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"Neste espaço encontra-se reunida uma coletânea dos melhores textos, imagens e gráficos sobre o futebol, criteriosamente selecionados e com o objetivo de contribuir para a informação, pesquisa, conhecimento e divulgação deste esporte, considerando seu aspecto multidisciplinar. A escolha do conteúdo, bem como o aspecto de intertextualidade e/ou dialogismo - em suas diversas abordagens - que possa ser observado, são de responsabilidade do comentarista e analista esportivo Benê Lima."

segunda-feira, setembro 19, 2011

O centro do jogo e a organização defensiva

Eduardo Barros
Comportamento da equipe a partir da mudança do centro do jogo é um indicador de qualidade defensiva

Em uma das minhas primeiras colunas, apresentei indicadores de qualidade ofensiva de uma equipe a partir dos comportamentos realizados em função do centro do jogo. Naquele texto, foram descritos os mecanismos individuais e coletivos que favorecem a recusa da inferioridade numérica com consequente busca pela superioridade numérica.



 

Uma vez que para a organização ofensiva as ações coletivas que permitem a obtenção de êxito devem ocorrer possivelmente com maior número de jogadores que o adversário, para as ações defensivas não é diferente. Em oposição à cobertura ofensiva e movimentações para dentro ou fora do centro do jogo, a organização defensiva de uma equipe deve realizar contenção, cobertura defensiva e equilíbrio defensivo, com o objetivo de impedir uma ação ofensiva de qualidade feita pelo oponente.
 

 

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Na coluna desta semana, será feita a discussão destes três mecanismos e, em seguida, algumas identificações de centros do jogo em uma partida do Campeonato Brasileiro 2011.

A contenção é feita pelo oponente direto ao portador da posse de bola e tem como finalidades diminuir em espaço e tempo e ação do adversário, permitindo a recuperação da posse, o atraso da ação ofensiva ou a mudança do centro do jogo para locais de menores riscos.

Como somente a contenção não promove a desejável superioridade numérica, a cobertura é indispensável para manutenção de uma boa organização defensiva, com ação indireta no centro do jogo, que passará a ser direta caso o responsável pela contenção seja ultrapassado.

Quanto mais próximo da zona de risco, mais próxima deve ser a cobertura defensiva.

Já o equilíbrio defensivo, que também deve assegurar a superioridade numérica setorial, é feito pelo(s) atleta(s) responsável(is) pela interpretação da ação de movimentação dentro ou fora do centro do jogo pela equipe que detém a posse de bola. A correta aplicação deste mecanismo defensivo faz com que o adversário não tenha espaços para progressão, que dificulte o recebimento da bola pelos atacantes que executam movimentação em setores livres e de perigo e que a estabilidade no centro do jogo seja
alcançada.



 

A análise do comportamento defensivo de uma equipe em função do centro do jogo possibilita a compreensão de quais são os princípios defensivos da ideia de jogo de um treinador. Nas trocas de passes do adversário, é possível perceber a (re)organização da equipe nos comportamentos funcionais de recuperação/impedir progressão/proteção do alvo. E nessas trocas, pode-se observar quais jogadores fazem contenção, qual a qualidade dessa ação e até a partir de qual região ela se inicia.

Essa análise também pode ser feita em relação à eficácia da obtenção da superioridade numérica no centro do jogo, que, por sua vez, decorre de adequadas coberturas e equilíbrios defensivos ou até mesmo por meio de ataques desordenados à bola, que resultam em espaços vazios para serem explorados pelos adversários.

Durante todo o jogo, ter os jogadores preparados (técnica-tática-física-emocionalmente) para agir no centro do jogo é a chave da vitória.

Há momentos que o centro do jogo está distante de determinado jogador e uma simples flutuação é suficiente para se executar a melhor decisão para a emergência do jogo, porém, há várias situações que o centro do jogo muda tão rapidamente que o milésimo de segundo separa o vencedor do perdedor.

E, nos últimos dias, uma equipe que é soberana nas decisões acertadas no centro do jogo em organização ofensiva e defensiva, não esteve preparada para agir durante os 90 minutos. Num escanteio cedido à equipe adversária, a concentração mental do líder da equipe para uma das últimas ações do jogo, ao invés de centrar-se na proteção coletiva do alvo e possível participação no centro do jogo, foi direcionada para a reclamação com o assistente. O placar do jogo penso que vocês já sabem. A bola não perdoa e os bons também não!

Se o placar do jogo teria sido diferente caso não houvesse a reclamação? Não saberemos nunca! Deve ser por isso que gostamos tanto de futebol...

Para encerrar, acompanhe o comportamento do Santos em função do centro do jogo e faça uma breve análise sobre o processo defensivo desta equipe em algumas ações do jogo contra o Corinthians.
 


 

Tags: Organização, Sistema defensivo, sistema ofensivo, Princípios Operacionais do Jogo, Periodização tática, análise do jogo, Setor Técnico, Santos, corinthians

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