Sinopse

"Neste espaço encontra-se reunida uma coletânea dos melhores textos, imagens e gráficos sobre o futebol, criteriosamente selecionados e com o objetivo de contribuir para a informação, pesquisa, conhecimento e divulgação deste esporte, considerando seu aspecto multidisciplinar. A escolha do conteúdo, bem como o aspecto de intertextualidade e/ou dialogismo - em suas diversas abordagens - que possa ser observado, são de responsabilidade do comentarista e analista esportivo Benê Lima."

quinta-feira, junho 30, 2011

A estreia da seleção feminina de futebol na Copa do Mundo da Alemanha 2011

Equipe joga, Rosana brilha, e ex-treinador da seleção norte-americana ‘critica’ desempenho brasileiro em transmissão de TV
Márcia Oliveira*

Como esperado para o primeiro jogo na competição internacional, a seleção brasileira venceu por 1 a 0 a Austrália. O Brasil nunca perdeu em estreias em Mundiais e chegou ao saldo de cinco vitórias, nenhuma derrota e nenhum empate nestas condições.

Comentaristas destacaram o esforço de todo o time, um esforço coletivo, mas o diferencial ficou no individual. O Brasil sem dúvida nenhuma foi mais time que o adversário nos seus valores e experiências. A Austrália não tem tamanha expressão em Mundiais e apesar de criar mais oportunidades e ter mais posse de bola (52%), não teve habilidades refinadas como jogadoras do Brasil, em especial neste jogo, Rosana.




Rosana em ação: toque brilhante e chute de esquerda no único gol do Brasil contra a Austrália

 

Nesta primeira rodada, as seleções com expressão e favoritismo, como Alemanha e Estados Unidos, tiveram apresentações “mornas”, mas mostrando uma capacidade de evolução que vai se desenvolver ao longo da competição. O placar em todos os jogos tem sido modesto, não mais de 2 a 0 e com diferencial de apenas um gol.

Para técnicos na Alemanha e nos Estados Unidos, o “resto do mundo” está se igualando às “potências”, referindo-se aos placares baixos. Será? Ou será que o futebol feminino, em geral, das seleções tem se elevado a uma condição mais balanceada de nível técnico e tático com grande evolução, sem deixar a desejar as atuações da Copa do Mundo masculina? Até a Colômbia, a segunda seleção com idade média mais nova e estreante no Mundial, mostrou uma boa condição tática e técnica com o treinador Rozo e o suporte do esporte no país pela sua confederação. O México também está jogando de igual para igual, como no jogo contra a Inglaterra.

As críticas foram constantes contra o técnico do Brasil, Kleiton Lima, em transmissão do jogo pelo comentarista Tony DiCicco, da ESPN (ex-técnico dos EUA, campeão olímpico e mundial, atual comandante do Boston Breakers, da Liga Profissional dos Eua). Ele não poupou observações durante o jogo do Brasil contra a Austrália.

Segundo os dados sobre o treinador atual do Brasil, Lima, declarou ter sido “olheiro” do Parreira para a seleção masculina, mas “parecia não ter aprendido nada, pois a seleção feminina não tinha uma funcionalidade correta e efetiva no sistema 3-4-3 e desapontava profundamente”, disse.

Além disso, DiCicco disse que “o sistema do técnico não explora boas condições para Marta”. DiCicco, sempre “estudioso” do time do Brasil, em uma ocasião foi pego sem autorização assistindo ao treino fechado da seleção nos EUA em 2008.

Ele não poupa avaliações e críticas: comparou o Brasil de hoje ao de 2004, 2007 e 2008. Ele ultimamente tem sido responsável pela renovação dos EUA. Também ganhou o Campeonato Mundial sub-20 com os Estados Unidos no Mundial da Fifa no Chile em 2008.

A seleção norte-americana, dirigida pela técnica Pia Sundhage, teve momentos problemáticos dentro e fora do jogo. A quase veterana Rapinoe foi substituída de última hora por Cheney causando mal estar entre as jogadoras e fãs. Cheney, por sua vez, teve performance marcante, criando mais oportunidades de ataque para os EUA e marcando o primeiro gol da vitoria por 2 a 0 sobre a disciplinada Coréia do Norte (o time mais novo do Mundial, com 11 jogadoras com menos de 20 anos).

O primeiro tempo ainda não mostrava o potencial esperado, mas a performance se consolidou no segundo tempo com uma consistência da filosofia de jogo da treinadora. Mesmo assim, os EUA mostram grandes problemas na cabeça da área, função em que parece não ter muita atenção e esforço da Shannon Boxx.

A Coréia do Norte se aproveitou de diversas oportunidades naquela área. E os EUA acrescentaram as opções de ataque com Cheney – e ainda veteranas como Wambach e Lloyd devem se encaixar melhor à equipe ao longo da competição. Amy Rodriguez é outra força pelas suas condições atlética e técnica apuradas.




Cheney, estreante, marca o primeiro gol dos EUA no Mundial

 

A anfitriã Alemanha teve seus altos e baixos durante a partida inteira na estreia contra o Canada, quando ganhou por 2 a 1. Foi dominante em seu sistema e filosofia aplicados em “pressing system”, limitando o adversário e recuperando a bola com facilidade, explorando o meio da defesa com constante rotações entre a veterana Prinz e uma das revelações do time, Celia Mbabi.

Garefrekes e Mbabi fizeram a diferença e marcaram para a Alemanha. Em bola parada com boa atuação da veterana Sinclair, o Canadá diminuiu. Um dos problemas que a Alemanha possa ter é dentro do próprio time: a atacante substituta Popp contra a Prinz.

Popp tem sido uma revelação para a Alemanha e tem brilhado muito mais que Prinz. Ela só entrou no segundo tempo, mas criou muito mais situações de perigo que a titular Prinz – esta pode estar sentindo o “reinado” dela na seleção da Alemanha terminar.




Celia Mbabi, da Alemanha, marcou o segundo gol do jogo contra o Canadá

 

Em geral, é precipitado afirmar a direção que uma Copa do Mundo pode ter só na primeira rodada e em primeiros jogos das seleções. Há os fatores estreia, nervosismo, adaptação, e o “scouting” que só está começando.

Vamos acompanhar e ver a história que a competição contará. Com certeza, esta Copa vai dar o impulso maior para o futebol feminino no mundo. Times, federações, diretores e agentes estão sendo motivados e cobrados com o exemplo do país sede em levar mais a sério esse esporte mundial. Diga-se de passagem, o público presente no jogo de abertura entre Alemanha e Canadá foi de mais de 75 mil pagantes...

Até a próxima, “Auf wiedersehen”!
 

*Márcia Oliveira é treinadora de futebol nos Estados Unidos. Conheça mais as ideias dela clicando aqui.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigado por seu comentário.
Em breve ele será moderado.
Benê Lima