Sinopse

"Neste espaço encontra-se reunida uma coletânea dos melhores textos, imagens e gráficos sobre o futebol, criteriosamente selecionados e com o objetivo de contribuir para a informação, pesquisa, conhecimento e divulgação deste esporte, considerando seu aspecto multidisciplinar. A escolha do conteúdo, bem como o aspecto de intertextualidade e/ou dialogismo - em suas diversas abordagens - que possa ser observado, são de responsabilidade do comentarista e analista esportivo Benê Lima."

quinta-feira, setembro 29, 2011

Diferenças reais e imaginárias entre o futebol europeu e o sul-americano

Futebol de hoje é reflexo do mundo globalizado em que já não encontramos diferenças substanciais, distâncias e desconhecimentos como há 30 anos
Maicon Alessandro Pompiani*

 

Quando assistimos ao futebol praticado atualmente em nosso continente, involuntariamente em nossa mente realizamos uma ampla comparação entre o nosso futebol com o jogo praticado do outro lado do oceano. Na disputa das fases finais da última edição da Copa Libertadores da América e da Liga dos Campeões da Europa, sem dúvida nenhuma demonstrou-se em matéria de organização uma esmagadora vitória européia. Agora, se levarmos em conta o jogo propriamente dito, encontramos diferenças muito grandes?

Analisando a opinião de vários especialistas, como treinadores, jornalistas e público em geral, tem-se a resposta de que o futebol europeu possui maior qualidade de jogo e nível técnico pela presença maciça de grandes jogadores de todas as partes do mundo, sustentada pela enorme capacidade econômica das tradicionais equipes daquele continente que se transformaram nos últimos anos em poderosas empresas multinacionais.

Realmente concordo que o poder econômico há muitas décadas dá força ao futebol europeu, mas não vejo muitas diferenças entre o jogo propriamente, pois atualmente a maioria das equipes joga com muita contenção de meio de campo e pouca criatividade e ousadia para atacar o adversário. Ou seja, o futebol se transformou em um jogo de especulação em que se busca evitar erros e a todo o momento explorar o erro do oponente. Isso infelizmente foi visto em muitas seleções na última Copa do Mundo e na pobre edição Argentina da Copa América, quando o medo de perder e a preocupação de atacar e sofrer o contra-ataque tirou o brilho de equipes muito talentosas, como Brasil, Inglaterra, Argentina e Holanda.

A realidade nos presenteia com belas exceções, como o time do Santos, o supercampeão Barcelona e as seleções da Espanha e da Alemanha que provam que jogando com talento, organização e ousadia e possível dominar o assustadoramente mediano futebol atual, aliando também beleza e facilidade.

A maior diferença hoje se encontra no trabalho das categorias de base e na formação de treinadores. Se no passado a América do Sul desenvolvia os novos talentos de maneira espetacular e farta com os exemplos de gigantes, como o Flamengo, o River Plate e o Peñarol, hoje a Europa domina esse segmento com trabalho em longo prazo e qualidade profissional, com os exemplos da base espanhola, que dá frutos desde a medalha de ouro no futebol em Barcelona-92, o trabalho português no início dos anos 90 com trabalho e busca de talentos em todo o território nacional e em colônias portuguesas e, claro, a reconstrução do futebol alemão na década passada, a partir da renovação e criação de centros de futebol em todos os clubes e parques germânicos.

Esse trabalho de base europeu também é fruto da formação rigorosa e profissional de professores em todo o território europeu, ao contrario da realidade “quebra-galho” da maioria das bases de formação dos clubes brasileiros, com profissionais muitas vezes despreparados para a complexa tarefa de formar um atleta e cidadão.

Em relação a treinadores de primeira equipe, vejo um nível mediano entre a maioria dos técnicos do mundo, com hipervalorizarão de treinadores europeus, mas com exceções de nível elevado, como Muricy, Felipão, Marcelo Bielsa, Ramon Diaz, Guss Hiddink e Guardiola, os quais vêm conquistando com muito talento e nível tático muitos títulos nos últimos 15 anos.

Concluindo, o futebol de hoje é um reflexo do mundo globalizado em que já não encontramos diferenças substanciais, distâncias e desconhecimentos como há 30 anos. Ou seja, hoje temos toda a informação fácil e todos jogam de maneira semelhante. Isso é bom ou ruim para o futuro do esporte? Reflitamos!


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Benê Lima