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"Neste espaço encontra-se reunida uma coletânea dos melhores textos, imagens e gráficos sobre o futebol, criteriosamente selecionados e com o objetivo de contribuir para a informação, pesquisa, conhecimento e divulgação deste esporte, considerando seu aspecto multidisciplinar. A escolha do conteúdo, bem como o aspecto de intertextualidade e/ou dialogismo - em suas diversas abordagens - que possa ser observado, são de responsabilidade do comentarista e analista esportivo Benê Lima."

sábado, junho 11, 2011

A discussão contra a violência lança mão da filosofia budista

Lama Michel, monge budista brasileiro, faz palestra sobre paz nos estádio

Lama Michel, monge budista brasileiro, faz palestra sobre paz nos estádio

09/06/2011 - 16h25 / Atualizada 09-06-2011

Em São Paulo, até monge budista é arma contra violência nos estádios

Beto Pereira 
De São Paulo

O lama Michel, de 29 anos, pode ser considerado um líder budista 2.0: com a internet e ferramentas digitais interativas, leva conhecimento e prega a paz pelo mundo afora. Fala da paz em vários vídeos do Youtube. E, se você está perguntando porque ele aparece como o personagem principal em uma matéria do UOL Esporte, a resposta é simples: Michel foi convidado pela Secretaria Municipal de Esportes para falar da violência na vida e, principalmente, dos estádios de futebol. A palestra do monge torcedor da seleção brasileira lotou o auditório do museu do futebol, no estádio do Pacaembu, em São Paulo, quarta-feira, à noite.

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“O budismo tem muito a ver com o futebol. Nós, budistas, vivemos o presente. O futebol também. É o lance do momento, o drible necessário e o gol”, disse o monge brasileiro.

A vida do lama Michel foi recortada por decisões momentâneas de grande importância. Aos cinco anos, começou a pensar em estudar muito, ter um bom emprego e ganhar dinheiro. “Tive meus primeiros contatos com o budismo nessa época, mas continuei indo à escola. Era preguiçoso, sempre fui de acordar tarde.Ouvia pessoas reclamando da vida,das carreiras escolhidas, das famílias e fui mudando meu projeto".

No quesito “vencer os obstáculos para atingir os objetivos”, o monge também vê semelhanças entre o futebol e o budismo. “Budismo não é religião, é uma filosofia de vida que busca a felicidade pela harmonia e isso exige trabalho. Aprendi a me levantar cedo no monastério. Aceitei as regras”.

Para ele, essa aceitação das regras do jogo  coletivo, colocando o individualismo em segundo plano, também aproxima o esporte do budismo. “É exatamente como no futebol. É o todo que interessa. Aos 12 anos, decidi que queria ser feliz sendo monge. Mas o regulamento é duro. Um dia tive de me levantar no meio da madrugada para a primeira cerimônia. No meio do dia, fiquei feliz porque tinha feito o que não gostava (acordar cedo) em nome do grupo.”

Na opinião do lama Michel, que chocou a família quando decidiu que não iria concluir o ensino fundamental, nos anos 90, para estudar budismo, a força individual vem de casa, vem da vida. A violência, também. “Por medo de alguma coisa nos tornamos violentos. E a base para essa decisão é nosso ego frágil. A violência no esporte é reflexo de uma vida fora do campo. Se somos bons em casa, porque somos violentos nos estádios?”

Mestre da harmonização, o lama Michel não tem medo da autocrítica quando se lembra de sua iniciação no futebol: “Como brasileiro,  joguei futebol, sim. Mas nunca torci para ninguém. Nunca entendi como e por que as pessoas torciam para um time. Só torço para a seleção brasileira.”

O futebol era esporte de massa no monastério de quatro mil aprendizes budistas. A grande surpresa para Michel foi revelada por um velho mestre: “Entrei em um quarto à procura de meu mestre e ele estava com a televisão ligada, torcendo fervorosamente para um time. O jogo de bola era tão forte entre os monges que chegou a ser proibido porque estava prejudicando nossa rotina de cerimônias. Além disso, havia apostas em dinheiro entre os quatro  mil internos", lembrou o lama Michel, rindo.

O monge budista  falou também que o esporte, por sua dimensão  mundial, “deve servir de plataforma para propagação da paz e da boa saúde.”

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