Sinopse

"Neste espaço encontra-se reunida uma coletânea dos melhores textos, imagens e gráficos sobre o futebol, criteriosamente selecionados e com o objetivo de contribuir para a informação, pesquisa, conhecimento e divulgação deste esporte, considerando seu aspecto multidisciplinar. A escolha do conteúdo, bem como o aspecto de intertextualidade e/ou dialogismo - em suas diversas abordagens - que possa ser observado, são de responsabilidade do comentarista e analista esportivo Benê Lima."

domingo, setembro 25, 2011

Jornal Artilheiro - Ano I - Nº6 - Editorial

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Editorial..

 

 

Elitização irreversível

 

 

PV - câmeras

 

 

     O Novo PV já alcançou ser um ambiente propício para que possamos apreender o significado do que é a elitização no futebol. Mas, para isso, precisamos aceitar a modalidade futebol como manifestação cultural, e sem dúvida a maior delas entre nós brasileiros. E, partindo do pressuposto de que estejamos todos de acordo com o que propomos como nossa assertiva inicial, fica mais fácil percebermos o quanto é avassalador o processo de globalização em curso e decurso. E o futebol, como regra, se a ele não se posta em decúbito ventral, o faz em decúbito lateral, a fim de poder contemplar o desenrolar desse novo processo civilizatório, mas que também tem de não civilizatório.

 

     Uma tomada do PV, e não só dele como de outras arenas ou meramente praças esportivas que abrigue jogos do Brasileirão Série A, dota-nos de um dos mais cabais argumentos que dão sustentação ao que vimos de afirmar, ou seja, a existência de uma inexorável ação elitista que transforma e emoldura uma nova fotografia da presença de público nos locais dos jogos.

 

     Mas, para quem pensa que as classes menos aquinhoadas desistiram do futebol, enganam-se. Na verdade, elas migraram dos estádios (arenas, praças esportivas) para o futebol na tevê, local em que a espetacularização deste esporte ganha ares e glamour dos eventos de grande porte. Daí, os estádios passarem a refletir muito do ideário capitalista, requerendo hábitos de quem tem mais poder de consumo, em detrimento de seus antigos frequentadores – o povão.

 

     E não adianta continuarmos a nos insurgir contra um processo que já mostrou sua face de irreversibilidade, posto que seu anteparo encontra-se no aspecto insidioso da globalização. Portanto, a nosso ver, a grande questão ligada ao futebol é o que fazer para capitalizar de todos, independentemente de classes sociais. E essa questão passa menos pelos estádios e mais pela assistência (plateia, público) das tevês. Essa generosa fatia de telespectadores, no que pese em media possuir um baixo poder aquisitivo, na verdade engorda é a conta dos proprietários de restaurantes, bares e lanchonetes, pouco ou quase nada deixando nos cofres dos clubes de futebol.

 

     Movimentos de cartões de crédito tomam assento nas arenas esportivas, uma legião de sócio-torcedores assume seus postos como co-provedores destas agremiações, já que a televisão passou a ser a provedora-mor de todos eles.

 

     De tudo isso já se pode tirar algumas conclusões, embora não possamos assegurar o tempo de duração de nenhuma delas. A primeira delas é que a receita dos clubes está em processo de acomodação, mas é fato que a arrecadação dos jogos já não é a principal dessas para a maioria deles. De outra parte, os problemas de comportamento dos torcedores nos estádios foram minimizados, e se mais não o foi é pela remanescência do que chamamos torcida organizada.

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