Sinopse

"Neste espaço encontra-se reunida uma coletânea dos melhores textos, imagens e gráficos sobre o futebol, criteriosamente selecionados e com o objetivo de contribuir para a informação, pesquisa, conhecimento e divulgação deste esporte, considerando seu aspecto multidisciplinar. A escolha do conteúdo, bem como o aspecto de intertextualidade e/ou dialogismo - em suas diversas abordagens - que possa ser observado, são de responsabilidade do comentarista e analista esportivo Benê Lima."

quinta-feira, abril 14, 2011

Jornalismo] Fábio Campos mostra que não precisa ser especializado para ser lúcido

Fortaleza e o novo PV

A gestão de grandes praças esportivas precisa deixar de ser preocupação do setor público

 

 

 

 

O novo estádio Presidente Vargas é um bom exemplo de uma parceria profícua entre a Prefeitura de Fortaleza e o Governo do Ceará. Boa parte dos recursos para a modernização do estádio veio dos cofres estaduais. A obra começou no final de dezembro de 2009. Portanto, há um ano e quatro meses. Pela dimensão da reforma, um tempo razoável em se tratando de construções públicas. Quem visita a obra gosta muito do que vê. É evidente que, ao longo de seu uso, muitos ajustes e adequações serão necessários. Uma pena que a maior parte da mídia se paute pelo velho vício de expor somente os defeitos esquecendo-se das virtudes. O velho PV, cuja entrada principal (felizmente preservada e restaurada) é a cara da arquitetura da era Vargas, é um dos recantos mais queridos de Fortaleza. Do jeito que vai ficar o PV não pode servir apenas como um palco de partidas de futebol. A reforma deu ao estádio o conforto necessário para que PV seja um grande e muito bem localizado espaço de eventos da cidade. Shows, por exemplo (No Rio, Paul McCartney se apresentará no Engenhão). Hoje, isso se faz sem prejuízos para o gramado.


 

POR UMA GESTÃO PROFISSIONAL

Por essas e por outras que o Presidente Vargas não pode ser administrado da maneira tradicional. O pior caminho é ele se manter como um mero equipamento público gerido por um cargo de confiança indicado por uma força política aliada do prefeito(a) de plantão. Assim como inteligentemente será o Castelão, o melhor caminho é criar as condições para que o PV seja gerido por profissionais capazes de transformar o querido estádio em um espaço multiuso. É uma forma inteligente também de dar sustentabilidade econômico-financeira à sua existência. Não há sentido hoje em o contribuinte pagar pela manutenção do PV, que será um espaço privilegiado (e caro) para a realização de eventos comerciais (inclua-se aí o futebol). Por essas e por outras, é assustadora a informação de que há muita pressão para que a Prefeitura nomeie o pai de um vereador que possui ligações com um time de futebol profissional da cidade para administrar o estádio (a Coluna ainda certifica-se do nome). Prefeita, pela cidade, mantenha o novo PV bem longe da politicagem. Profissionalize a sua gestão.

 

HISTÓRICO DE DESORDEM

São outros os tempos. Não há mais sentido em mantermos praças esportivas para eventos profissionais sustentadas pelo setor público. A economia do Brasil e do Ceará já permite que a iniciativa privada tome conta desses espaços e paguem ao setor público pelo seu uso. Como a economia e o mercado cresceram muito, a gestão de grandes praças esportivas precisa deixar de ser uma preocupação do setor público. Não se trata de privatizar. Longe disso. Trata-se de fazer com que o estádio seja gerido de forma profissional. É grande desperdício servidores públicos como fiscais de roletas. A saída pode ser a mesma usada na gestão do Centro Cultural Dragão do Mar. Lá, uma organização social gere o equipamento. Quem conheceu o velho PV sabe como as coisas aconteciam por ali. Desordem. Muitos se achavam donos do estádio. Muitos se recusavam a pagar ingressos. Havia donos de cadeiras. Na entrada principal, havia sempre uma vergonhosa fila da turma que não pagava ingresso. Muitos rostos bem conhecidos.

 

HISTÓRICO DE DESORDEM

O futebol e os esportes de massa são grandes negócios globais. Não é coisa para amadores. Estes estão sendo enxotados do ramo. Na gestão dos grandes equipamentos esportivos deve ser assim também. Sugiro aos leitores que entrem no site de um estádio (ou ginásio) europeu ou norte-americano. Lá já está toda a programação do espaço por pelo menos dois anos. No próprio site, em qualquer lugar do mundo, com um cartão de crédito nas mãos, compra-se uma entrada para um evento, que pode ser esportivo, show business ou cultural. Seus gestores são homens de negócios. A venda de mídia interna é outra forma de financiar a manutenção dos equipamentos. A exploração de bares e lanchonetes, limpos e profissionais, é outro filão a ser explorado. Não é coisa para amadores. Sem isso, ficam rapidamente sucateados e se tornam portentosos e vorazes ralos por onde escoam o dinheiro do contribuinte. O mesmo vale para equipamentos como o Centro de Feiras (ExpoCeará), que certamente receberá o tratamento adequado do Governo do Estado.

 

Fábio Campos
fabiocampos@opovo.com.br

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