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"Neste espaço encontra-se reunida uma coletânea dos melhores textos, imagens e gráficos sobre o futebol, criteriosamente selecionados e com o objetivo de contribuir para a informação, pesquisa, conhecimento e divulgação deste esporte, considerando seu aspecto multidisciplinar. A escolha do conteúdo, bem como o aspecto de intertextualidade e/ou dialogismo - em suas diversas abordagens - que possa ser observado, são de responsabilidade do comentarista e analista esportivo Benê Lima."

quinta-feira, junho 02, 2011

Scout do jogo: Cerro Porteño 3 x 3 Santos

Equipe paraguaia vê desclassificação iminente após gol sofrido nos primeiros minutos, mas eleva porcentagem de posse de bola e número de passes; Neymar é destaque em finalizações certeiras
Equipe Universidade do Futebol

No Pacaembu, na semana passada, o Santos havia construído uma vantagem mínima diante do Cerro Porteño, mas bastante valorosa pelo fato de não ter sofrido gols como mandante. Diante dessa regra qualitativa, e aproveitando-se de bobeada do sistema defensivo paraguaio e do goleiro Barreto, Zé Eduardo (após cruzamento de Elano) ampliou ainda mais a diferença dos brasileiros no duelo de volta, realizado nesta quarta-feira, em Assunção. Marcar logo aos 2min do primeiro tempo, além de diminuir o ânimo da torcida presente em grande número no estádio Pablo Rojas, representou a tranquilidade de que os comandados de Muricy Ramalho necessitavam na semifinal da Copa Libertadores da América.

Os santistas encaminharam a classificação ainda antes do intervalo explorando dois contragolpes com Neymar, o primeiro protagonizado pelo zagueiro Benítez e o goleiro Barreto em um lance ridículo. Já nos acréscimos, o jovem talento da Baixada se movimentou na diagonal esquerda, recebeu passe de Arouca, fintou um defensor e bateu firme – ao todo, o camisa 11 finalizou três bolas com precisão. Além do gol, acertou a trave na etapa final.




Fluxograma de passes no segundo tempo indica referência ao camisa 11, Neymar: somente no período, recebeu oito bolas 

 

Montado em um 1-4-2-3-1, um pouco desorganizado até, em se considerando o momento inicial adverso do Cerro, a equipe brasileira tinha problemas na transição ofensiva. Sem Ganso, principal armador pelo centro, e Alan Patrick, substituto com características de ponta de lança em um losango, o treinador desfez essa geometria no setor.

Adriano era o volante mais fixo, à frente da última linha defensiva, com Elano mais aberto pela direita, Arouca centralizado e Danilo pela esquerda. No mesmo lado, Neymar aparecia com liberdade e mais à frente, sendo o jogador responsável pelas arrancadas e pela parceria com Zé Eduardo.

Um pouco sobrecarregado, o camisa 15 não conseguia conferir a cobertura necessária para os laterais, que pouco apoiaram – Jonathan, por lesão muscular, não completou nem 45 minutos de jogo. E na segunda etapa, o recuo excessivo e o sufoco nas bolas aéreas tornaram possível o empate dos paraguaios.

Iturbe e Lucero, que começaram no banco, tinham liberdade pelas alas, e Fabbro, Júlio dos Santos e Cáceres ganharam força do meio-campo para a frente. Bareiro (e depois Nanni) foi a referência na área para os diversos lançamentos que incomodavam Dracena, Durval e especialmente o goleiro Rafael, em noite especial.




Gráfico indica ápice da pressão dos paraguaios: nos últimos 10 minutos, foram mais de 18 ações ofensivas

 

Ao todo, o Cerro teve 281 passes certos, entre toques diretos, lançamentos e cruzamentos. Em relação apenas ao último quesito, foram impressionantes 48 bolas cruzadas – 32 delas de maneira errada. No primeiro tempo ainda, porém, César Benítez já havia descontado de cabeça.

Com garra e impulsionado pelo público, o Cerro do treinador argentino Leonardo Astrada se lançou à frente com quatro atacantes e marcou com Lucero e Fabbro, criando ainda diveras chances até para conquistar a improvável classificação. Mas o Santos se segurou e decidirá mais uma vez em sua história a Libertadores, em busca do tricampeonato continental.

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Benê Lima