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"Neste espaço encontra-se reunida uma coletânea dos melhores textos, imagens e gráficos sobre o futebol, criteriosamente selecionados e com o objetivo de contribuir para a informação, pesquisa, conhecimento e divulgação deste esporte, considerando seu aspecto multidisciplinar. A escolha do conteúdo, bem como o aspecto de intertextualidade e/ou dialogismo - em suas diversas abordagens - que possa ser observado, são de responsabilidade do comentarista e analista esportivo Benê Lima."

domingo, janeiro 27, 2013

Fatiado por 4 torcidas, 1º estádio da Copa-14 reabre com teste de segurança

ELIANO JORGE
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

2014Dificilmente o estádio Castelão, em Fortaleza, terá na próxima Copa do Mundo um desafio tão grande em relação ao esquema de segurança quanto na sua reinauguração, neste domingo.

A primeira arena do Mundial-2014 a ficar pronta será reaberta com dois clássicos nordestinos, muita rivalidade entre torcidas e a presença de governadores e do secretário geral da Fifa, Jérôme Valcke.

Às 17h de Brasília, jogam Fortaleza e Sport na preliminar de Ceará x Bahia, pela terceira rodada da Copa do Nordeste. Foram colocados à venda 55 mil ingressos para os 64.846 lugares.

Mil policiais militares trabalharão no estádio, nas cercanias e nas vias de acesso. O planejamento inclui 500 seguranças da própria arena, 240 câmeras, 80 guardas municipais, 110 agentes de trânsito e um posto de delegacia da Polícia Civil. Policiais federais protegerão as autoridades.

Preparativos para Copa de 2014 - Fortaleza

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Danilo Verpa-03.fev.2012/Folhapress
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Operários trabalham na reforma do estádio Castelão, em Fortaleza

Um dos maiores riscos levados em consideração foi a presença de torcidas organizadas dos quatro clubes que são rivais entre si. As arquibancadas serão fatiadas por cordões de isolamento.

"É um grande exercício para ações de planejamento e mobilidade, para unidades específicas. Para mensurar o quanto estamos preparados", avalia o comandante do policiamento de eventos, major George. Ele acredita que a Copa terá missões mais fáceis.

Pressionadas pela Polícia Militar e pelo Ministério Público Estadual para assumirem o ônus de eventuais brigas, todas as organizadas locais prometeram não comparecer ao Castelão e recomendaram a seus integrantes que não vão vestidos com os uniformes delas.

"Eles querem se eximir de qualquer responsabilidade", diz o comandante de policiamento da capital interino, tenente-coronel Furtado. "A gente supõe que eles vão para os mesmos lugares de antes, mas sem bandeiras e charangas, que atraem muita torcida".

"São quatro torcidas rivais entre si", avisam os presidentes da Torcida Uniformizada do Fortaleza (TUF), Eliézio Sousa, e da Cearamor, Jeysivan Santos, se referindo também à Jovem do Sport e à Bamor, do Bahia.

"É uma confusão grande. Se elas se encontrarem, a polícia não controla não", diz Sousa. "Lá fora do estádio tem muito entulho, pedaço de pau", acrescenta sobre as obras inacabadas do entorno.

A Jovem confirmou caravana com seis ônibus. A Bamor cancelou a sua, justificando-se com a proibição do uso de faixas, bandeiras e instrumentos musiciais, mas outras torcidas baianas anunciaram a viagem à capital cearense.

Editoria de Arte/Editoria de Arte/Folhapress

Torcedores de Ceará e Sport são orientados a chegar ao Castelão por vias diferentes das usadas por seguidores de Fortaleza e Bahia.

As organizadas visitantes serão escoltadas pela PM a caminho do estádio. Bahia e Sport terão duas áreas de 700 lugares no anel superior, embora sejam esperados menos de 500 torcedores de cada um deles.

"Eles não estão preocupadas com punição [por causa de infrações]", afirma Sousa, da TUF, que ficou proibida de ir a jogos durante três meses em 2012.

Foram convidados a participar do esquema de segurança PMs da Bahia e de Pernambuco --com suas fardas habituais-- acostumados a lidar com as organizadas de seus Estados. "Os torcedores serão reconhecidos e responsabilizados [em caso de confusão]", explica o major George.

Os líderes de Cearamor e TUF contam que preferiam um clássico para a reinauguração e rejeitam a rodada dupla. "Não nos ouviram", alegam.

"Para mim, é melhor não ser Fortaleza x Ceará. As torcidas chegarão em horários diferentes. Seria um problema grande se elas estivessem se movimentando juntas pela cidade", argumenta Furtado.

Os confrontos entre torcedores organizados no Ceará têm ocorrido a caminho dos estádios ou na volta. A combinação de confrontos também é fiscalizada. "Temos pessoal monitorando redes sociais", afirma o tenente-coronel.

Torcedores do Fortaleza depredaram o estádio Presidente Vargas, frustrados com a desclassificação do time na Série C, em novembro.

"Vai ser uma novidade total no Brasil, num estádio nos moldes que a Fifa quer. Vai ser um teste para o policiamento os próximos eventos", destaca Furtado. "Estamos preocupados porque não sabemos como vai ser a dinâmica da segurança, se vai conseguir impedir invasões de torcedores. Antes havia um fosso, agora [a arquibancada] é bem pertinho do campo, como nos estádios que a gente vê na TV".

Cerca de 30 agentes se posicionarão ao redor do gramado, preparados para interceptar invasores.

PREÇOS

O sonho inicial da organização do evento era reabrir o Castelão com a seleção brasileira.

Por falta de data, não se optou por um clássico entre Ceará e Fortaleza, que só se enfrentam pelo Estadual após a Copa do Nordeste. Para não excluir da festa uma das duas torcidas, recorreu-se à rodada dupla.

Com exceção da meia-entrada de R$ 25, o ingresso mais barato custa R$ 50. "Estão querendo elitizar [o futebol] na marra. O povão queria ver o estádio novo", critica Jeysivan Santos, da Cearamor.

Evaristo Sa-10.dez.12/AFP
Visão geral do Castelão, o primeiro estádio da Copa-2014 a ser reinaugurado
Visão geral do Castelão, o primeiro estádio da Copa-2014 a ser reinaugurado

Entregue em 16 de dezembro depois de reforma, o Castelão sediará três partidas da Copa das Confederações deste ano e seis do Mundial-2014, com pelo menos um jogo da seleção brasileira em cada competição. As obras consumiram R$ 518,6 milhões.

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Benê Lima