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"Neste espaço encontra-se reunida uma coletânea dos melhores textos, imagens e gráficos sobre o futebol, criteriosamente selecionados e com o objetivo de contribuir para a informação, pesquisa, conhecimento e divulgação deste esporte, considerando seu aspecto multidisciplinar. A escolha do conteúdo, bem como o aspecto de intertextualidade e/ou dialogismo - em suas diversas abordagens - que possa ser observado, são de responsabilidade do comentarista e analista esportivo Benê Lima."

terça-feira, junho 07, 2011

Coritiba funda modelo de gestão baseado fora do futebol

Coritiba vira multinacional para acabar com amadorismo e se colocar entre os maiores do Brasil

por Lucas Borges, de Curitiba (PR), para o ESPN.com.br

A princípio, a história do Coritiba pode se parecer com a de outros tantos grandes clubes do futebol brasileiro que chegam ao fundo do poço e caem para a segunda divisão. Em seguida, reformulam seu elencos, dão a volta por cima e retornam à elite.

Só que a reformulação do clube paranaense é mais complexa e seu projeto, mais ousado. Desde que o time perdeu do Fluminense na última rodada do Campeonato Brasileiro de 2009 e centenas de torcedores revoltados com o rebaixamento invadiram o gramado do Couto Pereira para protagonizar uma batalha campal com a polícia, o Coritiba tem se transformado em uma multinacional com a missão de levar o clube ao grupo dos seis maiores do Brasil


"Assumi em janeiro de 2010 depois do lamentável caso ocorrido em 6 de dezembro", diz ao ESPN.com.br o vice-presidente de futebol e homem-forte do clube, Vilson Ribeiro de Andrade, lembrando com precisão a data que parece ser um marco na história alviverde.

"Como funcionário de multinacional que fui por 40 anos, reuni um grupo de empresários e mostrei o clube a eles. Antes disso, diversos esportistas se recusaram a assumir o Coritiba, que estava na Série B, havia perdido 30 mandos de jogos e tinha recebido uma multa de R$ 300 mil", conta o dirigente 'de primeira viagem', coxa-branca fanático, pecuarista e dono de um escritório de advocacia.

Vilson Ribeiro de Andrade, homem forte do Coritiba

Vilson Ribeiro de Andrade, homem forte do Coritiba


A mudança foi total. Profissionais das mais diferentes áreas, de médicos a presidentes de seguradoras, foram levados ao Coritiba, que passou a ser gerenciado de uma nova forma. Hoje, um grupo de nove conselheiros não-remunerados forma o G-9, uma espécie de conselho de administração.

Um outro grupo, esse formado por empregados assalariados, executa o trabalho. "São profissionais do mercado, contratados e que têm seus currículos avaliados e metas a cumprir. Temos ex-diretores de quase todas as multi-nacionais: HSBC, Volvo. São normalmente pessoas que se aposentaram em suas profissões. Claro que o clube não tem condição de pagar um salário que se equipare ao de uma multi-nacional", explica Ribeiro de Andrade.

Todas essas pessoas têm um ponto em comum: nenhum deles possui experiência no mundo do futebol. Segundo o vice do Coritiba, um ponto positivo. "Quanto mais você acha que entende de futebol, pior é. Tem que inovar e sair desse círculo vicioso da malandragem do Brasil. Por isso o Brasil não ganha mais nada." 

"Os dirigentes são passionais e têm uma visão muito curta. Você tem que amar seu clube, mas tem que ter equilíbrio. Se você envolve a paixão, destroi seu clube, pela melhor intenção que tiver."

Os resultados da nova gestão já começam a aparecer, garante o dirigente. O número de sócios do clube passou de cerca de 2 mil na época do rebaixamento, para mais de 30 mil atualmente. O Coritiba ainda comemora por ter levado de volta aos estádios as famílias. Obras para modernização do Centro de Treinamento e da estrutura das categorias de base estão nos planos.

Não bastava, é claro, mudar as coisas somente fora dos gramados. Com a verba arrecada dos sócios, dos direitos de TV, de patrocínio da camisa, merchandising e estruturas de placas de estádio - Ribeiro de Andrade diz que dinheiro de dirigente não entra no Couto Pereira -, o Coritiba foi atrás de um elenco com perfil específico. 

"Os jogadores que não estavam com a cabeça aqui, deixamos ir embora. E só contratamos atletas depois de analisarmos por um ano o comportamento dentro e fora de campo", diz o vice-presidente, que destaca a importância do ex-técnico Ney Franco, mantido no cargo mesmo após o rebaixamento, e também do atual treinador, Marcelo Oliveira, no sucesso da equipe.

Por mais que o clube tenha se planejado, porém, o desempenho deste início de ano surpreendeu até os próprios dirigentes. Depois de vencer a Série B e o Estadual ano passado, em 2011 o time conquistou o bi Paranaense de forma invicta, chegou a vencer 24 partidas consecutivas somando os jogos da Copa do Brasil e virou finalista do torneio nacional. Nada mau para quem assumiu pensando em um projeto de cinco anos.

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Benê Lima