e desenvolver-se como uma equipe.
Isso acontece mais rapidamente quando há o maior número de pessoas possível que movam o caminhão para a frente e, ao fazê-lo, movemos a equipe para frente.
Além de jogadores que estão puxando o caminhão, há jogadores que estão sentados em cima do caminhão ou estão pendurados por trás dele.
Universidade do Futebol – E como os jogadores entenderam essa lição?
Van Boven – Eu chamei todos à frente, um a um, e deixei-os identificarem-se como uma das três posições em relação ao caminhão: na frente, sobre ele ou por trás dele.
Quando um jogador fica atrás do caminhão, ele sabe que está fazendo a máquina ir mais devagar e um pouco de aceleração extra tem que começar a ser dada; ou então devem estar à frente do caminhão.
Ao confrontar os jogadores desta forma analógica, eles sabem se estão indo bem ou se precisam dar um pouco mais. E se trata de uma metodologia que tem funcionado muito bem.
A vontade de fazer tudo para o outro tem crescido claramente. Quando os resultados são decepcionantes, é fácil para mim motivar o jogador, apenas fazendo referência ao “caminhão”.
Universidade do Futebol – Fale um pouco sobre suas outras funções no clube, bem como os projetos em andamento.
Van Boven – Além das atividades como treinador do sub-13 do VV De Meern, por conta de minha tese, eu trabalhei em três novos projetos dentro do clube.
Participo da organização de uma ação chamada “Dias de talento”, assim como da formação de uma academia de futebol interna.
Também ministrei um curso de formação de treinadores para 10 meninos de 15 anos – todos jogam no próprio clube. Dentro desse curso, eu tentei transferir os princípios básicos que existem em uma sessão de treino e espero que num futuro próximo eles contribuíam para a formação de equipes de jovens do VV De Meern, exatamente como eu mesmo comecei.
Na próxima temporada, vou fazer um estágio nas categorias de base do Sparta Rotterdam. Eu, então, me formarei e poderei me concentrar neste estágio único, recebendo minha certificação do curso de treinadores de Nível 2.
Minhas prioridades são com o sub-15, pois posso me desenvolver um pouco mais no conhecimento tático. Eu sou ambicioso e gostaria de trabalhar nas categorias de base de um clube profissional e, progredindo de lá, para ser treinador de uma equipe principal. Este é o meu sonho.
Exercícios
1- Passe e chute na forma de um Y
Organização
• Coloque quatro cones na organização, como indicado no diagrama
• Certifique-se de que há bolas suficientes. Algumas vezes, uma acidentalmente e chutada para longeProgressão
• Jogador 1 passa para o pé de fora do jogador 2; então, ele pode imediatamente fazer o giro
• Jogador 2 gira e passa para o jogador 3
• Jogador 3 dribla em alta velocidade na direção do jogador 4; quando ele está na metade do caminho, ele passa a bola nos pés do jogador 4
• Jogador 4 junta-se de volta ao fim da fila, alternando esquerda e direitaVariações
• Em vez de receber a bola quando girou, o jogador 2 agora passa diretamente para o jogador 1. Jogador 1 dá um passe diagonal para o jogador 3, que dribla mais
• Um passe extra é incluído. Jogador 1 passa para o jogador 2, que passa de volta para o jogador 1.
• Em seguida, o primeiro jogador dá um passe diagonal para o jogador 3, enquanto o jogador 2 vem atrás do jogador 3 e faz uma tabela. Após a tabela, o jogador 3 dribla mais
• Cada passe (com os jogadores 2, 3 e 4) é seguido por uma combinaçãoExercício 2
1v1 com 2 coringasOrganização
• Jogo em uma área de 10 x 7 metros
• Coringa em ambos os ladosProgressão
• Jogar 1v1
• O jogador de posse pode usar os dois coringas
• Um jogador pode marcar, parando a bola na linha de fundo do adversário
• Após dois minutos, os coringas trocam de posição com os jogadores no meioPontos para o treinador
• Aprender a fazer escolhas, realizar uma ação ou usar a situação de superioridade numérica
• "Executar uma ação" significa: acelerar com a bola, ser criativo com seus movimentos de passe
• "Situação de sobrecarga": passar para os coringas, estar aberto sem a bola, receber com o pé de fora para girar livre ou iniciar uma açãoExercício 3
Pressão no oponente saindo jogando de trásOrganização
• O exercício é realizado na metade de um campo
• A equipe com o goleiro tem sete jogadores; o outro time tem seisProgressão
• Toda vez a equipe sai jogando de trás com o goleiro
• A equipe que defende tenta sair jogando de trás e fazer gol nos “golzinhos” na linha do meio-campo
• A equipe que está pressionando deve se movimentar e voltar com cada atacante. E pressionar com o objetivo de interceptar a bola o mais rapidamente possível para fazer gol no gol grandePontos para o treinador
• Espere concentrado em que lado o goleiro escolhe para sair jogando
• Em seguida, o jogador 11 e 8 devem se movimentar o mais rapidamente possível e deixar o seu oponente direto
• Jogador 9 deve primeiro fechar a linha de passe do jogador 4 para o 3 e depois colocar o jogador 4 sob pressão
• Jogador 10 e jogador 6 vão para a direita, fazendo o campo de jogo pequeno e devem estar “em cima” do seu adversário direto
• Jogador 7 se move na direção do lateral-esquerdo e deve estar “em cima” daquele jogador.
*Tradução: Thales Peterson
Sinopse
"Neste espaço encontra-se reunida uma coletânea dos melhores textos, imagens e gráficos sobre o futebol, criteriosamente selecionados e com o objetivo de contribuir para a informação, pesquisa, conhecimento e divulgação deste esporte, considerando seu aspecto multidisciplinar. A escolha do conteúdo, bem como o aspecto de intertextualidade e/ou dialogismo - em suas diversas abordagens - que possa ser observado, são de responsabilidade do comentarista e analista esportivo Benê Lima."
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sexta-feira, junho 22, 2012
Hidde Van Boven, treinador do sub-13 do VV De Meern
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Benê Lima