Sinopse

"Neste espaço encontra-se reunida uma coletânea dos melhores textos, imagens e gráficos sobre o futebol, criteriosamente selecionados e com o objetivo de contribuir para a informação, pesquisa, conhecimento e divulgação deste esporte, considerando seu aspecto multidisciplinar. A escolha do conteúdo, bem como o aspecto de intertextualidade e/ou dialogismo - em suas diversas abordagens - que possa ser observado, são de responsabilidade do comentarista e analista esportivo Benê Lima."

domingo, janeiro 20, 2013

O fim do emprego. Estamos preparados para isso?

por Guilherme Lito

Restaurante com robôs

Queridos leitores, estou confuso e gostaria da sua opinião. No domingo li num post que inauguraram na China um restaurante que conta com 20 robôs, tanto garçons quanto chefs. Eles estão preparados para cozinhar “ravioli chinês, preparar massas, fritar verduras, entregar pedidos, levar menus de pratos e bebidas e dar as boas-vindas aos clientes, entre outras funções.”

Lançar iPad 5, turismo em outros planetas e, nesse caso, restaurantes com robôs é uma prova clara de evolução tecnológica. O que reparei há um tempo é que nem sempre podemos concluir que evoluções tecnológicas são, necessariamente, evoluções da humanidade. Se pensamos assim, caimos na antiga armadilha do “novo=bom”, o que pode nos fazer olhar para trás daqui a alguns anos e dizer: erramos, precisamos voltar atrás.

Vamos repensar como fazemos negócios

Há mais ou menos 2 meses, Frederico Pistono, um jovem italiano, veio ao Brasil falar justamente sobre esse assunto. Autor do livro “Robots will steal your job but that’s ok: how to survive the economic collapse and be happy“ (Robôs vão roubar seu emprego, mas tudo bem: como sobreviver o colapso econômico e ser feliz), Federico assume que a esse é apenas o início. Em breve, todos teremos robôs para limpar nossas casas, lavar nossas roupas e, por que não, acordar nossos filhos e preparar-lhes café da manhã..

Pare e pense, como você se sente sobre isso?

ATÉ ONDE VAI A EVOLUÇÃO?

A Matrix existe

Guarde esse pensamento e vamos para o outro extremo. Lembra-se de “The Matrix“? Normalmente lembramos do Neo dando porrada no(s) Smith(s), mas é claro que os irmãos Wachowski não fariam uma história sem sal desse jeito. Para os que lembram com mais detalhe do filme e (em especial) aos que viram Animatrix, sabem que a história é mais ou menos assim:

. Em 2090, quando robôs já haviam substituido os homens na maioria das tarefas, o android doméstico B1-66ER mata seu patrão e se defende dizendo que foi em defesa própria, dizendo que ele “simplesmente não queria morrer”. Defendendo que robôs não tem os mesmos direitos dos humanos, ele foi condenado a ser desativado (quem quiser ler mais sobre veja o Matrix Comics aqui).

. Começaram movimentos em prol dos direitos do robôs que, ao escalar para grandes distúrbios em cidades acabou levando as lideranças mundiais a programarem a destrução de todas as máquinas humanóides… Eles quase conseguiram.

. As máquinas que sobraram criaram uma pequena nação chamada Zero Um que era muito mais eficente do que a nossa. Em pouco tempo, cresceram muito e após um bloqueio econômico que os desestabilizou, as Nações Unidas enviaram um bombardeio nuclear sobre Zero Um. Aí é que a guerra estancou mesmo.

. Em resumo, a situação piorou até mandarem a gota d’agua: a “Operação Trovoada Negra”, que distribuiu uma nuvem de fumaça no céu, acabando com a energia solar das máquinas. Da mesma forma as máquinas conseguiram vencer, e devido à falta de energia do sol, resolveram usar os humanos como fonte de energia. Fizeram então grandes plantações de humanos, de quem se alimentam enquanto rodam o programa “The Matrix” (aquele onde o Neo está dando porrada no(s) Smith(s)). Olha algumas mudas da plantação abaixo…

the-matrix

Essa história não é nova, no ótimo filme BladeRunner, também vemos uma situação semelhante, só que a ideia era exportar as máquinas-empregadas para outros planetas… até que eles decidiram pensar e agir por vontade própria.

E agora, o que você sente dos robôs de garçom? Querem ver eles falando várias frases de boas vindas, ou melhor, sabendo exatamente quem você é e já pedindo seu prato preferido?

Vamos seguir, sem terrorismo! :)  

COMO EVOLUIR?

Ou seja, queremos robôs fabricando carro e ajudando nas fazendas? Claro! Garçons e chefs? Legal. Motoristas e médicos (olha que nossa amiga máquina Metabolimx já quer dar diagnóstico de doença para pacientes humanos “com apenas uma sopradinha” e “seu histórico”!) Bacana. Cuidando dos nossos filhos? Gerentes ou presidentes de grandes corporações e órgãos? Quais as consequencias de tudo isso? Segundo o ótimo documentário Zeitgeist, com a tecnologia que temos hoje, apenas 2 a 5% (não lembro ao certo o número) das pessoas do mundo precisariam trabalhar para suprir o mundo todo com tudo o que é necessário. Só quem nos segura são cartéis, proteções antiquadas para “proteger economias de países” e outras coisas do velho mundo.

A questão é: estamos prontos (não só em termos egóicos, mas estruturais e sociais) para entregar o comando intelectual e funcional do mundo para nossas criações? Há limite no desempenho que elas terão? Elas ao sentir, falar, pensar, tem direitos e deveres como nós?

Não estaríamos nós, como sociedade, numa situação parecida de uma criança de 16 anos que está entrando numa Ferrari numa autoban sem saber exatamente as consequencias disso? Se já assumimos que nem sabemos se queremos democracia e que definitivamente a democracia que temos não é democrática, se nem os economistas sabem mais o que está acontecendo no nosso sistema financeiro, se o sistema governamental está em uma situação de total discrédito e, quando não podemos confiar mais nem nos empresários, muito menos nos assistencialistas e demais sistemas de apoio, vamos introduzir uma ferramenta que acelera a direção para qual vamos?

Uma última pergunta, que nem meu estômago nem minha visão de mundo permitem que eu deixe de fora: mesmo se acertássemos todos os ponteiros e fizéssemos disso de fato uma evolução em que o final fosse, em tese, feliz, você gostaria de comer algo feito por um robô, sem o ingrediente especial da vovó que é o amor? Qual massa (leia-se mundo) você prefere?

Robo chef

Comida da avó

 

E quem vai botar seu filho para dormir? Qual o limite pra isso tudo???

-

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigado por seu comentário.
Em breve ele será moderado.
Benê Lima