…………...
Editorial..
Elitização irreversível
O Novo PV já alcançou ser um ambiente propício para que possamos apreender o significado do que é a elitização no futebol. Mas, para isso, precisamos aceitar a modalidade futebol como manifestação cultural, e sem dúvida a maior delas entre nós brasileiros. E, partindo do pressuposto de que estejamos todos de acordo com o que propomos como nossa assertiva inicial, fica mais fácil percebermos o quanto é avassalador o processo de globalização em curso e decurso. E o futebol, como regra, se a ele não se posta em decúbito ventral, o faz em decúbito lateral, a fim de poder contemplar o desenrolar desse novo processo civilizatório, mas que também tem de não civilizatório.
Uma tomada do PV, e não só dele como de outras arenas ou meramente praças esportivas que abrigue jogos do Brasileirão Série A, dota-nos de um dos mais cabais argumentos que dão sustentação ao que vimos de afirmar, ou seja, a existência de uma inexorável ação elitista que transforma e emoldura uma nova fotografia da presença de público nos locais dos jogos.
Mas, para quem pensa que as classes menos aquinhoadas desistiram do futebol, enganam-se. Na verdade, elas migraram dos estádios (arenas, praças esportivas) para o futebol na tevê, local em que a espetacularização deste esporte ganha ares e glamour dos eventos de grande porte. Daí, os estádios passarem a refletir muito do ideário capitalista, requerendo hábitos de quem tem mais poder de consumo, em detrimento de seus antigos frequentadores – o povão.
E não adianta continuarmos a nos insurgir contra um processo que já mostrou sua face de irreversibilidade, posto que seu anteparo encontra-se no aspecto insidioso da globalização. Portanto, a nosso ver, a grande questão ligada ao futebol é o que fazer para capitalizar de todos, independentemente de classes sociais. E essa questão passa menos pelos estádios e mais pela assistência (plateia, público) das tevês. Essa generosa fatia de telespectadores, no que pese em media possuir um baixo poder aquisitivo, na verdade engorda é a conta dos proprietários de restaurantes, bares e lanchonetes, pouco ou quase nada deixando nos cofres dos clubes de futebol.
Movimentos de cartões de crédito tomam assento nas arenas esportivas, uma legião de sócio-torcedores assume seus postos como co-provedores destas agremiações, já que a televisão passou a ser a provedora-mor de todos eles.
De tudo isso já se pode tirar algumas conclusões, embora não possamos assegurar o tempo de duração de nenhuma delas. A primeira delas é que a receita dos clubes está em processo de acomodação, mas é fato que a arrecadação dos jogos já não é a principal dessas para a maioria deles. De outra parte, os problemas de comportamento dos torcedores nos estádios foram minimizados, e se mais não o foi é pela remanescência do que chamamos torcida organizada.
.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigado por seu comentário.
Em breve ele será moderado.
Benê Lima